Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Revista Algomais
Elevados índices de pobreza, um problema crônico, estrutural – que tem tudo a ver com a natureza do desenvolvimento capitalista conforme se dá no Brasil, desde que impulsionado no início do século XX: dependente, precocemente monopolizado, socialmente excludente. Com agravantes neste percurso de pouco mais de cem anos, sobretudo quando do período de predominância de políticas neoliberais, a partir de Collor e mais ainda nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso.
Não é sem razão que a presidenta Dilma, assentada sobre importantes conquistas parciais alcançadas nos dois governos sucessivos de Lula, prioriza a erradicação da pobreza.
E há o que comemorar, embora sem despregar os pés da realidade. Ontem, 29, o tema esteve no centro do debate no Fórum Ministerial de Desenvolvimento, vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em Brasília.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social, em nove anos de vigência do Programa Bolsa Família, 28 milhões de pessoas deixaram a faixa da pobreza extrema em nosso País.
Programas sociais do governo atingem atualmente cobertura estimada em 43 milhões de famílias.
Associa-se a isso a redução do desemprego; o progressivo aumento real do salário mínimo; o reforço da agricultura familiar; a ampliação dos serviços de saúde e educação no rumo da universalização.
Mas no meio do caminho tem um desafio – o de assegurar que milhões de brasileiros acolhidos nos programas assistenciais encontrem mais rapidamente a porta de saída que os leva à integração ao sistema produtivo. O que se dá através da sustentabilidade do atual padrão de crescimento econômico, que encontra obstáculos diversos – dos condicionantes macroeconômicos ainda não de todo superados (como os juros elevados e o câmbio sobrevalorizado) à perda relativa de competitividade de nossa indústria.
Por isso o governo Dilma age corretamente ao lutar, digamos, em duas trincheiras paralelas, porém articuladas entre si: mantém e até amplia o dispêndio com políticas públicas assistenciais; e endurece no combate ao setor rentista que resiste à alteração do figurino macroeconômico neoliberal e deseja sustentar lucros astronômicos com a usura, em detrimento da produção. Uma verdadeira quebra de braço que, por enquanto, pende para o governo, apesar do esperneio dos banqueiros reverberado pela grande mídia.
País rico é país sem pobreza, é certo. Desde que o capital financeiro se ponha no devido lugar e ganhe força o incremento da produção e do trabalho, com distribuição de renda.
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