28 abril 2012

Fator de elevação da consciência social

Em favor do livro e da leitura
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Como ainda se faz muito pouco, o que se fará agora deve ser saudado como muito. Serão investidos R$ 373 milhões pelo Ministério da Cultura (MinC) no Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) para esse ano. Na pauta, a construção e a revitalização de bibliotecas; a contratação de agentes de leitura e a realização de feiras e festivais de literatura.

O fato é que o brasileiro lê pouco, considerando-se o tamanho da população e fazendo-se o cotejamento com outros países mundo afora, inclusive nossos irmãos sul-americanos, como argentinos e chilenos. Dados da última rodada da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, recém-divulgados, indicam que 75% dos brasileiros nunca frequentaram uma biblioteca.


Bem sabemos que há fatores multicausais para isso. Desde o grau de escolaridade ao advento da linguagem do vídeo pelos canais convencionais de TV e através da internet. E, óbvio, também pesa – e de modo marcante – a precariedade das políticas públicas nesse sentido, nos três níveis federativos.

O Ministério da Cultura deseja contribuir para que se firme em nosso País “uma boa e vasta literatura, e uma competente e ampla rede editorial e de divulgação.”

Literatura de qualidade temos. Recife mesmo é um dos principais polos editoriais do Brasil pelo volume de títulos publicados anualmente, ainda que em tiragens diminutas, mas a distribuição do que aqui se produz é precaríssima. Possui apenas duas bibliotecas públicas municipais e uma estadual, motivo de frustração deste que lhes escreve, vice-prefeito por oito anos, que não faz capaz de viabilizar uma alteração nesse panorama.

Depois, vereador por pouco mais de um ano, consegui aprovar a Lei de Incentivo à Cultura do Livro e da Leitura, que tem no seu bojo o Plano Recifense do Livro e da Leitura, que caminha a passos lentos.

Imagine, então bibliotecas em municípios do interior: raríssimas. E assim mesmo limitadas em seu acervo, em geral convertidas em meros depósitos de livros.

Há alguns anos, a convite do Partido Comunista de Portugal, visitei vários conselhos e freguesias para conhecer experiências de governo local. Chamou-me a atenção quantidade de bibliotecas existes e o fato de funcionarem como espaços de convivência – vivos, intensamente frequentados, modernos, explorando as diversas mídias como meio de fortalecer o bom hábito da leitura e a valorização do livro.

Que a iniciativa atual do Ministério da Cultura, ainda tímida, seja o fio condutor de um esforço amplo, envolvendo as mais diversas instituições e segmentos da sociedade, em favor da cultura do livro e da leitura. E, desse modo, em prol da formação de uma consciência social avançada.

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