Luciano Siqueira
Publicado no Blog da revista Algomais
É óbvio que não vivemos em nenhum paraiso. Mas está na cara que os trabalhadores brasileiros comemoram o Primeiro de Maio hoje em condições bem melhores do que seus irmãos europeus e norte-americanos. Lá crise, regressão de direitos, desemprego, falta de perspectivas imediatas e de médio prazo. Aqui crescimento econômico, ampliação das oportunidades de trabalho e de contratações com carteira assinada, perspectiva de superação dos entraves macroeconômicos, possibilidade novas conquistas.
Tanto que as estatísticas sobre a entrada de trabalhadores estrangeiros no Brasil engordam mês a mês. Uma significativa parcela deles vindos da Europa.
É o tortuoso e às vezes surpreendente evolver da realidade concreta mundo afora. A situação dos trabalhadores dos países centrais em crise em contraste com a dos que labutam no Brasil e em outros países emergentes (e até mesmo em algumas partes do subcontinente sul-americano) é uma componente do mundo em transição da atual unipolaridade (sob hegemonia imposta pelos EUA) a uma multipolaridade que se avizinha.
Entretanto não cabe apenas comemorar. O crescimento econômico que ora experimentamos ainda carece de bases sólidas, a julgar pela persistência de condicionantes macroeconômicos – como a política cambial – que a duras pelas começam a ser superados – como a política de redução das taxas de juros, a que o setor rentista reage. Tanto que estamos diante de ameaça real de desindustrialização.
Além disso, para que o crescimento atual ganhe sustentabilidade econômica e seja duradouro, e efetue consistentes alterações na matriz produtiva do País, cabe acrescentar o indispensável item valorização do trabalho – seja fortalecendo a massa salarial, seja garantindo direitos fundamentais, seja ainda abrindo perspectiva de redução da jornada de trabalho. Além disso, descortinar novos horizontes futuros de superação da contradição trabalho versus capital e de construção de uma sociedade justa e solidária.
Assim, aqui como lá, guardas as diferenças, Primeiro de Maio é dia de luta.
Por isso cabe às nossas centrais sindicais e demais organizações populares renovarem a disposição de fazer valer suas proposições nos fóruns tripartites; junto ao governo e ao Congresso Nacional. Ocupar ruas e praças é necessidade inarredável.
Os trabalhadores são a força motriz da construção de uma não nação soberana e democrática.
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