Mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável
Luciano Siqueira
O tema faz parte da agenda mundial, envolvendo praticamente todos os países. E repercute sobre a vida da cidade, seja através de agravos reais ou de ameaças, seja pela reação propositiva que ganha corpo em muitos segmentos da sociedade. Refiro-me ao enfrentamento das mudanças climáticas, assunto de reunião pública ocorrida ontem na Câmara Municipal do Recife, por iniciativa conjunta da Comissão de Desenvolvimento Econômico (que presido) e da Comissão de Meio Ambiente, Transporte e Trânsito (presidida pelo vereador Daniel Coelho), tendo como foco o Plano de Enfrentamento das Mudanças Climáticas, em fase de elaboração pela Prefeitura do Recife.
A partir da exposição das diretrizes do Plano, feita pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Roberto Arrais, e da contribuição de Hélvio Polito, secretário executivo estadual de Meio Ambiente, travou-se rica discussão permeada por observações críticas e, sobretudo, proposições que haverão de enriquecer a proposta esboçada. A intenção da Prefeitura é transitar até a versão completa do Plano através de amplo debate com a sociedade. A reunião de ontem foi o ponto de partida e contou com a presença de técnicos, consultores e representantes de instituições públicas e organizações ambientalistas.
Cabem aqui dois destaques. Um: a abordagem do desenvolvimento econômico tendo como conteúdo inarredável a tríade distribuição de renda, valorização do trabalho e sustentabilidade ambiental. Estando aí explícita a compreensão de que é possível harmonizar o crescimento econômico com o ambiente saudável. Isto é muito distinto da concepção santuarista, que defende a preservação da natureza de modo cego e avesso à necessidade de satisfação das necessidades fundamentais da população; e também da concepção predatória, para a qual o crescimento econômico é tudo a preservação ambiental nada importa.
Dois: o sucesso do Plano Municipal de Enfrentamento das Mudanças Climáticas (Mudaclima) depende não apenas da ausculta de pesquisadores, técnicos e gestores ambientais. É indispensável a participação ativa dos mais variados segmentos sociais, inclusive de crianças e adolescentes em ambiente escolar, para que, uma vez posto em execução, o Plano possa efetivamente contar com um fator decisivo, que é uma atitude cidadã solidária e consciente.
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