30 setembro 2012

Impasse prolongado da economia mundial

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Ambições inconfessáveis


O recente encontro dos principais presidentes dos bancos centrais do mundo realizado na Basiléia concluiu que a crise financeira global será ainda mais forte e prolongada que se imaginava. O espírito dominante foi de pessimismo e incertezas.

Porém as medidas de austeridade fiscal, cortes nos investimentos públicos, arrocho salarial etc. devem continuar demonstrando óbvia orientação conservadora nos governos das nações do primeiro mundo subordinados aos barões das elites financeiras mundiais.

De acordo com as conclusões surgidas dessa reunião a única certeza que se tem é que entraremos em uma rota de mais crises e desaceleração dos já péssimos fundamentos econômicos internacionais.

São sintomas inequívocos desse quadro a reversão das expectativas quanto a uma retomada moderada da economia norte-americana e as notícias de outro rebaixamento dos EUA por parte das agências internacionais de classificação de risco dos "bancos de investimentos".

Na Europa a débâcle vai atropelando as finanças onde os governos, em sua maioria reféns ou constituídos de ex-empregados dos monopólios financeiros, adotam brutais medidas de restrições dos gastos públicos, cortes salariais, provocando verdadeiros terremotos sociais, gigantescas manifestações de indignação, resistência popular, que se espalham pelo continente.

Nos EUA orientações econômicas ainda mais recessivas contra a maioria da sociedade, momentaneamente proteladas em razão das próximas eleições presidenciais de novembro, estão em curso.

Por outro lado a desconstrução da realidade, priorização de uma agenda social diversionista para com as identidades dos povos, tem sido a função precípua da mídia hegemônica mundial, produzindo um senso de alienação, marginalização, frustração dos indivíduos com a vida, grave atentado às utopias realizáveis.

Sem elas, diz Anatole France, os homens ainda viveriam em cavernas, miseráveis e nus, utopias que traçaram as linhas da primeira cidade, princípio de todo progresso, ensaio de um futuro melhor

No Brasil setores retrógrados ligados ao grande capital financeiro planejam restrições democrático-institucionais, desmobilizar qualquer sentimento social relativo à soberania nacional, neutralizar a classe média, esmagar os movimentos populares unitários, já debilitados, além de outras ambições inconfessáveis, exigindo lúcida resistência.

29 setembro 2012

Ilusionismo de pernas curtas

Jogo de cena e verdade fatual
Luciano Siqueira

 
Nem tudo o que reluz é ouro, ensina a sabedoria popular. Isto para separar a aparência da essência, quando se trata de identificar com clareza o conteúdo essencial de uma ideia de sua roupagem, quando esta é enganosa.

Na política, sobretudo em pelejas eleitorais, isso é posto em relevo sempre. O embate não se dá apenas em torno de ideias e projetos racionalmente apresentados, há uma margem imensa de manobra para o jogo de cena visando a confundir, iludir ou despertar a sensibilidade mais epidérmica do eleitor. E, desse modo, esconder o que não se quer que venha à tona.

Nessa linha de conduta, uma estratégia recorrente tem sido a acusação vazia ou a distorção do que pensa, fez ou faz, ou pretende fazer o adversário. É o que os técnicos chamam de “desconstrução” da imagem. Nem sempre dá certo, quando o que se deseja “revelar” é falso. Tem um efeito bumerangue, respinga no acusador.

Outra estratégia é a de se apresentar como personagem etéreo, quase como se dispensado de sua história pregressa e posto como surgido do nada, inteiramente diferente de tudo o que se viu até então. Ainda que esse tipo de “fenômeno” seja impossível na vida real, artifícios de marketing cuidam de dar aparência verossímil à impostura.

Na cena política ninguém surge por acaso, mormente quando se trata de pretendentes a cargos executivos. Primeiro, precisa ter um partido ao qual o dito cujo deve estar filiado e com o qual compartilha virtudes e defeitos; e, portanto, ocupa determinada posição no espectro partidário. Para o bem ou para o mal.

Além disso, via de regra os que assim se apresentam têm, sim, trajetória partidária, pública e pessoal – defensável ou não. Não há como ocultar. O correto, ético até, seria assumir-se como de verdade é, ao invés de construir personagem fictício e como tal tentar amealhar a simpatia dos incautos e desinformados.

