A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
05 janeiro 2013
A prosa poética de Virginia Barros
Postumamente
Quando eu me for, quero um minuto de
barulho. Pra que silenciar diante de uma vida bem vivida? Não, pelo amor de
Deus, não silenciem. Maior homenagem não haveria do que recitar poemas,
inventar acordes, gastar sessenta segundos com aplausos efusivos, caso se
consiga. Misturar o som do piano com tamborim, inventar trilhas sonoras para o
filme finito, espalhar as cores que se encontrou na vida. O silêncio é
submissão, é bandeira branca, porte de perdedor. Quando alguém querido se vai,
nossa maior homenagem é dedicar-lhes a arte que lhe guiou a vida. Então se for
pra sofrer (e como sofremos!), que seja cantando, que se chore aplaudindo, que
se curve dançando. Não abandonemos nem por um minuto a lembrança boa daqueles
que deram sentido à nossa vida – e depois se foram, com a missão quase
cumprida.
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