Nilson Vellazquez, no Blog Verbalize http://versosdopovo.blogspot.com.br
No começo
era tudo explosão, era Hiroshima e Nagasaki, radioatividade de corpos, cheiros
e paladar que causam efeitos de décadas. Mas também era doce, era do céu e era
do inferno. Esse ataque produziu efeitos geopolíticos graves, mudanças de
relações diplomáticas, abalo nas transações comerciais. E enfim, teu país se
fechou ao meu exército.
Meu
exército, frágil qual minha fronteira; tua fronteira, frágil qual teu comando.
Meu exército, sempre voltado para teu território, de armas na mão e tentando se
proteger do inesperado. Tua fronteira, fechada, artificialmente protegida, com
palavras secas e olhares distantes, mas com uma brecha de esperança por paz
mundial. E assim, seguia-se a diplomacia. Um frágil muro de Berlim, que sempre
poderia ser violado e a eterna tensão das Coreias.
Meus mísseis
sempre voltados ao coração do teu país, buscando atingir em cheio o que o faz
funcionar, mas teus bombardeios produzindo chamas incontroláveis. Chefes de
Estado que se cumprimentam, num frio apertar de mãos. Eterna Guerra Fria.
Nessa Guerra
Fria, todas as armas guardadas e todas as armas empunhadas, bombas de efeito
imoral, baixa de proteção. Nessa Guerra Fria, sopros gelados no ouvido,
soldados que sussurram pedindo morfina, pedindo, mais uma vez, a sensação de
prazer por andar no breu, de sentir o gosto de mel e canela. Nessa guerra fria,
só há o gosto amargo da negação, de países que nunca encontrarão a paz. Ataque
e defesa eternamente postas, eternamente em alerta. Nessa Guerra Fria,
vencedores não há; apenas a sensação de ludibriar a defesa alheia, de roubar o
petróleo de sua terra, de usurpar seu poder.
Poder. Na
disputa eterna por ele, nenhum território pode exercer sua soberania nacional,
o seu bem-querer, a sua eterna liberdade. Nessa disputa de poder, colônia vira
metrópole, metrópole vira colônia - querem dominar e serem dominados, buscar e
serem buscados. Nessa Guerra Fria, meu país e suas armas estão a postos, apenas
esperando o gatilho ativar, por um momento de paz, nem que seja fictícia, qual
os filmes de guerra, em que um herói salva o mundo e este descansa em
paz.
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