Mas o estratagema tem vida curta. De uma forma ou de outra a verdade vem à tona, com todas as consequências negativas para o personagem. Demais, a sociedade brasileira já viveu várias experiências desse tipo, inclusive cá na província. Em certa medida está vacinada. Basta um toque de esclarecimento, a imunidade conquistada se reflete em tomada de consciência, as coisas se tornam distinguíveis e o que verdadeiramente tem correspondência na realidade se afirma; o que se constitui em farsa, deteriora.

Na presente batalha eleitoral, aqui e pelo Brasil afora, há muitas casos que se enquadram nessa situação de discrepância entre o jogo de cena e a verdade objetiva. Só não enxerga quem não quer – ou ainda não deteve em observação mais atenta.

Dica de quem sabe


A dica de sábado é da amida Diana: “Se és livre para sentir, querer e lutar não tema o sentimento raro que lhe surge no garimpo das incertezas.”  

23 setembro 2012

Liberdade cristalina

A sugestão de domingo é de Thiago de Mello: “A partir deste instante/a liberdade será algo vivo e transparente/como um fogo ou um rio...”

22 setembro 2012

Dica de poeta

A dica de sábado é de Thiago de Mello: “Dentro de mim, sei que existe,/oculta, uma rosa branca./Incólume rosa. E branca.”

21 setembro 2012

Demagogia recorrente

O confronto entre a concretude e a pirotecnia
Luciano Siqueira



O fenômeno é recorrente na política brasileira, quiçá mundo afora: quando ingentes são os desafios e complexo o embate eleitoral, emerge o discurso messiânico e descomprometido, pleno em pirotecnia e carente de concretude.

Na história republicana brasileira os exemplos mais emblemáticos são o de Jânio Quadros, 1960-61, e Fernando Collor, 1989-92. Ambos produtos da política partidária mais tradicional, que entretanto não tiveram pejo de se apresentarem como “novidade”, esbravejando contra partidos e políticos.  Ao invés de solução para os problemas postos na ordem do dia, bravatas e lances de efeito, tais como o combate à existência de cargos comissionados na gestão pública, que juraram extinguir ou reduzir a quase nada (e jamais o fizeram!).

No exercício do governo revelaram-se em sua inconsequência e produziram crises institucionais de grande magnitude. Jânio renunciou antes de completar um ano no cargo. Collor ensejou o histórico movimento pelo impeachment e também renunciou.

Em sua obra clássica O 18 Brumário de Luis Bonaparte, Karl Marx diz que a História não se repete, a não ser como farsa. Assim tem sido, aqui e em outras terras.

Em alguns pleitos, na maioria deles, aliás, candidatos messiânicos e falastrões causaram certo frisson, mas não lograram a vitória. Os poucos que alcançaram êxito eleitoral, semearam o caos administrativo e aguçaram as mazelas que prometiam resolver.

Presume-se que a consciência social avançada se constrói mediante longo e tortuoso aprendizado. O povo tem memória, sim. E a cada pleito faz-se mais atento e capaz de separar o joio e o trigo. Daí os limites dos que surgem à moda Jânio-Collor: já não conseguem enganar como antes, salvo na ausência de concorrentes aptos a galvanizar o apoio e as expectativas do eleitorado.

Nos dias que correm, sobretudo em cidades médias e grandes, a dimensão dos problemas, desafios e possibilidades é tal que o embate eleitoral não pode ser travado a base de frases de efeito e gestos camaleônicos. Tampouco através de artifícios midiáticos destinados a desacreditar o concorrente diante do eleitorado. Exige antes de tudo avaliações precisas da realidade concreta que se deseja mudar e propostas consistentes, que além de corretas se mostrem factíveis.

Arroubos infantis, como passar uma régua imaginária divisora de águas entre tudo o que se fez na história da cidade – tido como obra de poderosos que erraram, todos eles (sic) – e o porvir anunciado pelo candidato “apolítico”, certamente já não encontram ressonância social, salvo entre parcelas desavisadas e ingênuas, que se fazem momentaneamente presa da demagogia.

Entre a pirotecnia e a concretude há uma distância abissal, certamente percebida pela maioria do eleitorado, cada vez mais exigente em suas escolhas.

