30 maio 2013

Indicadores positivos

Um dado significativo da última década
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br

Certamente por muitos ângulos é se deve examinar a última década em nosso País – desde que a eleição de Lula, em 2002, interrompeu o reinado neoliberal patrocinado por FHC aos dias atuais. Em que medida o Brasil vem se afirmando, no concerto internacional, como nação soberana; como tem sido possível preservar nossa débil e distorcida democracia; qual a dimensão das conquistas sociais alcançadas.

Nesse último aspecto, vale anotar conclusões de pesquisa recente do Ipea que aponta uma redução em 19,3%, da vulnerabilidade das famílias brasileiras, no período.

Considerando informações dos censos demográficos de 2000 e 2010, o Ipea atesta que há dez anos a vulnerabilidade era de 0,305, enquanto que em 2010 caiu para 0,246.

Segundo os pesquisadores, o acesso ao trabalho (29,4%) e aos recursos financeiros (36,2%) se destacam entre os seis componentes do índice geral, com maior peso na redução média nacional. O item desenvolvimento infanto-juvenil diminuiu em 16%.

Por outro lado, com desempenho negativo aparecem as condições habitacionais (-13%) e o acesso ao conhecimento (-11,9%).

Ainda que aqui não se profunde a análise (que pode ser feita através do estudo detalhado da nota técnica do Ipea a respeito, no site www.ipea.gov.br), é possível sublinhar, a partir dos indicadores mencionados, o inegável avanço na melhoria da qualidade de vida da população, lastreada na enorme expansão do mercado de trabalho e na efetiva valorização da renda dos trabalhadores.

No polo oposto, o registro das condições habitacionais, que são precárias para contingente enorme das famílias, assim como o padrão de escolaridade ainda muito aquém das crescentes demandas que acompanharam, no período, o incremento das atividades econômicas.

O fato, entretanto, é que os dados aqui mencionados são uma espécie de ponta do iceberg em sentido positivo, subproduto da combinação entre crescimento econômico e inclusão social, que vem caracterizando o Brasil (e alguns países da América do Sul), na contramaré da regressão social que se verifica no EUA e na Europa, atolados em crise sistêmica.

Mesmo no difícil ano passado, a economia semiestagnada operou com taxa de desemprego pouco acima de 5% - o que tecnicamente se pode considerar pleno emprego para muitas categorias -, em tremendo contraste com o que ocorre agora nos países capitalistas centrais.

Dados inquestionáveis, portanto, que instigam uma análise cuidadosa e multilateral, para que se compreenda o processo de mudanças em curso no País, sujeito a avanços e a retrocessos em meio a penosa transição da ordem herdada de FHC para um novo rumo no desenvolvimento.
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