Luciano Siqueira
Publicado no Vermelho www.vermelho.org.br e no Jornal da Besta
Fubana
Quantas vezes já não se disse em relação a este ou àquele
governo que é fraco porque não tem uma boa comunicação? Em geral, a sentença se
refere a um desempenho supostamente deficiente da assessoria de imprensa ou da
propaganda institucional. Pode até ser, em algum caso. Mas o “x” da questão não
está aí, e sim nos gestos de governo. Em outras palavras, como o governo fala.
Isto porque governos se comunicam antes de tudo através do
gesto, da atitude, do modo de fazer, de cumprir compromissos assumidos perante
a população. O fato concreto é que serve de matéria prima ao trabalho da equipe
de comunicação. Governos inoperantes, arredios ao contato com o povo, avessos
ao debate com a sociedade e ensimesmados dificilmente serão bem sucedidos
política e administrativamente.
No Recife, estamos praticamente na primeira semana de
governo. O prefeito Geraldo Julio e equipe têm praticado gestos marcantes, gerando
excelentes oportunidades de mídia e, sobretudo, impacto muito positivo na
população. Alguns analistas da imprensa atribuem o fato a um inteligente plano
de marketing, desconhecendo o essencial – a concepção de governo.
Em boa medida, o que fazemos agora é continuidade do que
fizemos na campanha: o diálogo permanente, amplo, consistente e criador com a
população permeando, agora, o esforço
diligente de por em prática o Programa com o qual nos comprometemos (e,
inclusive, registramos em cartório).
Já no primeiro dia estávamos no terreno onde será construído,
em doze meses, o Hospital da Mulher – um dos compromissos destacados de
campanha relativo à saúde e à política de gênero. Depois, o prefeito, seu
vice-prefeito e equipe têm comparecido aos mutirões de limpeza, que denominamos
“Operação Faxina Geral”, destinado a recolher o lixo e o entulho acumulados em
praticamente todo o território da cidade. E assim por diante. A agenda é
intensa.
Jamais se viu uma campanha para cargo executivo no Recife
que tenha ouvido tão amplamente a população, seja através do diálogo com mais
de sessenta entidades e instituições representativas de segmentos sociais, seja
no contato direto com as pessoas. O governo se inicia nesse mesmo diapasão,
ouvindo, explicando, dialogando, compartilhando ideias e ações.
E assim deverá prosseguir, de maneira mais aprimorada ainda
na medida em que melhor se estruture organizativamente e defina o uso de
instrumentos institucionais como o Orçamento Participativo e os Conselhos setoriais,
acrescentados do contato direto com as pessoas.
Trata-se, portanto, de uma concepção, de um conceito do modo
de governar – e não de simples jogada de marketing.
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