31 agosto 2013

Palavra de poeta

O sábado é de Mia Couto: “Noturnamente te construo/para que sejas palavra do meu corpo.”

Recife Participa

Belo exercício democrático, ontem – o Recife Participa. Continua hoje e amanhã, no Centro Paulo Freire, na Madalena. É o primeiro seminário destinado a recolher da população proposições para o Orçamento de 2014 e para o Plano Plurianual (PPA 2014-2017. Você pode participar. Basta se credenciar e escolher um dos grupos temáticos.

Romulo Polari

Tive ontem, em João Pessoa, a sábia contribuição do ex-reitor da UFPB Romulo Polari, como debatedor, após minha intervenção acerca das teses do 13º. Congresso do PCdoB.

30 agosto 2013

Risco de vida

A sexta-feira é de Vinícius de Moraes: “São demais os perigos desta vida/Pra quem tem paixão, principalmente...”

29 agosto 2013

Venha debater com a gente

Comitê Recife faz bate-papo virtual para debater teses do Congresso
Do site www.pcdobrecife.com.br
 
Para estimular a militância comunista a entrar no clima do 13º Congresso do PCdoB, o Comitê Municipal do Recife promove nesta quinta-feira (29) bate-papo virtual com quatro dirigentes da legenda sobre as teses do Congresso que acontece em São Paulo, em novembro próximo.

O bate-papo acontece entre 18h e 20h e será transmitido pelo Portal Vermelho e pelo site do PCdoB Recife, a partir das 18h30. 
 
A participação é aberta a filiados, militantes, amigos e simpatizantes do partido. Os internautas poderão fazer perguntas e comentários pela Fanpage (https://www.facebook.com/pages/PCdoB-Recife/) e pelo Twitter (twitter/pcdobrecife), usando a hashtag #tesesdopcdob.

Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife e presidente do Comitê Municipal do PCdoB do Recife; Luciana Santos, deputada federal e vice-presidente nacional do partido; Marcelino Granja, secretário estadual de Ciência e Tecnologia e membro do Comitê Central; e Nilson Vellazquez, secretário de Formação do UJS e ex-presidente da UJS-Pernambuco, vão trocar idéias e responder a perguntas sobre os dez anos dos governos Lula e Dilma; a atualização da perspectiva para o Brasil, bem como a construção do partido nesta realidade inédita e as diretrizes para seu fortalecimento. 

Também na pauta da conversa, o balanço e as tendências da crise estrutural e sistêmica do capitalismo, do mundo em transição, e da nova luta pelo socialismo. 

Na segunda-feira (02), o Comitê Municipal do Recife realiza ato de lançamento do Caderno de Teses do Congresso, no Plenário da Câmara Municipal do Recife, a partir das 19h. Todos estão convidados a participar. 

Juros sobem

No Vermelho:
Juros em alta: o sacrifício da nação no altar dos banqueiros

 
Em reunião concluída na noite desta quarta-feira (28) o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 9%. É a quarta rodada de aumentos dos juros desde abril deste ano, quando a Selic estava em 7,25%. 

Trata-se de uma péssima notícia para o povo e a nação brasileira, cujos interesses estão sendo sacrificados pelos condutores da política monetária no altar da ganância da banca, nacional e estrangeira, e grandes credores da dívida pública.

Informações recentes do Banco Central revelam que cada alta de um ponto percentual na Selic resulta ao longo de 12 meses num crescimento de 0,27 ponto percentual na dívida líquida ou mais R$ 11,5 bilhões no bolso dos credores, praticamente o valor do programa Bolsa Família. Desde abril tivemos uma alta de 1,75 ponto percentual nas taxas de juros.

O pretexto é, como sempre, o assustador fantasma da inflação e a disparada do câmbio, diante da qual o BC oferece um prêmio maior aos especuladores globais para atrair capital de curto prazo e financiar o crescente déficit em conta corrente. Mas a realidade é que a atual política econômica não é socialmente neutra, muito menos orientada por critérios puramente técnicos, pois é mediada por poderosos interesses de classe e promove uma perversa transferência de renda do Estado para o capital rentista.

Condenada tanto pelos empresários do setor produtivo quanto pela CTB e os representantes da classe trabalhadora, a decisão do Copom está na contramão do anseio da maioria da sociedade e do clamor das ruas por mais investimentos públicos em saúde, educação, transporte público e segurança, bem como da luta das centrais pela Pauta Trabalhista.

Nada menos que 46,6% do orçamento da União estão, hoje, comprometidos com o pagamento de juros e amortização da dívida pública, ao passo que os gastos com pessoal e encargos sociais representam apenas 9,7%. Aqui convém notar que quando as forças conservadoras e a mídia burguesa criticam a “gastança” governamental e esbravejam contra os investimentos públicos, cobrando austeridade, se esquecem convenientemente de um detalhe óbvio e fundamental: os encargos exorbitantes da dívida são a verdadeira fonte dos desequilíbrios e déficits fiscais que sufocam a União, os Estados e os Municípios.

Para formar o superávit primário destinado ao pagamento dos juros o Estado corta gastos nos serviços essenciais, não faz novas contratações, reduz despesas com o funcionalismo e corta investimentos essenciais, inclusive em infraestrutura. A alta dos juros piora este quadro e tem, de resto, um efeito depressivo sobre a economia nacional, fortalecendo as tendências de estagnação do PIB.

Presenciamos uma deterioração da conjuntura econômica no Brasil, com a produção andando de lado, a alta descontrolada do dólar, a queda da confiança dos consumidores, a desaceleração do ritmo de criação de emprego e o preocupante crescimento do déficit em conta corrente, cuja principal causa é o aumento vertiginoso das remessas de lucros e dividendos ao exterior.

A CTB não tem dúvidas de que a decisão do Copom envenena o quadro. Urge mudar a política econômica. É nosso dever continuar lutando e mobilizando a classe trabalhadora pela redução dos juros, o fim do superávit primário, o controle do câmbio e do fluxo de capitais, a taxação das remessas de lucros, a revisão das desonerações, a criação de um fundo de investimento público em educação, saúde, transporte e infraestrutura.

São Paulo, 28 de agosto de 2013
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

Palavra de poeta

A quinta-feira é de Mia Couto: “Noturnamente te construo/para que sejas palavra do meu corpo.”

A vida do jeito que é

Troca de senhas
Marco Albertim, no Vermelho

 
Nunca fora de rezas, nem mesmo os trejeitos de crente vincavam-lhe a testa; os olhos não se fixavam em nada da igreja, só a quietude funda das pupilas resgatando as chances de um bem-estar impossível, por isso mesmo frequente nos cálculos da memória. Na abóbada, a pintura de anjos com asas da mesma cor das nuvens, o rosto redondo e rosado de cada um em volta de um Cristo imberbe, serviu para acentuar a recusa a cortes de bajulação.

