15 junho 2013

Privacidade esmagada

Cem por cento
Eduardo Bomfim, no Vermelho

 
A declaração do presidente dos Estados Unidos Barack Obama em resposta às denúncias de Edward Snowden, um agente da CIA, que o governo norte-americano espiona seus cidadãos através da internet, sistemas de telefonia, foi: ninguém pode ter 100% de privacidade.

Na verdade, é exatamente o contrário, porque pode-se afirmar sem exagero que hoje em dia a privacidade nos EUA, e no mundo, já é praticamente nenhuma, algo que vem sendo denunciado faz um bom tempo mas sempre rebatido como propaganda antiamericana.

A abrangência dos sistemas de espionagem dos Estados Unidos não se restringe às estruturas digitais de comunicação em massa como celulares e computadores incluindo os grandes provedores que pactuaram ou se viram forçados a tanto.

Implica em vários outros mecanismos invasivos de controle dos norte-americanos e de quem quer que seja em qualquer lugar da Terra desde que alguém ou alguma instituição lhes pareçam inconfiáveis ao seu domínio militar, interesses geopolíticos, econômicos.

Chalmers Johnson outro ex-agente da CIA escreveu três livros sobre os mecanismos de dominação, os custos e as consequências da expansão imperial dos Estados Unidos e em um deles, Blowback, afirmou que o Estado norte-americano possui em torno de mil bases militares espalhadas pelo mundo, além de uma complexa rede de espionagem e grupos mercenários armados, terceirizados, agindo em todos os continentes.

São contundentes as denúncias de que as estruturas midiáticas globais, como as principais grandes redes televisivas anglo-americanas estariam interligadas com as estratégias ideológicas de propaganda da política externa imperial e agem como pontas de lança dos seus objetivos.

Segundo Chalmers, as instituições norte-americanas estão subordinadas ao sistema financeiro internacional, ao complexo industrial-militar e à comunidade de inteligência do País e que nessa batida o governo dos EUA irá se transformar em algum momento, abertamente, sem subterfúgios, num regime policial dos mais tirânicos.

A emergência de novos atores geopolíticos e econômicos como os BRICS, a crescente resistência dos povos diante das agressões imperiais, a intensa crise estrutural do capitalismo neoliberal, vêm aumentando as ações subversivas dos EUA. Essa furiosa investida contra as liberdades individuais e o direito das nações são fenômenos óbvios da decadência de mais um império na História da humanidade.

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