10 fevereiro 2013

Arte & mercado

Os dólares da arte
Plínio Palhano, artista plástico


Publicado no Jornal do Commercio

Um dos artistas ingleses que participou da famosa exposição “Sensation”, realizada em 1997, na Royal Academy of Arts, em Londres, Damien Hirst, com a curadoria da mostra assinada pelo empresário da publicidade e, hoje galerista Charles Saatchi, tem, segundo o “Sunday Times”, de Londres, uma fortuna estimada em U$ 350 milhões, construída com os seus truques de mercado através de uma verdadeira máquina de vendas. A grande estratégia do artista de 47 anos foi convencer os seus seguidores a desembolsar milhões por provocações criadoras, tais como vivisseccionar animais; usar bitucas de cigarros nas obras; apresentar um crânio humano fundido em platina e cravejado de diamantes; e uma das mais famosas: um tubarão conservado em formol, vendida simplesmente por U$ 12 milhões ao bilionário Steve Cohen, que é obrigado a preservar a obra em refrigeração, já que quase a perdia porque o formol não estava dando conta do trabalho de conservação.

Até onde essa máquina irá funcionar retirando essas quantias dos bolsos de quem tem muito e não sabe o que fazer? Alguns especialistas dizem que expor um Hirst, como propriedade cultural dá visibilidade ao comprador, o faz distinguir-se entre os simples colecionadores, pois se supõe que está acima de todos os consumidores da arte contemporânea. Então não se leva em conta aí o gosto, a admiração da obra por si; só, no caso, o nome do artista e a sua projeção nas façanhas financeiras no mercado.

Mas mesmo assim, com todo esse poder do artista no mercado de arte, na queda do banco americano Lehman Brothers, em 2008, as suas obras foram atingidas pela bolha financeira e começaram a cair na cotação dos preços, embora haja entre os colecionadores mais sólidos uma busca por artistas que possam garanti-los quanto ao investimento, a exemplo de Gerhard Richter, um artista alemão, considerado um dos mais cotados atualmente, alcançando o preço de U$ 34 milhões, um valor extraordinário por se tratar de um artista vivo. Também estão à procura dos Pollocks, Warhols, Rothkos, Bacons.

Agora, o martelo dos leilões internacionais bate para as obras de Damien com o preço bem menor ao que alcançava no pico do mercado, mas continua como a grande estrela, só que em lenta queda...

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