Mas percebeu que entre o desenho barroco e os bancos com as quinas chanfradas de madeira, havia um diálogo mudo; até o rosto cor de cera da mulher varrendo a passarela entre as duas fileiras de bancos, o vestido branco, comprido , com listras pretas finas, deram vida ao cenário morto da capela vazia. A mulher, familiar aos diferentes perfis de adoração religiosa, percebeu nos olhos do moço o encanto pelas emanações do círio com o pavio aceso, ao lado do único altar com a cintilação rubra do Sagrado Coração. Aproximou-se dele e...

- O moço tem alguma preocupação. Tem os olhos no Cristo e o pensamento em suas palavras...

Não lhe fez perguntas, mas as reticências no final da frase soaram mais fundo do que um interrogatório sonoro. Se nunca fora de rezas, também não se dera o trabalho de trocar miudezas de crença com mulheres beatas, inda mais com o rosto mortiço da morte, apesar de ser a coadjuvante adequada à atmosfera densa de mofo, dos cupins nas frinchas dos assentos.

- Sim. – admitiu ele.

Admitiu experimentando o fel da mentira, mas crendo-se amoldado aos trajes inconfessos da opção pela vida clandestina. Foi o primeiro teste, pensou; e seria aprovado com louvor, caso fosse observado pelos camaradas que o instruíram a se fingir de estafermo, feito um camafeu sem graça.

Durante uma semana Afonso Nery sentou-se no mesmo banco da capela, no ângulo livre para apreciar a desfaçatez das imagens, incitando-o a se curvar à autoridade incognoscível da infinitude das nuvens cobrindo o sexo dos anjos.

A mulher – Generina -, por fim ele descobriu seu nome, convidou-o a sua casa depois de ouvi-lo confessar que há dois meses procurava trabalho. Todas as fábricas em cujo portão inquirira sobre as possibilidades de ser admitido, lera o frio aviso – Não há vagas.

- Também tenho um filho da sua idade. É operário em São Paulo. Reza na Igreja da Sé. Venha. Meu marido também é um cristão devoto. Não será contrário a acolher um filho de Deus precisando de ajuda.

A casa, inda que de alvenaria, não tinha forro; aqui e ali, entre uma telha e outra, um fio de luz solar riscava a escuridão das dependências – dois quartos, uma sala, cozinha, banheiro nos fundos da cozinha e um poço d’água no quintal sem árvores ou plantas. As paredes nuas da sala, do corredor, acentuavam a vacuidade da moradia; a firmeza das paredes sem marcas de sujeira, dava a impressão de ser uma casa nova, recém-construída.

- É a lembrança que o nosso filho caçula deixou. Ele foi atropelado. Nós recebemos o dinheiro do seguro e levantamos a casa – disse o marido da beata.
Na rua estreita do bairro operário, Afonso Nery experimentou, não sem ares de usurpação, o prazer de ser um morador antigo, vivendo a rotina imperceptível de ser o ferramenteiro de uma metalúrgica no mesmo bairro, o populoso Pirambu; desbastando barras de aço sob a lâmina da plaina, afiada por ele mesmo no esmeril elétrico. Como prêmio, o recrutamento mudo, sussurrado, de outros operários para o seu Partido. É possível, pensou Afonso Nery; se viver a rotina de operário é sorver o cheiro sem perfume, de paredes limpas, como o da casa do casal de beatos, não será difícil. Sentiu reavivar a busca, tornar curtos os próximos passos rumo à prática prazenteira da subversão exprobrada pela burguesia.

A rua, com a luz rala em postes distantes um do outro, logo se curvou ao costume miúdo do recolhimento em camas de colchão de palha seca. Afonso Nery conveio que, recolhendo-se no mesmo instante, também daria conta da aptidão à noite de descanso, longa, dos operários do lugar. Deitou-se numa rede, posto que não havia outra cama. Ouviu apenas os sussurros do casal no quarto, distinguindo a sonoridade arrastada de uma reza. Os dois, olhando para a imagem de um Cristo na parede.

O domingo passou-se com a mesma pachorra, sem ruídos na rua sem calçamento.

Segunda-feira, voltou à capela do Cemitério do Mororó, centro de Fortaleza. Pôs na mão direita uma caixa de fósforos, conforme combinara, para ser identificado e em seguida ser acolhido pelo Partido. Não olhou para a abóbada, visto que a beata Generina ficara em casa. Outra pessoa teria que lhe fazer uma pergunta cuja resposta desse conta de recusa ao uso de cigarros. Seria a senha.

Um moço usando tênis, calça e camisa cor cinza, cabelos soltos avessos a escovadas, inquiriu-o:

- Costuma rezar todos os dias?

Não houve tempo de responder. Outros homens entraram na capela. Afonso Nery olhou para a abóbada, para se acudir no Cristo imberbe.

O preço da estabilidade com FHC

“As altas taxas de juros não foram o único mecanismo concentrador de renda no ‘paraíso’ do Plano Real. O arrocho salarial, ao lado da abrupta abertura financeira e comercial tal como foi feita, prejudicaram a soberania nacional e contribuíram para aprofundar o abismo entre ricos e pobres no Brasil. O salário mínimo em 2002 equivalia a apenas 78 dólares, hoje equivale a cerca de US$ 320.” (Tópico 08, Tese 1 do 13º. Congresso do PCdoB).

28 agosto 2013

Conteúdo e rumo

Três movimentos na contra mão
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Desde junho, há uma nova situação política no País. Eclodiram manifestações de rua de certa envergadura, que se desdobram em inúmeras lutas setoriais e localizadas; a oposição partidária e midiática se assanhou; setores conservadores da base governista passaram a ensaiar a dissensão. Ao que se acrescenta o desgaste momentâneo do governo e da presidenta Dilma, pondo em risco o resultado do pleito vindouro.

A variável povo nas ruas é, em princípio, muito bem-vinda. A pressão popular, bem direcionada, pode desequilibrar a correlação de forças em favor do centro-esquerda interessado em avançar nas mudanças em curso.

Mas, nem tudo o que reluz é ouro. Há três elementos negativos na cena política que favorecem as forças do retrocesso.

Inspirado no mais rasteiro corporativismo, mesclado de xenofobia absurda, surge o movimento das entidades médicas contrário à vinda de profissionais do exterior. Ao invés de debater a essência do Programa Mais Médico, inclusive os aspectos relacionados com o provimento de condições de trabalho satisfatórias e o entrelaçamento com a luta pela criação da carreira na estrutura estatal, lança mão de argumentos tão improcedentes quanto deploráveis, desde uma suposta incompatibilidade linguística e cultural entre os que vêm de fora e a clientela local, como se no mundo inteiro experiências semelhantes não ocorressem exitosamente. E ainda incorpora o preconceito contra os médicos cubanos, meio de atingir Cuba socialista.

