por Gilberto Sobral
Já estávamos no final de 2000. Um ano histórico para Olinda, quando Luciana Santos, mulher, negra e comunista se preparava para assumir o posto máximo da política local. Conquistado em uma eleição difícil na qual derrubou forças tradicionais da cidade.
Recebemos de Luciana (eu, Chico e Genival) a missão de coordenarmos as plenárias com o pessoal da área de cultura. Visavam balizar o futuro governo e, principalmente, colher informações para a formatação do carnaval de 2001, que já “frevia” à nossa porta.
As reuniões em Baccaro começaram tímidas. Logo ganharam peso e presença significativa do seguimento cultural. A medida em que se avizinhava o anúncio do futuro secretariado, o Atelier Coletivo começou a ficar pequeno.
Chegamos ao grande dia de saber quem comandaria a tão acarinhada Secretaria de Cultura. Câmara de Vereadores lotada de curiosos e o anúncio que pegou muita gente de surpresa: um cientista seria o secretário.
O nome de SERGIO REZENDE causou surpresa à toda a comunidade. Afinal, o que faria um cientista no comando da mais preciosa das riquezas de Olinda, a sua cultura?
Apesar de à época companheiro do Sergio no PSB, não o conhecia pessoalmente. O que foi resolvido no dia seguinte pelo próprio, que me procurou e se mostrou pronto para enfrentar as “feras” na plenária.
Tive aí mais uma missão: apresentar o cientista ao segmento cultural, sem deixar que os mais exaltados comessem o seu fígado.
Pensei que seria uma árdua tarefa. Qual o quê? Sergio, com poucos minutos de conversa, conquistou a todos com sua sensibilidade e disposição de trabalhar por Olinda.
Atendendo ao seu convite, aceitei ser o Diretor de Cultura.
Sergio Machado Rezende é uma das pessoas mais inteligentes desse nosso imenso Brasil.
Engenheiro Eletrônico pela PUC do Rio de Janeiro (1963), Mestre em Massachusetts, nos Estados Unidos(1965), onde obteve o título Ph.D. em Física. Chegou em Pernambuco em 1972 para coordenar um grupo de pesquisa no Departamento de Física da UFPE. Logo assumiu a chefia do Departamento.
Seu envolvimento com a política em 1986 se deu pela ciência. Miguel Arraes se preparava para assumir o terceiro mandato de Governador e reunido com a comunidade científica ouviu de um professor algumas colocações que o fizeram ter a certeza de que estava diante do melhor nome para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Era Sergio, a quem Doutor Arraes quis conhecer e que se tornaria o titular da SECTMA.
Entre muitos avanços nas áreas, foi a gestão dele à frente da SECTMA que criou a FACEPE – Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco. Pioneira no Nordeste.
Antes de assumir o Ministério da C&T em 2005, ainda foi mais uma vez secretário estadual e presidente da FINEP, função que em 2003 o levou de Olinda.
Nada disso tira de Sergio a leveza e a sensibilidade. Cada posto por ele assumido tem o mesmo peso: o da disposição em desempenhar o melhor de si.
Foi assim que esse homem, com todos os seus títulos, trabalhou em Olinda. Conviveu com todas as peculiaridades dessa cidade. Desde os artistas renomados aos ambulantes do carnaval.
Na hora de se iniciar o ordenamento do Alto da Sé, tomou para si a responsabilidade e trajando um colete do departamento de controle urbano, subiu na boléia de um caminhão para comandar a operação.
Aprendi muito a cada dia em que trabalhei ao lado dele. Continuo aprendendo toda vez que lhe encontro, escuto ou leio sobre ele.
O Brasil já usufruiu muito dele. Missão cumprida no MC&T, Sergio voltará a conviver mais conosco.
Produtivo como é já deve ter na cabeça cada passo que dará a partir de janeiro de 2011.
De uma coisa não tenho dúvida: o Sergio Rezende de hoje é exatamente o mesmo de sempre. Apenas com mais uma experiência bem sucedida.
A gente se vê na “Turma da Jaqueira”.
Saravá Sergio Rezende!!!
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