07 setembro 2009

Boa tarde, Pedro Américo de Farias

Eros deus astronauta

para Jerusa Pires Ferreira, estudiosa do tema,
e para Adiel Luna, cuja ancestral preocupação
com a memória me deu a idéia do poema

esquece a memória
explora o esquecimento

história remota poço fundo
pleno de pérolas depreciadas

à espera de que o esquecido
lembre delas com carinho

garimpa e apanha

virão em arcas de ouro da imaginação
libertas de catecismos e gramáticas

vade mecum de doutores
da medicina e do direito

dos manuais de estilística
estatística e boas maneiras

virão que eu vi em profusão de cores
na ponta da língua nas pontas dos dedos

virão combinadas palavras e idéias livres
do ar e da terra da água e do fogo

na bagagem de um deus travesso
pai da volúpia da criação

esquece a memória que te tortura
e lembra : o esquecimento guarda

e esconde mas não destrói
a arca perdida e desprezada

nela jamais podes te achar inteiro mas
em lúdico formato de um quebra-cabeças

invenção de Eros deus astronauta

(Fevereiro de 2008)

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