Governos e governantes na hora decisiva
Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br
Embora os atuais prefeitos corretamente se esforcem para adiar o debate sucessório até o início do ano que vem, vai se tornando incontrolável a abordagem imediata do tema. Sobretudo onde projetos partidários (legítimos) emergem com certa força, como na capital e em importantes cidades de Pernambuco, por exemplo.
Na oposição e mesmo entre partidos coligados, surgem opiniões contraditórias sobre o desempenho do governo e do governante. Tendo em vista o pleito que se aproxima, são duas coisas distintas.
Uma coisa é a avaliação da gestão, outra é o desempenho político do governante, pelo menos aos olhos da população. É possível, e tem acontecido com certa frequência, chegar ao final da gestão contabilizando muitas importantes realizações, reconhecidas pela opinião pública; e ao mesmo o tempo não conquistar as boas graças do eleitorado.
Isto observado sob ótica mais detalhada nos permite afirmar que o prefeito governa e o secretariado administra. Ou seja: a ação administrativa cabe principalmente à equipe de governo, à qual o prefeito há de delegar responsabilidades e cobrar resultados. E a condução política da gestão e da coalizão partidária que a sustenta, é papel pessoal e intransferível do governante.
É certo que ao prefeito, na esfera administrativa, cabe o controle rigoroso da execução orçamentária, para evitar que um mínimo descontrole comprometa a gestão. Um mês de desarranjo leva um ano para corrigir. Mas o dia a dia da implementação das políticas públicas e programas que conformam o conjunto da obra administrativa, não é possível ao governante controlar tudo. Sob pena de travar o governo e de comprometer sua imagem pública.
No caso particular do Recife, a Conferência Municipal do PCdoB, recém-realizada, abordou o assunto em sua Resolução Política através de palavras cuidadosas, porém certeiras: “Os comunistas consideram indispensável o imediato aprimoramento dos procedimentos políticos e administrativos, no interior do governo e da coalizão partidária, visando a conquistar maior capacidade operativa e a dar mais consistência à unidade e à coesão das forças coligadas – fatores decisivos para a satisfação das necessidades e dos anseios da população, a consolidação da atual correlação de forças favorável e à vitória eleitoral em 2012.”
Aproxima-se a hora decisiva, quando a onça vai beber água. Há tempo de aperfeiçoar o que vem dando certo e de corrigir deficiências. Se houver vontade política para tanto.
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