A ameaça de aumento da taxa Selic
. Desde a década de 1980, no campo das idéias, o pensamento entreguista no Brasil adotou como bandeira unificadora de sua política econômica: o “combate a inflação”, o inimigo número 1 a ser liquidado. Era a senha para transformar em senso comum a idéia de que o Brasil não tendo poupança interna – uma mentira grotesca, diga-se de passagem –, deveria desregulamentar totalmente sua economia de forma a que o capital estrangeiro (claro, o capital estrangeiro especulativo) preenchesse os hiatos de uma economia nacional “deformada por estatais gigantescas e ineficientes”. Para isso, altas taxas de juros e câmbio sem interferência do Estado (leia-se “sem interferência política”) funcionariam como pilares, “imexíveis”. Assim configurou-se uma idéia, tipo Quinta Coluna, de combate a inflação pela via do arrocho da demanda (juros altos) e abertura comercial (câmbio livre) que se transformou em dogma, senso comum. Nenhum desses critérios até hoje provou historicamente que algum país do mundo — em mais de 300 anos de capitalismo –conseguisse crescer sob esses parâmetros.
. Em política, assim como em economia, sempre existem vencedores e perdedores, neste caso os vencedores foram os especuladores, bancos nacionais e internacionais e os perdedores o povo, o país e a mentalidade da necessidade de planejamento estatal estratégico. Se a indústria brasileira no século passado transformou-se em uma conservadora realidade, desde Eugênio Gudin até seus apóstolos contemporâneo do Banco Central do Brasil, a indústria deve ser rastro de um sonho: não somente a agricultura brasileira deveria ser utilizada como uma “vantagem comparativa”, para os agraristas – versão século XXI – os juros praticados deveriam se transformar em vantagem comparativa!!!
. Infelizmente é essa a teoria das pessoas ocupadas em gerir nossa política monetária. O chamado Comitê de Política Monetária (Copom), os senhores do destino da economia brasileira, irão se reunir essa semana sob o véu criado pela mídia de um “aquecimento da demanda” e de “ameaças inflacionárias”. Eles querem que os juros saiam do atual patamar de 8,75% e alcancem no final do ano a casa dos 11%. Isso tudo apesar de a economia brasileira ainda não ter recuperado seus índices pré-crise. Essa tendência só redunda em atraso e boicote ao nascente projeto nacional.
. Porém, a solução técnica não é suficiente. Gritar, também, não é suficiente. Mas o principal a se fazer, nesta contenda de dimensões estratégicas, é denunciar veementemente esse plano e conquistar as consciências para alterar o rumo da política macro-econômica, fortalecendo o mercado interno e externo, promovendo o crescimento econômico de forma sustentada, com distribuição de renda e valorização do trabalho.
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