Carnaval, frevo e política
Luciano Siqueira
Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
Festa é festa, reunião é reunião, assim como o frevo rasgado é uma coisa e debate político é outra coisa bem diferente. Mas a mistura é inevitável, sobretudo em ano eleitoral. Pelo menos no meu caso, onde estiver, sempre haverá alguém perguntando sobre candidaturas a prefeito e que tais. E se é assim comigo, que nem tenho essa responsabilidade toda na cena política, avalie com o pessoal que está no foco das decisões – e das escolhas.
Demais, por mais que se saiba que estar ou não presente aos festejos de Momo nem tira nem dá votos, poucos são os que resistem e se retiram para lugar distante. E ainda há os chatos de sempre que lhe pressionam para cumprir roteiro “político”, como se algazarra tivesse necessariamente que obedecer a hipotéticos cálculos da relação custos e benefícios eleitorais.
Dito isto, soa como bobagem dizer que fulano, sicrano ou beltrano estarão nas ruas junto com este ou aquele aliado sem que isso nada signifique. Ou que entre um palanque e outro nenhuma palavra será dita sobre a batalha eleitoral que se avizinha. Isto no Recife é praticamente impensável.
E não tem nada de errado nisso. Quem está na chuva tem mesmo é que se molhar. A militância política é sempre, quaisquer sejam as circunstâncias.
Agora mesmo, nos primeiros dias de janeiro, caminhava com Luci numa praia distante, Pontal do Peba, litoral sul de Alagoas, próximo à foz do Rio São Francisco, quando inesperadamente fui interpelado por um cidadão que queria saber se o prefeito João da Costa seria candidato à reeleição ou não. Era um morador de Casa Amarela, em férias, mas atento aos lances da política local.
Não terá sido essa a razão principal de haver me aposentado do frevo e do maracatu, embora não me recorde de nenhum carnaval, anos a fio, em que não tenha sido abordado por alguém interessado em discutir política em plena folia. Tenho cá outros motivos, todos ligados à comodidade pessoal e familiar. Mas, à distância, tenho certeza que, mesmo disfarçadas por máscaras e fantasias, muitas especulações vão rolar aqui e alhures. E alguns sonhos serão alimentados, ainda que predestinados a se dissiparem já na quarta-feira ingrata.
O fato é que as convenções partidárias, previstas para junho, baterão à porta de todos já na primeira segunda-feira após o carnaval pedindo agilidade nos entendimentos, pé no chão na busca de alternativas e descortino nas decisões. Até porque, rigorosamente, em Pernambuco o ano começa mesmo a partir daí e vai terminar no sábado de Zé Pereira de 2013.
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