Outro elemento nefasto reúne grupos de “ultra-esquerda”, anarquistas e mercenários a soldo da direita, que tentam imprimir a marca da baderna e da violência inconsequente à luta por bandeiras justas, relacionadas com o transporte e com a melhoria dos demais serviços públicos essenciais à população de nossas cidades. A ação desses grupos recebe amplo espaço na grande mídia, justamente porque podem vir a ser fator de desestabilização democrática.

O terceiro é o modo atabalhoado como a franja conservadora, de matizes mais à direita ou centrista, que atua numa espécie de limbo temporário, tenta forjar a todo custo alternativas à presidenta Dilma nas eleições presidenciais. Aí sobra retórica e falta conteúdo. Nenhuma contribuição relevante ao necessário debate sobre os rumos do País.

Nesse contexto, ocorre a disputa pelo rumo das manifestações de rua. As legítimas representações populares e democráticas, que pautam de há muito os temas emergentes em junho, têm diante de si a tarefa estratégica de elevar o nível e a amplitude dos movimentos reivindicatórios, combinando pleitos setoriais e locais com bandeiras de cunho nacional – as reformas estruturais em especial.

PCdoB debate no seu 13º. Congresso

“As altas taxas de juros não foram o único mecanismo concentrador de renda no ‘paraíso’ do Plano Real. O arrocho salarial, ao lado da abrupta abertura financeira e comercial tal como foi feita, prejudicaram a soberania nacional e contribuíram para aprofundar o abismo entre ricos e pobres no Brasil. O salário mínimo em 2002 equivalia a apenas 78 dólares, hoje equivale a cerca de US$ 320.” (Tópico 08, Tese 1)

Buracos

De janeiro a julho tapamos 35.500 buracos, com 3 metros quadros em média. Este mês de agosto, com menos chuva, estamos atingindo 42.000. E ao se iniciar o verão, quando as condições se tornam mais propícias, faremos uma grande ofensiva em todas as RPAs, enfrentando esse desafio. Os resultados se tornarão visíveis

Voz do poeta

A quarta-feira é de Pablo Neruda: “De noite, amada, amarra teu coração ao meu/e que eles no sonho derrotem/as trevas como um duplo tambor”

27 agosto 2013

Mulheres para o trabalho

O Centro das Mulheres Metropolitanas, em Brasília Teimosa, vai capacitar mil mulheres/mês para o mercado de trabalho.

Como um jardineiro

A terça-feira é de Paulo Freire: “Estarei preparando a tua chegada/como o jardineiro prepara o jardim/para a rosa que se abrirá na primavera.”

Muita gente na rede

. O Brasil ultrapassou, em julho, a marca de 110 milhões de acessos em banda larga. Na comparação com julho de 2012, o crescimento foi 39%, informa a Agência Brasil.
. Dos 31 milhões de novos acessos feitos nos últimos 12 meses, 24 milhões de conexões foram registrados nos sete primeiros meses de 2013, o que equivale a 1,3 nova conexão por segundo, segundo levantamento divulgado hoje (26) pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil).
. Dos 21,4 milhões de acessos por meio de banda larga fixa contabilizados em julho, 2,4 milhões foram ativados nos últimos 12 meses, o que equivale a um crescimento de 12,4% ao longo do período. O número levou a Telebrasil a concluir que 39% dos domicílios urbanos no país têm internet de alta velocidade.
. O Brasil foi o país que mais cresceu em acessos à banda larga fixa na América Latina em 2012 e que, atualmente, o país encontra-se entre os dez países com maior base de banda larga fixa no mundo.
. A banda larga móvel registrou 88,7 milhões acessos em julho: crescimento de 47,6% na comparação com julho do ano passado. São 73,8 milhões de conexões feitas por meio de celulares como smartphones; e 14,9 milhões por terminais de dados, como modems de acesso e chips de conexão máquina-máquina.
. Nos últimos 12 meses, 374 municípios passaram a contar com a cobertura das redes de banda larga móvel. Com isso há redes de terceira geração em 3.414 municípios, onde, segundo o levantamento, vivem 89% dos brasileiros. Inaugurada em abril, a quarta geração de telefonia móvel (4G) tem mais de 250 mil acessos em 32 cidades.

Balela

Grande bobagem achar que expressões populares, típicas de nossa gente, não serão compreendidas por médicos estrangeiros que trabalharão aqui. No mundo inteiro a barreira da língua é superada mediante processo de integração ao ambiente social e cultural local. Médicos brasileiros trabalham em outros países e desempenham bem suas funções.

26 agosto 2013

Em baixa

Editora Abril (da Veja) vai fechar 4 revistas, um portal e demitir 150 pessoas. Crise ou decadência mesmo?

É preciso ter garra

Não adianta queixar-se da dificuldade de fazer; importa fazer o melhor possível nas condições existentes. Na vida pessoal e na gestão pública. 

Luta

A segunda-feira é de Vladimir Maiakovski: “As ameaças/e as guerras/havemos de atravessá-las,/rompê-las ao meio,/cortando-as/como uma quilha corta/as ondas.”

Solidariedade e internacionalismo

Editorial do Vermelho:
O povo brasileiro dá boas-vindas aos solidários médicos cubanos

 
No último final de semana, chegaram ao Brasil, os primeiros médicos cubanos que participarão do Programa Mais Médicos do governo brasileiro.

Os médicos cubanos vêm ao Brasil no marco de um acordo de cooperação técnica firmado entre o Ministério da Saúde do Brasil e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS). Este Acordo prevê que virão ao nosso País, para atuar nesse programa quatro mil médicos provenientes da maior das Antilhas.

A finalidade do programa, que não abrange apenas os médicos cubanos, mas profissionais estrangeiros de outros países, nomeadamente Portugal e Espanha, é ampliar a atenção à saúde à população brasileira. De acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, os médicos estrangeiros passarão por treinamento e avaliação para adaptação do idioma de língua portuguesa e saúde pública brasileira, de 26 de agosto a 13 de setembro, totalizando 120 horas. Os aprovados nessa etapa serão deslocados aos municípios onde atuarão para iniciarem o atendimento à população, na segunda quinzena de setembro. Alguns deles receberão capacitação especial para atuar em municípios com população indígena.

Os primeiros 400 médicos cubanos atuarão nos 701 municípios que não foram selecionados por nenhum médico do edital de chamamento individual (brasileiros e estrangeiros): 604 (86%) são municípios com 20% ou mais de sua população em situação de extrema pobreza e 591 (84%) são do Norte e Nordeste.

