10 agosto 2009

Uma análise da crise do Senado

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
O Dossiê

Quem acompanhou com a devida atenção a seqüência dos fatos que desencadearam a crise no Senado Federal e observa os episódios ocorridos entre a segunda e quarta-feira passadas conclui que um tornado transformou-se no máximo, e subitamente, em uma forte brisa.

Ninguém devidamente atento ao intricado mundo da política tem algum tipo de dúvida que todo o episódio foi gerado em laboratório através da grande mídia hegemônica nacional. E põe hegemônica nisso.

É possível diagnosticar a confluência de interesses entre algumas organizações partidárias ou segmentos delas e essa dita mídia hegemônica que detém o poder de pautar o mundo institucional e também a própria mídia.

Sabe-se igualmente que o seu poder de fogo é tamanho que ela possui a sua própria bancada, atraída pelo fulgor dos seus refletores, bastante acrítica, composta por inúmeras tendências que passam por quase todos os espectros ideológicos. E assim sempre tem sido mais ou menos por quase três décadas.

Mas voltando ao assunto inicial, é grande a desconfiança de que havia a confluência de interesses, mas não existia a unidade dos propósitos. Porque com a mesma intensidade com que se iniciou o pesado ataque de artilharia contra o presidente do Senado suspendeu-se o fogo de ofensiva, ou quase, resumindo-se a disparos esporádicos de carabinas leves.

Ouvindo-se as ruas é possível detectar o momento exato em que a situação inverteu-se radicalmente. Foi quando os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor enfrentaram os dissidentes governistas Pedro Simon e Cristóvão Buarque.

Também chamou a atenção o recuo atabalhoado da oposição ao ponto em que os dois senadores, Simon e Cristóvão, ficaram sozinhos em campo de batalha, sem eira nem beira, sem vanguarda nem retaguarda, já que na base da retórica o confronto poderia estender-se por mais tempo.

Mas há sim algumas pistas que podem ser encontradas no suposto dossiê contra os dois governos Fernando Henrique, em 2008, invocado pelo senador oposicionista Álvaro Dias ao afirmar não ser nem bode expiatório (no Nordeste seria boi de piranha) nem James Bond. Essa declaração cairia hoje como uma luva em Cristóvão e Simon.

Enfim, o espectro de um dossiê ronda o Congresso, os exércitos contam as suas baixas, o tempo continua fechado, sujeito a chuvas e trovoadas e a luta política é jogo duro e pesado como briga de foice no escuro.

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