O projeto político de cada município em 2012
Luciano Siqueira
As eleições de 2012 estão quase na esquina e em toda parte se especula sobre nomes para prefeito e possíveis arranjos partidários. Pouco se fala em projeto – ou seja, em torno de que ideias fulano ou sicrano pretende juntar forças a seu favor e conquistar o eleitorado. Isso rebaixa a política, enfraquece os partidos e condena o poder local à mesmice.
É possível inverter a equação, pondo os bois adiante do carro e discutindo projetos políticos concretos antes da definição de nomes e coligações? Possível é, embora não seja fácil tal a força da cultura sedimentada em sentido contrário. E se é possível, vale tentar, pois isso é mais do que necessário nesse tempo de mudança que o país vive, que repercute sobre a vida municipal.
Caso de Pernambuco, estado que alcança um padrão de crescimento econômico importante, com sinais de sustentabilidade e em dimensão sem precedentes. Muda a matriz produtiva, diversifica territorialmente as atividades econômicas, dinamiza polos para além da Região Metropolitana e se espraia interior afora. Difícil é encontrar um dos cento e oitenta e cinco municípios que esteja à margem desse processo e onde as correntes políticas não sejam instadas a repensarem o desenvolvimento local.
É certo que em grande parte dos municípios do país (em Pernambuco é assim) o grau de construção de uma consciência social esclarecida e de partidos aptos a abordarem a realidade de modo sistêmico é ainda rarefeito. Mas pelo menos nas grandes e médias cidades há condições subjetivas potenciais para tanto.
Impõe-se, portanto, a todo partido que deseja disputar o protagonismo político no município – como o PCdoB, por exemplo – se apresentar diante dos demais e da sociedade com uma opinião consistente sobre a realidade local, suas possibilidades, desafios e riscos; o governo atual, que se pretenda manter ou substituir; as linhas essenciais de inserção do município no ciclo de desenvolvimento em curso no estado; o modo de assegurar a gestão democrática; o papel dos movimentos sociais, etc.
Formatar assim um projeto político para o município também demanda diálogo com as forças vivas da sociedade, o movimento popular, técnicos, intelectuais, personalidades influentes, igrejas, empresários. Um bom exercício de construção coletiva das ideias. Um fator de amadurecimento partidário - uma das pedras de toque do fortalecimento de nossa jovem e ainda instável democracia.
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