É interessante observar o perfil dos médicos cubanos que participarão da primeira etapa do programa. Segundo informação divulgada na página da Opas/OMC na Internet, 89% têm mais de 35 anos, sendo 65% do total na faixa etária de 41 a 50 anos, 84% têm mais de 16 anos de experiência em medicina, 60% são mulheres e 40% homens. Ainda segundo a Opas/OMC, todos já cumpriram missões em outros países, incluindo participação em missões em países de língua portuguesa, todos têm especialização em Medicina da Família e da Comunidade e 20% têm mestrado em Saúde.

O Acordo do governo brasileiro com a organização internacional sustenta-se na cooperação internacional em saúde, e gera nas partes envolvidas a expectativa de que será executado de forma a permitir que “valores baseados nas práticas do Sistema Único de Saúde sejam apropriados por profissionais estrangeiros”. Igualmente, espera-se que o Acordo “possibilite o intercâmbio de conhecimento na atenção básica e a produção, sistematização e apropriação das experiências e boas práticas nesse tema”. Uma óbvia consequência direta esperada é a melhoria dos indicadores de saúde nessas áreas.

De acordo com o Representante da Opas/OMS no Brasil, Dr. Joaquín Molina, “Essa é a maior cooperação técnica realizada pela Organização e representa um marco no âmbito da cooperação sul-sul ao permitir o intercâmbio e o registro de experiência sobre sistemas universais e fortalecimento da atenção básica em saúde. Os resultados dessa cooperação beneficiarão a ambos os países envolvidos em uma primeira instância e a Região das Américas como um todo”.

Mas essas evidências são ignoradas pelos partidos da direita neoliberal e conservadores, os veículos de comunicação da mídia privada e setores corporativistas das associações de Medicina do Brasil, que se revelam cegos, insensíveis e toscos.

De costas para os interesses nacionais e às necessidades emergenciais do povo, ocupam-se há dias na inglória tarefa de bombardear o programa Mais Médicos e especialmente o envio para o Brasil dos profissionais cubanos. Sem argumentos, recorrem ao que a sabedoria popular chamaria de “tertúlia mansa pra bovino dormitar”, ou como se diz nas rodas em que se reúnem os populares dos municípios interioranos que serão atendidos, “conversas de cerca Lourenço”.

São leguleios e chicanas de rábula, exibindo uma intempestiva preocupação, eivada de pedantismo e falsidade, com as relações de trabalho entre o governo cubano e seus cidadãos médicos para cá enviados, segundo critérios que nada têm a ver com a legislação trabalhista brasileira. Cuba mantém missões médicas em mais de 70 países, com a modalidade contatual respaldada pelas Nações Unidas, por meio da Organização Mundial da Saúde. Há mais de 30 mil médicos cubanos trabalhando na América Latina, África, Ásia e Oceania. No Haiti, um dos países mais pobres do mundo, assolado pela epidemia do cólera, outras enfermidades e catástrofes naturais, atuam 1.200 médicos cubanos.

“Como é um país socialista, há a preocupação de manter baixos os índices de desigualdade econômica e social. Por isso nenhuma empresa ou governo estrangeiro contrata trabalhadores cubanos diretamente, em Cuba ou no exterior (nesse caso quando a contratação é resultado de um acordo entre estados). Todos são contratados por empresas estatais que recebem do contratante estrangeiro e pagam os salários aos trabalhadores, sem grande discrepância em relação ao que recebem os que trabalham em empresas ou organismos cubanos. Os médicos que trabalham no exterior recebem mais do que os que trabalham em Cuba. Mas algo como nem muito que seja um desincentivo aos que ficam, nem tão pouco que não incentive os que saem”, argumenta o jornalista Hélio Doyle, em brilhante artigo publicado na página Brasil 247 na Internet.

Com certeza, a população brasileira apoia o programa Mais Médicos e especificamente a contratação de profissionais estrangeiros. Afinal, a tomada de medidas emergenciais e estruturais para ampliar e aperfeiçoar o atendimento médico da população, principalmente a mais carente, foi uma das principais reivindicações das manifestações juvenis e populares de junho último. E, sem sombra de dúvidas, é um dos programas sociais mais revolucionários do decênio, sob a égide dos governos progressistas de Lula e Dilma. Fosse somente por esta razão, a presidenta Dilma já teria inscrito com letras vermelhas a sua passagem pela Presidência da República. O programa Mais Médicos é mais uma medida que justifica o apoio da população, das forças de esquerda e dos movimentos sociais à mandatária.

Foi o que se expressou, em ambiente festivo e combativo nos aeroportos de Recife, Brasília, Fortaleza e Salvador no último fim de semana, quando os médicos cubanos foram recebidos por autoridades e ativistas de organizações do movimento popular. Tanto da parte dos profissionais que chegavam quanto da dos manifestantes, a palavra-chave pronunciada era solidariedade, valor supremo da ética revolucionária e socialista. “Cubano, amigo, o Brasil está contigo”, foi uma das palavras de ordem cantadas no Aeroporto Dois de Julho, de Salvador (BA), emocionando os médicos no momento do desembarque, que por sua vez, ao expressar seu agradecimento, responderam com serena altivez que vieram ao Brasil “somente por solidariedade, assim como em outros países em que trabalhamos”.

Há muito a fazer para enfrentar a dramática situação do atendimento à saúde pública no Brasil. O programa Mais Médicos, contando com a solidariedade revolucionária dos profissionais cubanos, é um passo seguro nessa direção.

Conflito necessário


Não há unanimidade na política. Polos opostos se explicitam, seja como for. O confronto de ideias é saudável, necessário. Esclarece. Sobretudo se for em torno de ideias, e não de “perfumarias” sem a menor consequência.

No filme "A mesa vermelha"

No YouTube, meu depoimento para o filme “A mesa vermelha” http://goo.gl/SZOA4x

25 agosto 2013

Amor

O domingo é de Pablo Neruda: “Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio/ou flecha de cravos que propagam o fogo:/te amo secretamente, entre a sombra e a alma.”

Serra na área

Semana que vem promete: Serra se movimenta para sair candidato de todo jeito, contra Aécio, contra a esquerda e em favor de que mesmo?

13º. Congresso do PCdoB em debate

O último decênio marca a transição de uma “herança maldita” neoliberal, que aprofundou os impasses estruturais do Brasil, para a execução de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, cujos fundamentos estão ainda em gestação dentro e fora do Estado brasileiro.” (Tópico 4., tese 1).

24 agosto 2013

Reforço

Dos 644 médicos que chegam do estrangeiro domingo, para reforçar a rede pública de saúde, 400 são cubanos e há também brasileiros.

Tudo bem, virei idoso. E daí?

Vivido e curtido para todos os efeitos
Luciano Siqueira

 

No ônibus que transporta os passageiros da pista do aeroporto à entrada do setor de desembarque, em Brasília, o jovem me oferece, respeitosamente, o assento. Recuso agradecido. Ele insiste. Volto a recusar. Ele então dispara o argumento definitivo: - Faço questão, senhor, sempre cedo o lugar aos idosos.

