05 fevereiro 2011

Um olhar sobre a rebelião no Egito

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Um caos abaixo do céu



Os extraordinários acontecimentos que estão sacudindo o mundo árabe obrigam todas as nações a voltarem suas atenções para os países da região. E não sem razão, porque duas questões fundamentais estão em jogo em consequência das explosões populares, em especial no Egito.

Da Tunísia ao Egito, passando pelo Iêmen à Jordânia, os povos tomaram as ruas e determinados, lutam pela liberdade e protestam contra ditaduras e os seus ditadores.

A velocidade dos acontecimentos surpreendeu a todos os observadores com exceção dos especialistas na área, que já vinham acompanhando, em sintonia fina, o desenrolar das agudas contradições entre os povos e os regimes que fervilhavam no caldeirão até à explosão a olhos vistos.

Esse protesto que se estende por vários países do mundo árabe já é denominado como a “Revolução de Jasmim”. Uma das primeiras causas dessa insubordinação popular nós já a conhecemos e a vivenciamos em nossa pele, em menor grau.

Foi o sentimento de indignação, humilhação, dos brasileiros, e a consequente revolta contra um governo autoritário, mas sem dúvida em menor intensidade do que os egípcios, porque por lá o regime tirânico já perdura por trinta anos.

Assim, na luta social dos egípcios contra uma ditadura sufocante de três décadas, ressurge como emblemática a frase de Mao Tse Tung que certa vez, analisando uma situação análoga, sentenciou: “Existe um grande caos abaixo do céu. A situação é excelente”.

E ela é evidente, porque essa será a única maneira de se provocar uma ruptura no Egito em transição para uma nova era das mais amplas liberdades políticas. Nunca é demais ressaltar a grave situação social por que passam os povos árabes que envolvem a fome, o desemprego, o abandono da juventude, saúde pública etc.

O Brasil e os países da América do Sul já foram considerados pelo mundo, quase que oficialmente, como o “quintal dos Estados Unidos”. Já não são mais.

A “Revolução de Jasmim”, dos povos árabes, para ser completamente vitoriosa deve associar às lutas pelas liberdades democráticas o combate renhido pelo resgate das suas soberanias, sequestradas há muito tempo pelos interesses geopolíticos, comerciais e petrolíferos, imperiais.

Proclamando com orgulho que seus Estados já não são protetorados dos EUA e assim construindo os seus destinos com autodeterminação e soberania plena.

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