20 setembro 2012

Para aliviar a cuca...

A poesia nossa de cada dia
Luciano Siqueira 

Publicado no Blog da revista Algomais e no Jornal da Besta Fubana
 
Certa vez, ao dedicar um exemplar da Rosa do Povo, de Drummond, a uma militante, João Amazonas escreveu: “como seria a vida sem a poesia? Certamente seria cinza”. Sábia afirmação do velho dirigente comunista, pois os poetas - esses seres especiais – têm o dom de nos fazerem enxergar além do que apenas vemos, revelando a beleza e o sentido universal contido no mais efêmero dos episódios cotidianos.

Bem que precisamos dos poetas no dias que correm. E de nossa capacidade de imitá-los, tentando descobrir a verdade além das aparências e da parcialidade mau-humorada da grande mídia, hoje tão empenhada em difundir unilateralmente fatos negativos e em botar gosto ruim nas coisas boas.

Cá no Recife, dois poetas e militantes dos bons, Cida Pedrosa (do PCdoB) e Marcelo Mário de Melo (do PT), oferecem ao público belas e consistentes contribuições em favor da vida. Como em dois livros lançados em 2005, que releio agora em meio às intensas atividades da campanha eleitoral.

Cida reúne em Gume, seu quarto livro (tem participado também de antologias), versos que, a um só tempo, afagam e cortam: “uma faca de dois gumes”, como bem assinala o escritor Raimundo Carrero. Encara o sofrimento (o seu e o de nossa gente): “a cidade era à prova de balas/a ponte era à prova de sonhos/a dor visitava o capibaribe/entre putas e pombos construí poemas” (O oriente da cidade); “a morte rompe a porta/congela nossos olhos/vitrifica a vida” (Vigília);  e reafirma um audacioso modo de traduzir sua sempre renovada capacidade de amar: “meu amor/desde já te informo:/durmo de pernas abertas/e a cada lua/te espero/para plantar girassós” (Convite).

Marcelo, com o seu Manifesto da Esquerda Vicejante, coletânea de poemas e textos, num tom predominantemente satírico e bem-humorado, porém otimista, critica equívocos e trejeitos de um tipo de militância emblematicamente imaturo e sectário: “Em lugar da esquerda autoritária, arrogante e autofágica, a esquerda auditiva, criativa e cativante./Em lugar do otimismo compulsório, a esperança crítica.” E nos concita ao bom combate (no belo poema Bandeiras): “As nossas bandeiras/devem estar sempre/içadas/inteiras/e limpas./Bandeiras/sujas e rasgadas/somente/pela força dos ares/do suor/ou do sangue/das campanhas.”

Que assim seja – para que possamos lutar sempre com coragem e alegria.

O ambiente eleitoral

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Eleições em cenário real

Vivenciamos a reta final do primeiro turno das eleições municipais em todo o território nacional onde se aguçam as lutas entre os campos políticos pelo poder como uma espécie de ante-sala às grandes batalhas de 2014 para presidente da República, Congresso Nacional, governos estaduais, Assembleias Legislativas.

É verdade que nesse período as paixões se acendem e raramente as grandes questões relativas aos problemas, projetos para as cidades brasileiras, são conduzidos sob a ótica mais lúcida que a cidadania exige.

No entanto, bem ou mal exercita-se a democracia de acordo com a realidade nacional e as condições políticas extremamente diferenciadas das várias regiões, dos milhares de municípios do País.

Pode-se dizer muitas coisas certas sobre a nossa ainda incipiente democracia, desde os abusos do poder econômico nas eleições, o clientelismo, as condições desiguais em que se encontram os partidos políticos, vestígios de mando do velho coronelismo com os seus crimes, ameaças de morte etc.

Mas quem já viveu sob regime ditatorial sabe que todos os males dessa atual realidade institucional nunca podem ser trocados pela longa noite do arbítrio que experimentamos durante vinte e um anos onde os partidos encontravam-se banidos, sindicatos, grêmios estudantis fechados, lideranças de oposição imobilizadas, clandestinas, presas, exiladas ou mortas, jornalistas e imprensa amordaçados etc.

O Brasil avançou nos últimos anos e, reconhecido internacionalmente, atingiu novos patamares de crescimento econômico onde foram retirados da faixa de pobreza absoluta milhões de brasileiros e outros milhões passaram a ter acesso a bens de consumo antes impensáveis.