Idoso!? Logo eu que ignoro a contagem das décadas vividas e me vingo vivendo mais ainda, intensamente, tive que me render à deferência e me aboletei ao lado de um gordo nem tão idoso assim, mas em evidente desvantagem em relação mim no quesito disposição para a guerra. O dito cujo, em sua exuberância de paquiderme, exibia enfado de despertar inveja no mais radical dos preguiçosos.

Pois bem. No caminho para o hotel meu ingresso oficial na terceira idade não me saiu da mente. Bem que o jovem educado não errara. Mais gente tem me tratado assim - e não é de agora. Imagens de igual veredicto foram se revezando como em videoteipe. 

- Gosto de ver essa energia. Você ficou um velho entusiasmado - sapecou outro dia uma amiga, em meio a uma conversa sobre planos futuros.

- Puxa vida, eu escutando você falar sobre as teses do 13º. Congresso do Partido e pensando: ah se esse cara só tivesse 40 anos!, arrematou um militante de Igarassu. E quando acusei o golpe perguntando se me achava tão gasto assim, tentou um remendo ainda pior: - Não, camarada, você está em forma; e se tomar mel de abelha rainha vai viver mais quarenta anos!

Tudo bem que eu acredite que ainda tenho muita estrada pela frente, animado com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, mas mel de abelha rainha é de lascar. 

Tem mais. Uma tarde fui tratado como "tio" por um vendedor da Livraria Saraiva, no shopping Recife, um marmanjo magricela de evidentes quarenta e tantos anos. E ao comentar a desfeita com Luci, já transpondo a cancela do estacionamento, o danado de um flanelinha gritou a súplica:

- Vai 1 real aí, vô? 

Realmente, não há o que fazer senão me conformar e alimentar a autoestima guardando na memória o enxerimento de eleitoras ousadas durante caminhadas na última campanha eleitoral:

- O vice é coroa, mas dá pro gasto, ora se dá!

Já no quarto do hotel, não resisti e me olhei ao espelho para conferir o estado da arte do velho animado, que ainda dá pro gasto e pode ser turbinado com o mel de abelha rainha. Enquanto constatava o óbvio - como faço todas as manhãs ao fazer a barba e botar um mínimo de ordem nos cabelos irremediavelmente rebeldes, vi-me recitando em silêncio os versos de Cora Coralina: “Não te deixes destruir…/Ajuntando novas pedras/e construindo novos poemas./Recria tua vida, sempre, sempre./Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.”
 
Paciência. O jeito é tocar a vida com a chama da esperança e a inesgotável energia militante, ao invés de me deter na contemplação das rugas, marcas do tempo vivido. 
Ciência, arte, humor, fotografia, política, economia e cultura no blog desse amigo de vocês http://migre.me/dUHJr 
 

Palavra de poeta

O sábado é de Adalberto Monteiro: “Nada a fazer./Exceto aprender, com a aurora/a Renascer.”

Nova pesquisa Ibope

No Vermelho:
Nova pesquisa aponta recuperação na avaliação do governo Dilma
. Pesquisa do Ibope, em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo, mostra melhoria da avaliação do governo da presidenta Dilma Rousseff. Segundo a pesquisa, divulgada na noite desta sexta-feira (23), a taxa de “ótimo/bom” subiu para 38%, ante 31% em 12 de julho.
. Já o índice de “ruim” ou “péssimo” caiu de 31% para 24%. A avaliação de “regular” manteve-se em 37%. Segundo o jornal, apenas 1% não soube ou não quis responder.
. De acordo com o Ibope, a recuperação ocorreu principalmente nas regiões Sul e Sudeste: as taxas cresceram 12 e 11 pontos percentuais, respectivamente. Entre as explicações apresentadas estão o refluxo das manifestações de rua e a melhoria de indicadores econômicos, como a redução da inflação e do desemprego, além do aumento da confiança do consumidor.
. O instituto ouviu 2.002 pessoas, em 143 municípios de todas as regiões, dos dias 15 a 19. A margem de erro é de até dois pontos porcentuais, com “intervalo de confiança” de 95%.

23 agosto 2013

O reino da usura

O capital emocional
Eduardo Bomfim, no Vermelho
 

As flutuações cambiais surgem e desaparecem nas notícias da grande mídia quase como se fossem fenômenos semelhantes aos que acontecem com a natureza viva e para acompanhá-las existem programas televisivos especializados que nos explicam “as instabilidades emocionais, o comportamento eufórico ora depressivo do mercado” como afirmou um conhecido âncora de um canal brasileiro de televisão a cabo.



No entanto se alguém resolvesse fazer o cálculo de quanto a nação perdeu através de falcatruas, desvios de verbas, negociatas de todos os tipos promovidos por agentes públicos eleitos ou não uma das causas que recentemente levou às ruas milhões de brasileiros muito justamente indignados contra a corrupção, ainda assim seria inacreditavelmente ínfimo em relação aos lucros dos agiotas do capital parasitário, dos ataques especulativos.

Essa coisa escusa chamada eufemisticamente como “mercado de capitais”, que nada tem a ver com investimentos internacionais e internos nas áreas produtivas públicas e privadas que alavancam o crescimento econômico do País, sempre existiu no capitalismo mas assumiu proporções estratosféricas com o processo da desregulamentação global das leis que lhes impunham limites de atuação dentro das normas internacionais além do controle, legislação de cada nação de modo soberano.

Hoje mede-se a solidez de um País entre outros fatores pelas suas reservas cambiais frente às “surpresas do mercado” que podem ser traduzidas como assaltos rotineiros do capital rentista como aconteceu essa semana com a alta seis vezes seguidas da moeda norte-americana freada pela ação do Banco Central injetando de uma só vez no “mercado” 6 bilhões de dólares das nossas reservas que podiam ser investidos em saúde, educação, transportes, segurança, infraestrutura.

O neoliberalismo que gerou um lobo transformado pela grande mídia a ele associada num cordeiro com transtorno bipolar é formado por uma super classe social global e nativa que toma decisões contra os interesses das sociedades acima dos Estados nacionais, impunes.

As nações que não se submeteram aos ditames neoliberais encontram-se hoje em posição de conduzir seus destinos e economias nesse cataclismo financeiro global. O Brasil se deseja alcançar um novo projeto de desenvolvimento nacional com transformações sociais avançadas precisa enfrentar com determinação, soberania, esse agressivo predador dos povos.
Ciência, arte, humor, fotografia, política, economia e cultura no blog desse amigo de vocês http://migre.me/dUHJr


ANS x Planos de saúde

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) age corretamente ao proibir venda de 212 planos de saúde, por irregularidades.

Palavra de poeta

A sexta-feira é de Jorge de Lima: “Qualquer poema é talvez essas metades:/essas indecisões das coisas vagas/que isso tudo lhe nutre sangue e ventre.”

