12 janeiro 2013

Crise norte-americana

Na revista Retrato do Brasil:
Os americanos estão à beira do abismo?
Não estão, mas avançam nesse rumo. Com a crise, nos últimos quatro anos, o déficit do governo foi de mais de 1 trilhão de dólares anuais


O ano fiscal dos EUA começa em outubro e termina em setembro do ano seguinte. A 30 de setembro do ano passado foi fechado o orçamento fiscal do governo para 2012, iniciado em 1º de outubro do ano anterior. Balanço, em números arredondados: déficit de 1,1 trilhão de dólares, 3,5 trilhões de gastos e 2,4 trilhões de receitas; apenas um pequeno avanço em relação aos megadéficits dos três anos anteriores, de aproximadamente 1,3 trilhão de dólares cada um.

Como consequência, o primeiro governo de Barack Obama (2009-2012) terminou com a dívida bruta americana em 16,3 trilhões de dólares, mais de 60% superior à do final do governo de seu antecessor, George W. Bush e próxima do limite legal estabelecido para essa dívida pelo Congresso, de 16,4 trilhões de dólares. Pior: os dois grandes partidos americanos, o Republicano e o Democrata, estão metidos numa das suas mais acirradas disputas dos últimos tempos.

A campanha eleitoral de 2012 foi realizada graças a uma trégua para os dois lados poderem resolver suas divergências com as eleições. Os democratas tinham ganho a Presidência e a maioria das duas casas legislativas federais – Câmara e Senado – nas eleições de 1998. Mas perderam a mais importante, a da Câmara, em 2010. E, no início de 2011, quando começou a discussão do Orçamento de 2012, os republicanos ameaçaram não elevar o teto da dívida, então fixada em 15,3 trilhões de dólares para o final de 2011.

O debate sobre a elevação ou não do teto da dívida americana ficou nas manchetes dos jornais de todo o mundo por meses, entre o final do primeiro semestre e o início do segundo semestre daquele ano. É um debate que vale a pena revisitar. A dívida americana é muito grande, maior que o PIB do país. O déficit anual recente é, evidentemente, insustentável: ficou entre 7% e 10% do PIB, quando um déficit de 3% é o limite a partir do qual o Fundo Monetário Internacional (FMI) começa a dar palpites e quer intervir na economia dos países. Também é óbvio que os americanos não conseguirão financiar sua dívida pagando tão pouco como atualmente: cerca de 2% anuais para títulos com vencimento em dez ou mais anos.

Pode-se dizer que a dívida americana está neste pedestal espetacular porque, de certa forma, ela é o dinheiro global. Da atual população mundial de cerca de 7 bilhões, pode-se dizer que 1 milésimo – 7 milhões – são milionários (tem poupança financeira equivalente a 1 milhão de dólares). E um milésimo desse milésimo, umas 700 pessoas, tem poupança financeira equivalente a 1 bilhão de dólares.
 
Leia a matéria na íntegra  http://migre.me/cM6SP

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