Mas continuam terríveis as nossas dívidas sociais, os mecanismos necessários ao exercício à cidadania dos brasileiros através da escolha dos seus representantes ainda padecem de vícios que foram preponderantes no século passado.

Assim como há atualmente o esgotamento de um ciclo econômico, fundado basicamente no consumo da população, vai ficando claro que a própria dinâmica e necessidade do desenvolvimento nacional passa a exigir uma substancial renovação das ideias sobre a questão institucional em todas as suas esferas e ao exercício da cultura política de modo particular. Trata-se de um debate essencial que a implacável realidade objetiva vai tornando inadiável, urgente.

16 setembro 2012

Sugestão de poeta

A sugestão de domingo é de Mário Quintana: “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.”

10 setembro 2012

Alcir presente. Sempre.

Alcir Lacerda, grande artista da imagem, formou gerações de fotógrafos. Viverá sempre em nossas vidas.

A voz instigante de Jomard

Nenhum arRECIFE pode ser QUINTAL
Jomard Muniz de Britto 

 
Nenhum arRECIFE pode ser QUINTAL.
Algum país deve ser oceano de utopias.
Apesar da inconstância da almacorporal
selvagem e civilizadíssima.
Com todo peso e preço das culturas
em dissipações patrocinadoras.
ABAPURU não ressuscitou por DILMA nem
Glauber por Nelson Motta.
Precariedades.
Por verbal estranhamento, ANTROPOEMIA
poderia ser inevitável contraponto de
uma canonizada antropofagia?
Dúvidas sensatas.
Jogo de palavras dominando o mundo
das citações em deleite acadêmico.
Recitamos Foucault, Deleuze, Negri,
Guattari, Agamben para ainda mais
esquecermos Roberto Machado, Luiz Costa
Lima, Silviano Santiago...
Traições e ou contraDICÇÕES doutorais.
Reler o Manifesto Antropófago de
Oswald de Andrade e repensar ambivalências
da Tropicália e dos hipertropicalismos.

Rasgos de devoração sem a fé devota.
Continuar abismando-se pelas mutações
do sublime ao grotesco,
do nacional-popular ao internacionalismo
para dançar BAAL de Brecht com Reza de
Rita Lee. Sem medo de ser infeliz.
Pela travessia do mais cafona ao metakitsch.
Do Brasil-pandeiro às brasilidades em transe
de câmeras, guitarras, berimbaus e pipocas
TRANSmodernas, atuais e atuantes.
Ao contrário das absorções, deglutições,
reinterpretações, o núcleo diferenciado
da ANTROPOEMIA seria o VÔMITO em devir
transfigurador. Palavras impactantes.
Todos apostando no projétil de
ultrapassar dicotomias e lógicas
binárias in-ter-mi-ná-veis:
Totem/Tabu; Invenção/Mercado;
Singularidades/Coletivos;
Morte do Autor/Renascimento do Leitor,
público-autor-desautorizado e não.
Pensamento Selvagem/Perspectivismo.
Capitalismo devorador/Anarquismo recalcado.
TUDO FOI DOMINADO e ou VOMITADO pelo
Kapital líquido, sólido, gasoso?
Por que retomar  Lévi-Strauss fingindo
ignorar o ecletismo de Roger Bastide?
A NÁUSEA de João Paulo Sartre?
Dentro do cipoal do citacionismo
pós-tudo, a hora e vez de investirmos
na moçada rebelde do PPGARTES/UERJ.
Antes, durante e depois das GREVES,
escuridões e clarividências.
Leões do Norte e Leoas Desnorteadoras
jamais barradas pelas eternas dualidades.
Recife, setembro de 2012
Jomard Muniz de Britto
atentadospoeticos@yahoo.com.br

Consciência social e busca do voto

O bolo e o glacê na peleja eleitoral
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha 

O objetivo óbvio é a conquista do voto. Mas entre a intenção e o resultado há um espinhoso e às vezes turbulento caminho a percorrer, palmilhado por ideias, propostas e, em alguns casos, busca ansiosa de um fato fortuito, uma denúncia ou lance de efeito que possa, pela emoção, superar a dificuldade de convencer pela argumento.