22 agosto 2013

A palavra instigante de Jomard

Kandisnky
PARA COMPREENDER OS ATENTADOS?
Jomard Muniz de Britto, jmb

Antes de tudo confirmar que nosso autor
de textos audiovisuais, com suas heranças
e errâncias no cinema superoitista, continua
exercitando-se nas zonas fronteiriças 
da prosa com a poesia, 
da crônica com a pop filosofia,
misturando gêneros e ousando perturbar 
as hierarquias entre "alta cultura" universitária 
e subterrâneos tropicalistas, na mídia e fora dela,
através de redes alternativas de comunicação.
Itinerário de "afinidades eletivas" que poderiam
até gerar uma quase enciclopédia de poemações
e filosofemas, lembranças de almanaque,
reflexões emotivas, cortes epistemológicos e
papos-cabeça em qualquer lugar.
Reunindo autores consagrados e outros ainda não,
ele vai praticando interferências, homenagens,
recortes e colagens verbais.
Nesse jogo de reconstruções linguísticas, quase
chega a definir um ideário, pensamento em processo.
Os leitores são, por sua vez, instigados a redescobrir
outros elos, encadeamentos, livres associações,
compromissos além da mera ou cara retórica.
Tudo prazerosamente na medida do possível.
Continua acreditando - sua utopia concreta? -
nas possibilidades do pluralismo 
estético-ideológico entre jovens de todas as idades
e contemporaneidades. Até quando?
Tudo girando em torno dos enigmas da poeticidade
e da democratização cultural.
Em todos eles, o senso de humor - mesmo sem
perder o sentimento trágico da existência - 
é sua nuclear motivação.
Diálogos com Paulo Freire & diferenciações.
Ironia amorosa e sarcasmo sem compaixão.
Atenção aos signos, ocultações, 
reverberações e superstições.
Antropoemia devorada pelos antropófagos
dos experimentalismos.
Nem a favor nem contra
as veias aortas do machonalismo.
Promessas de felicidade e 
catástrofes desafortunadas.
A letra e a voz sem esquecermos os gestos
fundacionais arcoverdejantes de
Pedro das Américas. Arrudiando o mundo.
Todos os solos. Todas as luzes e trevas.
Todos e todas no Grito dos Excluídos.

Recife, quase setembro 2013.
atentadospoeticos@yahoo.com.br

Questão cambial sob olhar do BNDES

Valor Econômico:
Coutinho nega crise cambial no mercado brasileiro

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta quinta-feira que, apesar da volatilidade cambial neste momento, o mercado brasileiro tem fundamentos sólidos. "Não estamos enfrentando nenhuma crise cambial. Temos um sistema bancário robusto. E um sistema privado robusto também", afirmou ele, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex) 2013, no Rio de Janeiro.

"Temos condições macroeconômicas perfeitamente administráveis e grandes oportunidades de investimento", completou Coutinho. Segundo ele, o Brasil tem que ter tranquilidade e olhar para o futuro, para "engendrar um processo" em que a economia possa sair mais forte e competitiva desta etapa da crise.

Patamar - Ele afirmou ainda que o Brasil está entrando, muito provavelmente, em um novo patamar de taxa de câmbio. Ontem, o dólar chegou ao valor mais alto ante o real desde 2008, atingindo R$ 2,451.

"Muito provavelmente entramos em um ciclo duradouro de valorização do dólar, o que tende a criar condições mais favoráveis para nossa competitividade no médio prazo", disse Coutinho.

Segundo ele, muitas cadeiras produtivas que perderam espaço na industria de transformação no cenário global poderão "sonhar e ambicionar recuperar esses espaços com o real depreciado". O desafio de curto prazo, segundo o presidente do banco de fomento, é estabilizar volatilidade cambial para evitar pressões inflacionárias.

"Não podemos basear toda nossa política de competitividade na taxa de câmbio", observou Coutinho. Por isso, o executivo defende a criação de fundamentos, de médio e longo prazo, que permitam a travessia por períodos mais ou menos favoráveis ao câmbio, sem afetar a exportação. "Houve uma mudança importante, com a subida nos salários e queda de natalidade, que afetou o crescimento da população economicamente ativa. Torna-se imperioso que empresas invistam em produtividade", afirmou.

Sustentável - Para o presidente do BNDES, uma taxa de câmbio um pouco inferior à atual, entre R$ 2,20 e R$ 2,35, é mais fácil de ser sustentada.

"Não podemos pensar apenas na taxa nominal. Temos que pensar no plano real e na inflação. É preciso tranquilidade para deixar passar esse momento de nervosismo", afirmou.

Segundo o presidente do banco de fomento, em algum momento o câmbio deve voltar a se estabilizar.

Recife Bom de Bola

SuperEsportes:
Prefeitura e FPF lançam projeto que visa incluir peladeiros nos clubes do estadual
Entre outras ações sociais, projeto promete escolher os 11 melhores jogadores abaixo dos 17 anos para assinar contrato com os times do Campeonato Pernambucano

George Braga reuniu a imprensa durante a tarde para explicar a iniciativa da Prefeitura
Os jovens peladeiros de plantão do Recife podem agora virar atletas profissionais. A Prefeitura, em parceria com a Federação Pernambucana de Futebol, lançou nesta quinta-feira o programa Recife Bom de Bola. Como ação relacionada à Copa do Mundo de 2014, a iniciativa promete incluir os 11 melhores participantes da categoria Sub-17 do torneio de várzea da cidade nos clubes da elite do Campeonato Pernambucano do próximo ano - um de cada posição.

Os destaques da competição assinariam um contrato de três meses com a FPF, que, por sua vez, os emprestariam aos times da Série A1. Ainda não se sabe como será a distribuição do jogadores para as equipes. Apenas que não vai ser de forma aleatória. "Vamos ceder os atletas dependendo da demanda dos clubes", limitou-se o diretor técnico da FPF, Murilo Falcão. A primeira etapa do campeonato, inclusive, começa já no próximo domingo e segue até dezembro. com 13 mil jogadores e mais de 500 equipes, distribuidas em quatro categorias - masculino, feminino, sub-15 e sub-17.

A iniciativa tem ainda outros objetivos sociais. Visa recuperar, gradualmente, os 138 campos de várzea do Recife. Trinta e três ainda neste ano. Integrado ao programa Pacto pela Vida, vão ser promovidas também ações junto às torcidas dos bairros, criando exemplos de boa convivência nas arquibancadas. Está previsto um orçamento de R$ 7 milhões para alavancar o projeto. Mas a Prefeitura já adiantou que vai buscar parcerias públicas e privadas.  

