16 junho 2011

2012 no Recife em foco, no Blog da Revista Algomais

Olhando 2012, mas evitando que a onça beba água antes da hora
Luciano Siqueira

Se na vida botar o carro adiante dos bois nunca é aconselhável, na política essa verdade vale três vezes mais. Isto porque antes do cenário se desenhar, qualquer movimento precipitado pode botar as coisas a perder – pelo menos as pretensões de quem se adiantou antes da hora. Esse argumento eu mesmo tenho repetido, respondendo a recorrentes abordagens de repórteres e colunistas da área política a propósito do próximo pleito no Recife. A rigor, a mesa dos entendimentos só estará posta de janeiro próximo em diante, com breve interrupção nos dias de Momo.

Mas nem sempre é assim, o ritmo das vontades também se reflete na realidade e o que se esperava para daqui a alguns meses começa a acontecer. Ainda não chegou a hora de a onça beber água, mas a danada já se aproxima da fonte, sedenta. Isto porque a essa altura dos acontecimentos, o tempo de governo se entrelaça naturalmente com o tempo eleitoral – ou seja, amadureceram as condições para que o prefeito, assim como seus colegas dos demais municípios, colha o que plantou em mais de dois anos e meio de gestão. E ninguém duvida que o desempenho administrativo se constitui numa das principais variáveis a considerar na equação política.

O assunto é delicado e complexo, pois não é fácil avaliar em sua inteireza os resultados da gestão do prefeito João da Costa. Antes o observador – mesmo situado dentre os que tomam parte no governo e o apoiam no seio da sociedade – é induzido a compartilhar queixas e insatisfações disseminadas praticamente por todos os segmentos da sociedade. Desconhecimento dos feitos do governo? Pode ser, não apenas pelos limites da comunicação institucional, mas sobretudo pela insuficiente circulação das informações no interior da coligação partidária governista. Onde o diálogo é frágil e superficial, além de escasso, a anemia política prospera.

Nesse ambiente, sem prejuízo do empenho solidário e leal de todos os aliados do prefeito, seria imperdoável leniência cruzar os braços e esperar janeiro para iniciar a troca de impressões entre partidos coligados, e com o próprio prefeito, acerca da batalha que está por vir. Isto num clima de serenidade e equilíbrio, de modo a não atrapalhar a obra administrativa.

O PCdoB, por exemplo, que pratica lealdade política a toda prova, toma a iniciativa do diálogo nessa direção, concomitantemente com o debate em suas fileiras, preparatório da Conferência Municipal que atualizará o projeto político do Partido no Recife em 13 de agosto próximo. Com todo o cuidado para evitar que a onça beba água antes do tempo.

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