Emoção e razão, entretanto, não podem caminhar em paralelo, devem estar entrelaçadas, sob pena de artificialismos estéreis.

Quando a campanha para cargo executivo – prefeito, governador, presidente – se inicia mal posicionada politicamente, esse equilíbrio se torna inalcançável. O discurso colide com a realidade, não obtém aderência junto ao eleitorado e mesmo a técnica apurada no programa de TV resulta inútil.

Diferentemente, o bom posicionamento político faz-se ponto de partida de uma trajetória ascendente, pela razão exata de que o discurso combina com a prática, encontra sustança na realidade concreta, sensibiliza, conquista e empolga.

A propaganda bem feita na TV, no rádio, na internet e nos meios impressos ajuda, sim; mas não faz milagres. Às vezes, a carência de recursos técnicos apurados prejudica, mas não impede a vitória. Em última instância, o essencial é a empatia com o eleitor mediante propostas e gestos que o conquiste e o leve não apenas a apoiar, mas a admirar o candidato.

Não se trata de tese. Essas considerações refletem a experiência acumulada, para além da observação empírica. E cabem na hora presente: que o debate de ideias flua tão natural quanto o parto aos nove meses de gestação, respeitando-se as diferenças, submetendo-se ao crivo popular projetos díspares. A tentativa de turvar o debate com manobras verbais diversionistas ou a busca inglória do “fato novo” capaz de mudar (sic) o curso da disputa certamente não encontram receptividade num eleitorado que amadurece a cada pleito, ainda que o senso comum o julgue despreparado e desatento.

Arraes advertia que em tempos de liberdade reconquistada, pós ditadura militar, já não temíamos os canhões e as baionetas, o risco a partir de então era não sermos compreendidos porque entre a palavra e o ouvinte se interpunha a mistificação midiática. Hoje é possível concordar ainda com a observação arguta do ex-governador, porém vale sublinhar que a experiência democrática das últimas três décadas vem plasmando uma consciência social que se eleva.

Recife, cidade rebelde (no dizer de Agamenon) historicamente tem sido palco de campanhas polarizadas e duras, em que ao final sempre se decide entre candidaturas que se distinguem não exatamente pelo invólucro, mas pela consistência – ou seja, vale mais o bolo do que o glacê.

Não há nenhuma razão para que se supor que neste abençoado ano de 2012 o resultado seja outro. A maioria certamente optará por quem se apresente capaz de arrostar os desafios atuais e futuros, em favor de uma cidade mais humana.

Fator de soberania nacional

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Amazônia e a nova geopolítica

 
Todas as recentes e confiáveis informações de fontes especializadas indicam que as últimas investidas, seguidas de saturação, do complexo industrial militar anglo-americano contra regiões da Ásia e Oriente Médio suscitam preocupações relativas ao futuro da Amazônia.

Tem sido motivo de estudos avançados o declínio militar e diplomático, relativo do centro hegemônico das nações do primeiro mundo que se encontram sob a orientação ou subordinação dos Estados Unidos e Inglaterra, apesar da feroz ofensiva armada, midiática, política, nos tempos atuais.

Por outro lado, são fortes os indícios que demonstram uma silenciosa, paulatina, ocupação internacional da região Amazônica com o argumento auto justificável de constituição de reservas florestais e demarcação de (colossais) áreas indígenas, sob forte pressão forânea, onde vicejam milionárias organizações ambientalistas fundamentalistas internacionais financiadas por esse mesmo complexo financeiro-militar de caráter neo-colonizador.

A maioria dessas atividades, consumadas ou não, encontram-se principalmente nos espaços entre o Brasil e as regiões de fronteiras com a Colômbia, Venezuela e Guianas de acordo com as informações cadastradas por diversas organizações preocupadas com o futuro soberano das nações sul-americanas e do Caribe.

Com a curva econômica descendente dos Estados Unidos, associada à crise do ex-império colonial britânico umbilicalmente ligado às estratégias financeiras, militares, norte-americanas, responsáveis em última instância pela insanidade galopante dos círculos belicistas, estão redirecionando seus interesses a médio prazo para a Amazônia como indica, por exemplo, a revista Solidariedade Ibero-americana.

