26 setembro 2013

Nebuloso jornalismo econômico

Na Carta Maior:
A guerra da informação aqui dentro
Depois de anos de abuso do recurso adversativo -‘país vai bem, mas... ' - o jornalismo de economia agora se agarra ao verbo ‘surpreender'. Tenta, assim, explicar o que a pauta sonega. Por exemplo: a FGV  informa nesta 3ª feira que a confiança do consumidor na economia é a maior em cinco meses. A notícia colide com as previsões alarmistas veiculadas nos últimos meses. Não só ela. O PIB também 'surpreendeu' no segundo trimestre, resmungaram as manchetes diante do crescimento econômico bem acima do previsto pelo noticiário 'isento': 3,3% em relação a igual período de 2012. O emprego foi outra variável  que ‘surpreendeu'  em agosto, com um salto de 26% na oferta de vagas formais. Nesta 2ª feira, a arrecadação tributária manifestou igualmente o seu desacordo com as previsões sombrias. A receita atingiu valor recorde no mês passado. A sequência é infernal. Antes, ainda, as manchetes já haviam manifestado surpresa com a volta da inflação ao limite da meta do BC, em julho e agosto. E os consumidores não param de teimar. Em movimento quase paradoxal, eles reduziram a inadimplência e aumentaram as compras. A presença recorrente do efeito surpresa nas manchetes não deve ser entendida como sintoma do que não é. O país tem problemas estruturais. Mas não exatamente aqueles listados pela mídia que se espanta com a inconsequência de seus veredictos e a baixa aderência de suas soluções.

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