03 janeiro 2011

Uma crônica minha no site da Revista Algomais

Vozes anônimas
Luciano Siqueira


Meu blog http://www.lucianosiqueira.blosgspot.com/  é assumidamente amador, improvisado, puro lazer. Diferente do site do mandato http://www.lucianosiqueira.com.br/  que é profissional, feito por uma equipe qualificada, que trabalha uma pauta múltipla, viva (daí o sucesso medido pelo volume expressivo de acessos). Mesmo assim o blog tem uma regra rígida: comentários só são publicados se assinados – o que me previne contra agressões desnecessárias, tanto à esquerda quanto à direita; quem diz impropérios tem que assumir.

Porém a regra tem outra consequência: priva-me de registrar textos interessantes. Certeiros, sisudos ou combativos, quando tratam de política. Poéticos, alguns deles; amargos, otimistas, intimistas até – quando falam de amor, desamor, desilusão, recomeço.

Em geral se referem a meus artigos e crônicas. Guardo-os em pasta própria, de onde recolho agora alguns fragmentos.

Num comentário recente acerca das dificuldades internas no PSDB quando da disputa presidencial, a fina observação de que “os tucanos jamais conquistarão a presidência da República justamente porque são fortes nos dois maiores colégios eleitorais do País, São Paulo e Minas – o “café” e o “leite” desde o fim da República Velha já não se entendem, vivem às turras em busca da hegemonia.” Faz sentido.

A propósito do meu artigo “A militância nossa de cada época”, essas duas passagens: “...pra mim a militância rola, é um trilho pra gente caminhar e achar um sentido para a vida”; e “...faz por onde você se sentir útil e pertencente a uma causa que vale a pena...”.

A imagem do buquê de rosas vermelhas abandonado sobre a sarjeta em minha crônica “Os donos da Praça da República” contraditoriamente inspirou arrebatadas declarações de amor bem sucedido: “Meu amor é sem prazo, nem regra, nem compromisso: simplesmente é.” Outra: “Amor pela metade aprisiona; meu amor é por inteiro, liberta.” Mais uma: “Que seja chama e que seja eterno...”.

No polo oposto, a desventura amorosa, a citação de Clarice Lispector, para quem “o silêncio humano é o mais grave de todos os do reino animal”, num comentário de uma internauta que se viu abandonada sem sequer ouvir do ex-amado uma palavra de despedida. Outra procura abrigo na compreensão de que “a solidão, quando passageira, purga erros e recupera a coragem de amar.” Que assim seja.

Você pode dizer que essas vozes anônimas não dizem grande coisa – e em certa medida tem razão. Mas importa que tanta gente clique ali em “coments” e fale de si mesmo, de suas crenças, agruras, alegrias e esperanças. Tanto quanto quem conversa comigo pelo Twitter e pelo Facebook ou via e-mails.

Tudo vale a pena.

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