São também movimentos diretos de Washington várias ações desestabilizadoras como a crise política no Paraguai, o patrocínio à criação da Aliança do Pacífico, um novo bloco pactuado entre Chile, Peru, Colômbia e México, o sistemático combate à Venezuela buscando o seu isolamento etc.

Assim fica cada vez mais claro que ocorrerá, com a crise econômica global sistêmica, um vigoroso movimento financeiro-militar sob liderança dos EUA rumo ao fabuloso complexo amazônico, suas reservas naturais, florestas, imensuráveis riquezas minerais, biológicas. Se o Brasil deseja manter a soberania na região terá que alterar com urgência a sua política para a Amazônia.

História: 10 de setembro de 1837

O líder republicano Bento Gonçalves foge em canoa da prisão no forte do Mar, BA. Volta ao RS e retoma a Revolução Farroupilha. (Vermelho www.vermelho.org.br).

Descontrole tático & derrota eleitoral

A desconstrução do outro diante do espelho
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

A política é a expressão institucional da vida como ela é. Digo e repito um milhão de vezes – e a prática o confirma sempre. Sob todos os aspectos. E em todas as pelejas – sobretudo quando está em jogo a busca do voto.

No cotidiano, quando se perde a razão e falecem os argumentos e a serenidade, aparentemente fácil é desqualificar o interlocutor – mas quase sempre dá errado.

Na luta eleitoral, do meio para o fim de uma campanha em que a vantagem parece se consolidar em favor do adversário, das duas uma: ou se tenta rever conceitos, propostas e modos; ou se parte para a agressão, aberta ou sutil. A segunda alternativa, além de preferencial em nove entre dez perdedores, revela anemia programática e descontrole tático.

O pressuposto (falso) é de que “desconstruindo” o adversário será possível alcançar (ou recuperar) pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto e, assim, quem sabe vencer. Cá na província o único caso bem sucedido que eu me lembre deu-se no pleito municipal de 1985, no Recife, quando veio à tona o fato de que o então candidato pelo PMDB, deputado Sérgio Murilo Santa Cruz, era autor material de um crime de morte (no caso, fato real). Assim mesmo porque a campanha do peemedebista cometeu o erro clamoroso de rebater na TV o que circulava em panfletos. Em menos de vinte dias perdeu a eleição, que parecia ganha, para o principal concorrente Jarbas Vasconcelos, que disputava pelo PSB.

E há casos – a quase totalidade, segundo pude observar nas últimas três décadas de participação ativa na luta política – em que a agressão significou um tira certeiro no próprio coração, sequer permitindo que o agressor decolasse.

Em geral a prática desse tipo de expediente é absolutamente contraproducente. No máximo contenta parcela da militância desestimulada e lava a alma de próceres partidários raivosos. O eleitor não gosta de agressão e as coisas funcionam ao inverso: quem acusa o adversário de mentiroso o faz olhando-se ao espelho.

Mas o estratagema se repete. Parece doença inevitável de quem caminha para a degola. Ou recurso desesperado de quem já não encontra em que se agarrar numa situação de evidente declínio.

Com o tempo, a repetição exaustiva desse procedimento – com raríssimas exceções exitosas – termina por configurar uma lei objetiva de pelejas eleitorais: “quem bate não ganha, quem evita a arenga e concentra-se em proposta, vence”.

09 setembro 2012

Sugestão de poeta

A sugestão de domingo é de Fernando Pessoa: “A cada hora se muda não só a hora/Mas o que se crê nela, e a vida passa/Entre viver e ser.”

08 setembro 2012

Lição da vida política

Dica de sábado: Em campanha eleitoral, agredir e desqualificar o adversário reflete anemia programática e descontrole tático. E nunca dá certo.

 

Para iluminar o sábado

A prosa poética de Rubem Braga para iluminar este sábado: “...assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.”

05 setembro 2012

A luta move e renova a vida

Drummond em tempo de aniversário: “Tempo de entusiasmo e coragem/em que todo o desafio é mais um convite à luta/que a gente enfrenta com toda disposição/de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,/e quantas vezes for preciso.”

