No Vermelho, por Eduardo Bomfim
O Fórum Social Mundial
A décima edição do Fórum Social Mundial que será realizado ao final deste mês em Porto Alegre pode ser, para além da agenda do encontro, um instrumento de reflexão ao campo progressista e transformador brasileiro sobre os caminhos de desenvolvimento econômico e social do País.
Em sua primeira versão em 2001 a conjuntura mundial ainda apresentava em toda a sua plenitude a robusta hegemonia do projeto neoliberal no mundo e no Brasil, um cenário internacional que expressava um pensamento único dominante que absolutizava o mercado e reduzia à insignificância quase absoluta o papel do Estado nacional e dos regionais.
Persistia a confusão teórica, política e ideológica entre as forças patrióticas, progressistas e defensoras de alternativas aos caminhos socialistas tanto quanto aquelas que propugnam a função estratégica do Estado como central e decisiva ao desenvolvimento soberano brasileiro.
De lá para cá as teses neoliberais foram a nocaute e a vida demonstrou que os caminhos da nação passam necessariamente pelo papel do Estado como elemento principal ao desenvolvimento econômico, como insubstituível ao combate à exclusão social, e fundamental à soberania política e territorial do País.
Mas também é verdade que quase vinte anos de predominância livre e sem amarras das doutrinas neoliberais deixaram profundas sequelas no pensamento e nas práticas sociais e econômicas em nossa sociedade, que demandará ainda um bom tempo a sua superação definitiva.
É nesse contexto que devemos analisar todas as edições do Fórum Social Mundial. No período inicial elas serviram como elemento aglutinador e canalizador de movimentos dispersos e perplexos em uma realidade mundial e nacional extremamente adversas.
Não se trata, no entanto, de um fórum desprovido de linha ideológica e teórica. Pelo contrário, existe nele uma explícita hegemonia de concepções que se posicionam abertamente contra a centralidade do Estado e da questão nacional como instrumento estratégico à emancipação do povo brasileiro.
Os partidos políticos sempre tiveram um papel periférico nas edições do fórum e em sentido inverso assumiram um conteúdo de vanguarda as redes sociais e as chamadas e muitas das vezes nebulosas ONGs.
A história mostrou, porém, que as alternativas ao neoliberalismo no mundo e na América Latina vem se processando através dos partidos políticos, do fortalecimento do Estado e na centralidade da questão nacional.
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