"Além de tudo, o Recife Bom de Bola é uma forma de incentivar e dar oportunidades para os meninos e, quem sabe, descobrir novos talentos. Futebol não é só Arena. E ação social. De alguma maneira, a Copa precisaria chegar nas comunidades do Recife", declarou o secretário municipal de Esportes, George Braga.

Vivência

Olhar o mundo ao redor com sensibilidade sempre renovada. Ver as pessoas, procurar aprender com elas, com o modo como trabalham, lutam, amam ou simplesmente cultivam suas manias. Tudo vale a pena.

Bom dia, Ivam Pinheiro

Dai a César a Poesia de Vallejo
Ivam Pinheiro

 
Dai a César o que é de César...
Palavra de alfabeto competente
e o sonho primaveril do amar.

A linguagem poética que sente
na obscuridade da intuição,
e nos açoites da negra noite,
a pedra branca e o pão ao ombro
e a metáfora do belo verso.

O reverso e o direto recado...
Viver ou morrer sem mal assombro.
O poema para ser lido e cantado.
 
Vale de Vallejo o seu cantar...
A consciência fecunda no ar
reduzindo o coração em sexo.
 
Dai a poesia o que tem de César
nos arautos negros e a luz do nexo,
letras de arrebóis e cálices ocultos.
O ato da fé na luta universal,
moinhos candentes e seus vultos.
 
Voz de César que vale inclusão...
Solidariedade e justiça social.
Apaixonada poesia do coração.

Conjuntura econômica

Alta do dólar, pessimismo econômico e pajelanças da especulação

Por José Carlos Ruy, no Vermelho

Há um pessimismo generalizado, entre os comentaristas econômicos dos jornalões brasileiros, em relação ao desempenho da economia. Ele faz parte da partidarização, apontada em entrevista a O Estado de S. Paulo pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo, do comportamento desses analistas que, segundo ele, perdem-se em pajelanças e se afastam da necessária objetividade de suas avaliações da economia do país.

Bem ao contrário é o comportamento do jornal britânico Financial Times – o mesmo que, no ano passado, pediu, inutilmente, a cabeça do ministro da Fazenda brasileiro Guido Mantega. Em editorial publicado nesta quarta-feira (21), aquela bíblia da especulação financeira mundial manifestou opinião contrária à dos sabichões brasileiros, e defendeu as economias emergentes ante as pressões ocasionadas pelas atitudes do FED (banco central) e do governo dos EUA. Segundo o Financial Times, no editorial intitulado Mundo emergente pode lidar com as turbulências, estas economias são as vítimas mais recentes das mudanças previstas na política monetária dos EUA; apesar disso, assegura que são economias capazes de "lidar com as turbulências" e que, "se o mau tempo se aproxima, o horizonte de longo prazo para a maioria deles é brilhante". E garante: “as preocupações sobre uma crise financeira em grande escala são prematuras” pois muitos países "têm grandes reservas ou câmbio flutuante, o que mitiga a reversão do fluxo de carteira". E conclui, com otimismo: “está aberto o caminho de longo prazo do progresso econômico para muito além dos buracos da estrada no curto prazo".

O Brasil está metido no temporal provocado pelas mudanças que, se prevê, ocorrerão nos EUA, que podem levar à redução de estímulos à economia dos EUA, provocando a queda no volume de dólares em circulação e, assim, o aumento no preço da moeda americana no mundo. Aqui, a alta generalizada do dólar, assistida pelo país nos últimos dias, é acompanhada pela “pajelança” dos comentaristas ligados – a maior parte deles – à especulação financeira e que entoam, nesta conjuntura, o mantra que defende a alta dos juros.

A situação é difícil, não há dúvida. O próprio Secretário-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, manifestou a preocupação do governo quando o dólar chegou a R$ 2,41 na segunda-feira (19), a maior cotação desde março de 2009.

A dificuldade pode sr observada na oscilação no fluxo de dólares que entra no país. Os dados do Banco Central informem um saldo negativo de 279 milhões de dólares entre os dias 1º e 16 de agosto, mês que poderá terminar com a terceiro déficit consecutivo no ano. Em junho, a saída foi de 2,6 bilhões de dólares, e em julho foi de 1,44 bilhão. Mesmo que, ao longo do ano, até 16 de agosto, o Banco Central contabilize o saldo positivo de 7,8 bilhões de dólares que entraram no Brasil.

A fraca entrada de dólares neste ano tem preocupado muitos economistas a respeito do financiamento das contas externas. No acumulado deste ano, o saldo positivo é de fato pequeno, informa o Banco Central. É uma entrada fraca se comparada com os saldos positivos de alguns anos recentes, como 2009 (28,7 bilhões), 2010 (24,3 bilhões), 2011 (65 bilhões) e 2012 (16,7 bilhões).

Outro aspecto do problema é a consequência, para as empresas, da alta do dólar. Muitas delas, com dívidas no exterior, ficam em situação difícil. Um levantamento feito pela consultoria Economática, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, a corrosão no lucro delas pode alcançar 44% do alcançado no segundo trimestre deste ano. A dívida em moeda estrangeira de 103 das empresas pesquisadas passou de 99,3 bilhões de reais no final de junho para 107,5 bilhões em 19 de agosto – um aumento de 8,2 bilhões em menos de dois meses!

Apesar do quadro difícil, o ministro Guido Mantega acredita que a economia brasileira evolui “razoavelmente bem”, como disse na sexta-feira (16), considerando sem fundamento o pessimismo manifestado em muitas análises que apostam em um PIB estagnado no 2º semestre e num crescimento anual de apenas 1% em 2014. “Não tem fundamento nenhum”, disse, enfático. Segundo ele, os investimentos vão sendo retomados e melhorou a confiança e ânimo dos empresários. “O grande evento deste segundo semestre será as concessões, que irão dinamizar a economia brasileira”, disse, citando os leilões de rodovias, aeroportos, portos, petróleo e energia.

Esse otimismo é partilhado pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. Para ele, todos os setores da indústria estão com visão mais otimista sobre o crescimento e a rentabilidade dos negócios, e há alguns segmentos que chegam a projetar um crescimento de até 14% em 2013.

Segundo Mantega, embora a volatilidade da situação atual do dólar não permita muitas previsões, a curto e médio prazos a tendência é de desvalorização do real e de outras moedas emergentes ante ao dólar. Mas nem tudo está perdido, pois o real desvalorizado representa um estímulo para o aumento da competitividade da indústria brasileira. “Não sei se vai permanecer sequer este câmbio porque estamos num momento de volatilidade. Enquanto o Fed não deixa muito claro aquilo que vai fazer em relação aos estímulos monetários, o mercado vai especulando, vai, digamos, mudando de posições”.