04 setembro 2012

Fatores subjetivos & condições objetivas

Vontade e realidade no embate eleitoral
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha

Vale para toda e qualquer peleja – seja sindical, estudantil, comunitária e, sobretudo, nos dias que correm, eleitoral. Isto porque é a tradução, num plano micro, digamos assim, do que ocorre na transformação social. Fatores subjetivos (que refletem a percepção e a vontade das pessoas) interagem com condições objetivas (a realidade concreta, que independe da vontade humana e se apresenta passível de ser mudada).

Não basta a vontade, mas o correto discernimento, a compreensão exata da realidade como se apresenta – o estado da arte na economia e na vida cotidiana das pessoas, as forças sociais e políticas em presença – servem de base à formatação de orientação política adequada, capaz de unir e movimentar forças que, embora inicialmente frágeis, podem crescer e se tornarem predominantes.

O mesmo vale quando a força acumulada já estabelece uma posição de vantagem – ou seja, correntes políticas e setores da sociedade convergem numa mesma direção e, postos em movimento sob orientação correta, fazem valer o seu poderio.

Nas campanhas eleitorais essa equação se manifesta de maneira nítida, aos olhos do bom observador. Não raro o equívoco tático põe a perder uma coligação que inicialmente se apresentava aparentemente imbatível. Caso das eleições municipais de 2000, no Recife e em Olinda.

De outra parte, forças conjugadas que partem exibindo evidente supremacia confirmam a vitória mercê de conduta tática justa. Caso da reeleição de Eduardo Campos ao governo de Pernambuco em 2010.

A porca entorta o rabo quando nem se tem em conta a realidade concreta em suas múltiplas variáveis, e ainda por cima se adota uma tática inadequada, expressa em discurso que não chega ao eleitorado ou chega apenas a uma reduzida parcela em torno da militância organizada. Nesse caso, por mais bem intencionado (sic) que seja, a fala do candidato e de seus porta-vozes soa como que para o próprio público, como uma tentativa de suprir emocionalmente ou moralmente a ausência de orientação política.

Desse modo, quanto mais se fala, menos resultado se obtém. E dá-se o afastamento progressivo entre o candidato e os eleitores, constatado em pesquisas de opinião e confirmado nas urnas.

A vida é rica em exemplos, aqui mesmo na província. Quase todos eles, casos de vitória ou de derrota – refletindo conduta tática e discurso acertados ou equivocados – produtos do bom ou deficiente entrelaçamento entre a vontade política e a realidade objetiva. No passado no presente. Basta analisar atentamente o que se passa diante dos nossos olhos – na TV e nas ruas.

Em contraposição à fala de Lula na TV

Minha opinião sobre Geraldo Julio, técnico e líder de uma ampla frente partidária e social. Veja o vídeo

02 setembro 2012

Mestre e amigo

Perdemos Denis Bernardes: historiador, professor, militante, folião e acima de tudo amigo. Mestre na arte de fazer o bem.

Solidariedade ao amigo Humberto Costa

Tentei falar com Humberto Costa e não consegui e lhe enviei essa mensagem pelo telefone celular: “Vi agora essa matéria caluniosa contra você na IstoÉ. Uma indignidade! Conte, como sempre, com total e irrestrita solidariedade e confiança – minha, de Luci e de todos nós do PCdoB. Fraternal abraço, Luciano Siqueira”

01 setembro 2012

Veja aqui onde você pode participar neste sábado

Agenda deste sábado. Quem vem com a gente?
9h: Caminhada no Coque. Concentração: Av. Central, próximo à estação de metrô Joana Bezerra - 12h: Feijoada com o cantor Canibal no Alto José do Pinho. No Largo do Alto José do Pinho; 12,30 h: Feijoada dos profissionais de saúde, no Comitê de Antonieta Trindade 65123 (Rua Barão de Itamaracá, Espinheiro); 15h: Aniversário do Teletaxi (Circo Maluco Beleza, em Boa Viagem); 14,30h: Inauguração do Comitê do vereador Antônio Luiz Neto (Pátio da Feira do Arruda); 17h: Reunião com Cida Pedrosa vereadora 65613 (Rua Eng. Oscar Ferreira, 329 Salão Festa); 17,30h: Caminhada na Vila do Ipsep (Concentração no Cruzamento da Av. Saldanha Marinho, com a Rua Saturnino Meireles, Por trás da Delegacia do Ipsep; 20,30h: Festão dos Pais (Clube das Águias, Piedade).