26 outubro 2012

Eleição marcante

A estratégica eleição em São Paulo
Luciano Siqueira

 

A poucos dias do desfecho do segundo turno das eleições municipais, especula-se sobre a provável contabilidade política a se consumar já na noite de domingo, 28. E, ao que tudo indica, a vaticinada derrota estrondosa do PT não se consumou – nem com o estardalhaço feito pela grande mídia em torno do julgamento do chamado “mensalão”.  Na verdade, o PT tende a sair vitorioso - com destaque.

Claro que não apenas o PT se dá bem nesse pleito. O PSB, liderado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, desponta bastante fortalecido a partir da vitória no Recife e em outras importantes cidades. Os demais partidos da coalização que apoia o governo Dilma Rousseff, idem – inclusive o PCdoB.

O enfraquecimento ocorre no outro lado da rua, nas hostes oposicionistas. O PSDB ainda se mantém como força hegemônica no leque partidário que combate o governo Dilma, porém com uma derrota de dimensão estratégica em São Paulo. O Democratas, mesmo que venha a vencer em Salvador, se vencer, restará mais desmilinguido do que estava.

A provável vitória de Fernando Haddad na capital paulista encerra um ciclo tucano de duas décadas. Um fortim da luta nacional muda de mão. Ponto para o projeto nacional de desenvolvimento em gestação desde o governo Lula.

O peso específico de São Paulo reforça a correlação de forças pró-Dilma, ou seja, em favor do conjunto das forças políticas que governam o País. Melhora substancialmente a correlação de forças que pode influenciar o curso dos acontecimentos em 2014.

Em torno de Haddad, é bom salientar, estão o PSB e o PCdoB, que no Recife estiveram separados. O PCdoB tem em Nádia Campeão a vice-prefeita na chapa do ex-ministro da Educação.

Assim, o mapa definitivo deste pleito revelará considerável discrepância com o presumido por “analistas” da grande mídia, que imaginavam uma esquerda parcialmente derrotada. Mais uma vez fica claro que entre a pirotecnia midiática – que faz seus estragos, sim, não se pode subestimar – e a realidade concreta, o eleitor avança no sentido de escolhas que dizem respeito à melhoria concreta da situação de vida. Daí o capital acumulado pelo PT e aliados, a despeito de erros, insuficiências e contratempos.

Há, portanto, muito que refletir sobre o episódio eleitoral em curso. E sobre as perspectivas para as eleições gerais de 2014 – sem previsões precipitadas, nem ilações fantasiosas.

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