Ele garante que a situação do dólar, embora estressada, está sob controle. E mandou um recado aos especuladores: “Eu só queria dizer que câmbio do Brasil é flutuante. Ele flutua para os dois lados, tanto para a desvalorização como poderá flutuar para a valorização (do real). Não se esqueçam que isso já aconteceu recentemente. É preciso tomar cuidado para não se entusiasmar e achar – como tenho visto alguns analistas – que esse câmbio vai muito longe”. Segundo ele, há um componente especulativo na alta do dólar, apesar de haver também um ajustamento do valor da moeda. “Esse é um movimento de ajustamento, mas que tem alguns componentes especulativos. Você sabe que vai diminuir o estímulo monetário americano, você não sabe quando nem como”, disse. E citou o colchão de segurança que o Brasil tem para enfrentar as dificuldades, e a especulação: “Não há nenhum temor de que possa haver algum problema maior, a situação está sob controle”, disse. E o Brasil tem US$ 370 bilhões em reservas caso seja necessária uma intervenção mais forte no câmbio.

Jovens comunistas

Nilson Vellazquez: “A juventude é marcada, sobretudo, pela rebeldia”
O professor, ex-presidente da UJS-Recife e secretário de Formação da UJS-PE fala sobre como a juventude comunista do Recife se insere nesse novo momento que vive o Brasil e outros temas. Leia a entrevista http://goo.gl/seJJQU

Médicos cubanos

Carta Maior:
. Nesta quarta-feira, como antecipou Carta Maior, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou o acordo com Cuba para a vinda imediata de 400  médicos ao Brasil. Outros 1.500 profissionais  cubanos desembarcam um pouco mais adiante, até completar quatro mil. A decisão reflete um novo momento do programa ‘Mais Médicos' que, progressivamente, furou o duplo bloqueio da má vontade conservadora e do elitismo corporativista.
. Lançada em oito de julho, a iniciativa ataca fatores emergenciais e estruturais que multiplicam áreas desassistidas no país. O Brasil tem apenas 1,8 médico por mil habitante; a Argentina tem três. O governo quer elevar o índice brasileiro para 2,5 por mil. Precisará de mais  168.424 médicos. As escolas brasileiras formam cerca de 18 mil médicos por ano. Mais de 3.500 municípios aderiram ao programa. O ministro Padilha pretende acudir a emergência com a vinda imediata de profissionais estrangeiros; e corrigir o déficit estrutural incorporando as escolas de medicina à política da saúde pública brasileira. A clínica-geral será incentivada e a residência médica estará vinculada à prestação de serviço remunerado no SUS.
. O acordo com Cuba, bombardeado originalmente, foi revalidado pelo próprio boicote corporativista, que tornou explícita a indiferença das elites em relação aos segmentos mais vulneráveis da população. Foi obra da paciente argúcia política do governo. Hoje, mais de 54% dos brasileiros declaram-se favoráveis à vinda de estrangeiros para socorrer as regiões distantes e periferias conflagradas. Mais que uma vitória isolada, o Mais Médicos descortina uma nova família de políticas públicas, que convoca a universidade a se incorporar ao passo seguinte do  desenvolvimento brasileiro.

Palavra de poeta

A quinta-feira é Vladimir Maiakovski: “Desatarei a fantasia em cauda de pavão num ciclo de matizes,/entregarei a alma/ao poder do enxame das rimas imprevistas.”

História: 22 de agosto de 1976

Juscelino Kubitschek morre em acidente de carro na via Dutra, em circunstâncias nunca esclarecidas. Tem 74 anos, 12 da cassação de 1964. Seu sepultamento é uma muda e eloquente manifestação antiditatorial, com 30 mil presentes. (Vermelho www.vrmelho.org.br).

Briga tucana

Carecendo de ideias novas e com Aécio emperrado, compreensível que Serra se apresente mais uma vez como alternativa no PSDB.

21 agosto 2013

Instabilidade

Olhando à distância, tenho pra mim que mudar técnico no meio de uma competição só gera insegurança. Náutico e Santa Cruz estão nessa.

Saúde financeira

Servidores municipais: Prefeitura do Recife antecipa pagamento dos salários de agosto. Sinal de contas equilibradas.

Prefeito amigo da criança

O Recife aderiu hoje ao programa Prefeito Amigo da Criança versão 2013, iniciativa desenvolvida desde 1996 pela Fundação Abrinq – Save the Children. Foco na educação, saúde e proteção social.

Mulheres


Vale ver o belíssimo filme "Flores raras": uma face da condição feminina abordada com sensibilidade e leveza. 

Microeconomia dinâmica

Vitalidade da "nova classe média"
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Uma pergunta recorrente alimenta o debate acerca dos rumos de nossa economia: é possível manter o crescimento, com inclusão social e à base da expansão do consumo, ainda que a taxas modestas?

Há respostas de teor otimista e pessimista, ao gosto do analista - mas não se chega a uma conclusão consistente sem encarar os entraves de natureza estrutural que obstaculizam o desenvolvimento do País. O buraco é bem mais embaixo, como se costuma dizer. Envolve a alteração dos condicionantes macroeconômicos herdados da era neoliberal, ajustando-se a política cambial e monetária - o que não tem sido fácil, vide a truculenta oposição partidária e midiática que ataca diuturnamente a presidenta Dilma porque tem tentado desatar esse nó. 

Hoje, mostra-se evidente que a orientação macroeconômica vigente impossibilita a capacidade de o país alcançar rapidamente um nível de 25% na relação investimento/PIB – o que impede a consecução de uma política agressiva de crescimento econômico pautado pelos investimentos produtivos, estes pressionados ainda pela lógica do capital rentista de curto prazo.

Entretanto, merece atenção estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) acerca da chamada "nova classe média", indicativo de sustentabilidade da expansão desse segmento registrada na década iniciada com o primeiro governo Lula.

Há dados no mínimo instigantes. Por exemplo, o lucro dos pequenos negócios, no conjunto do País, cresceu 27% em dez anos, verificando-se aumento do ganho de R$ 1.710 para R$ 2.172 mensais. Com um adendo importante, segundo o presidente do Ipea, Marcelo Neri: considerando a variável educação, constata-se que melhorou muito a qualidade dos empreendimentos e também a capacidade dos empreendedores.

Vale examinar a terceira edição do caderno Vozes da Nova Classe Média, onde se encontram esses dados – que, por seu turno, se combinam com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2011.  

O citado Caderno demonstra que os pequenos empreendedores geram uma massa de remuneração que supera R$ 500 bilhões, correspondentes a 39% do volume total da renda do País, superior ao PIB de diversos países, como o Chile.

Em suma, há uma microeconomia em evolução, com vigor nada desprezível, que alimenta a sustentabilidade do modo de crescimento inclusivo, a despeito das pressões externas que contribuem, em muito, para represar o ritmo das atividades econômicas em geral.

Isto tem implicações econômicas e sociais obvias. E também políticas, pois trata-se de um segmento emergente, detentor de expectativas e reivindicações próprias.