05 maio 2010

Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Benéfica polarização das eleições em Pernambuco
Luciano Siqueira


Parece que agora a novela chegará ao capítulo final: o senador Jarbas Vasconcelos, ao que tudo indica anunciará amanhã sua candidatura a governador. Para as forças oposicionistas, menos mal, pois “agora tem jogo” – para usar a expressão de um pré-candidato a deputado federal pelo Democratas.

Tem jogo, sim, na melhor tradição das disputas pelo poder local em Pernambuco.

Aqui sempre a peleja se deu polarizada, movimentando forças opostas não raro tão impetuosas que em alguns casos chegaram a extrapolar os limites da busca do voto – como na contenda entre Dantas Barreto versus Rosa e Silva, em 1911. Num entrevero sangrento entre tropas do Exército e ativistas, tombou o capitão José de Lemos.

É claro que não se cogita de derramamento de sangue na batalha eleitoral que se avizinha. Mas debate acirrado, sim, impulsionado pela expressão simbólica dos dois candidatos opostos – o governador Eduardo Campos e o senador Jarbas Vasconcelos. O primeiro beneficiado pelos enormes êxitos alcançados na atual gestão e sintonizado com os rumos seguidos pelo País sob o governo Lula; o segundo carregando nas costas o ônus de oito anos de governo sofrível (1999-2006), quando manteve dócil e estreita convivência com as políticas neoliberais de Fernando Henrique Cardoso, e a pecha de anti-Lula (que ele mesmo alimenta).

A correlação de forças pende inicialmente favorável à reeleição do governador, mas é lícito imaginar que o oposicionista ostente poder de fogo que pelo menos esquente a campanha. Daí a possibilidade do confronto aberto entre dois projetos diametralmente opostos para Pernambuco e para o Brasil.

Ou seja, a “comparação” de governos e projetos tão temida pelo candidato presidencial tucano José Serra, aqui é inevitável. E é ótimo que assim seja, para que o eleitorado faça suas escolhas com conhecimento de causa.

Mas há quem fuja disso, optando pelos ataques de natureza pessoal, pelo jogo baixo das denúncias infundadas ou da distorção dos fatos. Não é de agora que em Pernambuco forças políticas, vendo-se inferiorizadas, lançam mão de tais expedientes. Buscam o chamado “fato novo” (melhor seria dizer factóide) artificialmente plantado no intuito de borrar o debate, estabelecer a confusão na cabeça dos eleitores e tirar proveito disso. No pleito de 2006 Humberto Costa foi vítima desse deplorável expediente.

Provavelmente o ambiente social e político induza ao debate de ideias e propostas, deixando à margem os tresloucados de sempre. Veremos.

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