Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Folha
Vale para toda e qualquer peleja – seja sindical, estudantil, comunitária e, sobretudo, nos dias que correm, eleitoral. Isto porque é a tradução, num plano micro, digamos assim, do que ocorre na transformação social. Fatores subjetivos (que refletem a percepção e a vontade das pessoas) interagem com condições objetivas (a realidade concreta, que independe da vontade humana e se apresenta passível de ser mudada).
Não basta a vontade, mas o correto discernimento, a compreensão exata da realidade como se apresenta – o estado da arte na economia e na vida cotidiana das pessoas, as forças sociais e políticas em presença – servem de base à formatação de orientação política adequada, capaz de unir e movimentar forças que, embora inicialmente frágeis, podem crescer e se tornarem predominantes.
O mesmo vale quando a força acumulada já estabelece uma posição de vantagem – ou seja, correntes políticas e setores da sociedade convergem numa mesma direção e, postos em movimento sob orientação correta, fazem valer o seu poderio.
Nas campanhas eleitorais essa equação se manifesta de maneira nítida, aos olhos do bom observador. Não raro o equívoco tático põe a perder uma coligação que inicialmente se apresentava aparentemente imbatível. Caso das eleições municipais de 2000, no Recife e em Olinda.
De outra parte, forças conjugadas que partem exibindo evidente supremacia confirmam a vitória mercê de conduta tática justa. Caso da reeleição de Eduardo Campos ao governo de Pernambuco em 2010.
A porca entorta o rabo quando nem se tem em conta a realidade concreta em suas múltiplas variáveis, e ainda por cima se adota uma tática inadequada, expressa em discurso que não chega ao eleitorado ou chega apenas a uma reduzida parcela em torno da militância organizada. Nesse caso, por mais bem intencionado (sic) que seja, a fala do candidato e de seus porta-vozes soa como que para o próprio público, como uma tentativa de suprir emocionalmente ou moralmente a ausência de orientação política.
Desse modo, quanto mais se fala, menos resultado se obtém. E dá-se o afastamento progressivo entre o candidato e os eleitores, constatado em pesquisas de opinião e confirmado nas urnas.
A vida é rica em exemplos, aqui mesmo na província. Quase todos eles, casos de vitória ou de derrota – refletindo conduta tática e discurso acertados ou equivocados – produtos do bom ou deficiente entrelaçamento entre a vontade política e a realidade objetiva. No passado no presente. Basta analisar atentamente o que se passa diante dos nossos olhos – na TV e nas ruas.
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