20 janeiro 2013

Cada gestor tem o seu jeito

Miró
Marca de governo: pessoal e intransferível
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha

No início, os primeiros registros na imprensa sugeriam uma espécie de imitação (sic) de gestor bem sucedido – no caso, o governador Eduardo Campos. Agora, passados quase quinze dias do novo governo, já se reconhece que se trata de algo pessoal, como assinala a Folha de Pernambuco em matéria publicada no último domingo. O prefeito Geraldo Julio imprime marca própria ao seu iniciante governo.

E assim ocorre com todo governante, seja qual for o traço dominante de sua personalidade ou o tamanho da sua liderança. Para o bem ou para o mal.

É fato que a história registra gestores consagrados prelo êxito e pela aprovação popular, assim como desempenhos sofríveis, quase sem uma marca definida – ou, pior, marcados pelo traço da inoperância e da incapacidade de liderar. Ou ainda por outras características mais depreciativas, no caso dos que enveredaram por práticas questionáveis do ponto de vista ético.

Na matéria da Folha, registram-se iniciativas consonantes com os compromissos programáticos assumidos na campanha eleitoral. O anúncio da construção do primeiro Hospital da Mulher, já no primeiro dia efetivo de governo, concretizando parcerias com o governo federal – que cedeu o terreno – e com o governo estadual – que contribuiu com o projeto da obra. Na mesma linha, a realização do mutirão de limpeza da cidade, sob inspeção direta do prefeito; e o primeiro Compaz, com o benefício da cessão das instalações e do terreno do antigo Clube Chesf.

Acontece que a marca que o novo prefeito imprime à sua gestão vai mais além. Também refletindo performance alcançada na campanha eleitoral, mostra-se hábil politicamente, seja na montagem dos primeiros escalões do governo, seja na condução da ação administrativa cotidiana. A capacidade de ouvir, de considerar as diferenças e de decidir de modo a unir consciências e vontades tem sido elemento determinante na mobilização bem sucedida do conjunto da equipe.

E é imprescindível que assim seja, pois o cargo que exerce envolve duas dimensões distintas e entrelaçadas: a política e a administrativa. O poder local é, na essência, um ente político. Atua como mediador do conflito social que se dá no território da cidade. O prefeito lidera uma coalizão partidária e social. Há que agir com descortino, habilidade e determinação, agregando sempre, ampliando mais ainda. Exercendo a hegemonia em ambiente largo e plural.

No aspecto administrativo, há que reunir liderança, conhecimento técnico e aptidão para distribuir responsabilidades, controlar e medir resultados.
 
Muito cedo ainda para se avaliar o desempenho de alguém cuja missão se realizará em quatro anos. Mas já há uma marca própria – pessoal e intransferível -, afirmativa e perceptível pela população.

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