Luciano Siqueira
Tão natural quanto o parto aos nove meses de gestação, porém
muito cedo para conclusões peremptórias. Assim é o debate que se abre acerca do
pleito de 2014, na esteira dos resultados das urnas de 7 de outubro último. Não
apenas porque ainda há um segundo turno em bom número de importantes cidades, a
exemplo da maior capital do País, São Paulo; como também porque na gestação do
cenário de 2014 concorrerão muitas variáveis, além da contabilidade das
eleições municipais de agora.
É claro que todos os partidos entraram na peleja deste ano
buscando acumular forças para desafios futuros. E cada a seu modo cuidará de
dar dimensão e concretude aos postos conquistados, no Executivo e no
Legislativo municipal. Mais: explorar o peso político de vitórias obtidas em
cidades grandes e médias. Isso é legítimo, faz parte do jogo e se constitui em
uma das variáveis da caminhada até as eleições gerais próximas.
Porém daqui até lá, muitos fatores pesarão. A começar pelo
desempenho da economia e, por consequência, do governo da presidenta Dilma –
agora desafiada a dar sequencia ao crescimento econômico e a manter e ampliar
conquistas sociais e, ao mesmo tempo, dar trato à sua base política de
sustentação. A operação política do atual governo central é um elemento chave
no desdobrar da situação.
Isto porque cada pleito tem em grande medida a sua
conformação determinada pelo ambiente político e social existente. Quando a
população se sente satisfeita com a ordem vigente, ainda que carente de solução
para muitos dos problemas que a afligem, a tendência natural é o fortalecimento
das forças que governam. No caso, o PT da presidenta Dilma e do ex-presidente
Lula e seus aliados.
De outra parte, às forças oposicionistas cumpre o desafio de
construir um discurso capaz de sensibilizar a maioria em favor de uma pretendida
mudança na composição do poder central. Por enquanto, isto não tem se mostrado
fácil, para além da denúncia dos “malfeitos” praticados por petistas sob a
inspiração do julgamento do chamado mensalão pelo Superior Tribunal Federal.
Esse discurso é pouco e insosso, considerando-se o tamanho do País e a largueza
das conquistas obtidas pelos brasileiros e brasileiras desde a assunção de Lula
à presidência da República. O próprio “mensalão” teria influenciado muito pouco
o pleito municipal, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, apesar de presente
nos argumentos de forças que lutam contra o PT. Em São Paulo capital, por
exemplo, o tucano Serra faz desse tema um dos seus supostos trunfos contra
Haddad, do PT, no segundo turno em curso, aparentemente sem maiores resultados.
Em suma, concluamos a batalha municipal e deixemos para
especular com letras mais precisas sobre 2014 quando a poeira baixar e o
cenário passar a ser desenhado.
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