Anistia a Fernando Santa Cruz
Por Sérgio Montenegro Filho
A Comissão Nacional de Anistia (CNA) se reúne no próximo dia 22 para julgar o processo de anistia do estudante pernambucano Fernando Santa Cruz, desaparecido no Rio de Janeiro em fevereiro de 1974. Após as revelações feitas pelo ex-delegado do DOPS, Cláudio Guerra que lançou este mês o livro Memórias de uma guerra suja, no qual confessa a participação em centenas de mortes, inclusive a do estudante pernambucano , o secretário nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, enviou carta aos familiares de Fernando Santa Cruz convidando-os para a sessão da comissão, na qual lhe será concedida a anistia, incluindo um pedido formal de desculpas do governo brasileiro pela sua morte.
De acordo com o irmão de Fernando, o advogado e vereador olindense Marcelo Santa Cruz, a iniciativa de Abrão é positiva e vem num momento em que a família recebeu as primeiras notícias sobre o destino do corpo do seu irmão. Segundo o relato do ex-delegado no livro, Fernando e outros nove mortos sob tortura tiveram seus cadáveres incinerados sob seu comando num dos fornos da usina Cambahyba, no município de Campos, norte do Rio de Janeiro. Um simples pedido de desculpas do governo não é suficiente. Vamos aproveitar para cobrar uma ampla investigação, tendo como roteiro esse livro do ex-delegado. Afinal, é a primeira vez que algum agente da repressão decide contar os fatos, disse Marcelo, que estará presente à sessão da Comissão da Anistia, dia 22, juntamente com seus irmãos e o filho de Fernando, Felipe Santa Cruz. A mãe do estudante, dona Elzita Santa Cruz considerada um símbolo da resistência dos familiares de mortos e desaparecidos no País não poderá comparecer, mas enviará uma carta que será lida na sessão.
Antes da sessão da comissão, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, convidou os familiares de vários desaparecidos políticos para uma reunião, na qual ele pretende fazer um relatório das primeiras investigações realizadas pela Polícia Federal com base no livro publicado pelo ex-delegado Cláudio Guerra. Pouco antes do lançamento do livro quando vazaram os primeiros trechos , o ministro começou a ser duramente cobrado por parte dos movimentos nacionais de direitos humanos, inclusive a Comissão Nacional de Familiares de Mortos e Desaparecidos da qual Marcelo Santa Cruz faz parte para que tomasse providência no sentido de checar as informações contidas no relato.
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