Luis Nassif, em seu blog
Desde junho um pessimismo agudo
dominou o noticiário econômico. Em parte, pelo desencanto com o governo Dilma
Rousseff. Somado a isso, pelo jogo político que há anos comanda todas as ações
da velha mídia, uma aposta temerária de que, com a economia afundando, Dilma
pudesse ser derrotada nas próximas eleições.
Nos últimos dias, as pesquisas de
opinião indicaram recuperação de parte da popularidade perdida. E na sexta, o
IBGE divulgou um PIB surpreendente - de crescimento de 1,5% no segundo
trimestre em relação ao primeiro.
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Foi um tiro no pé. O pessimismo
exacerbado afetou o mercado publicitário, induzindo os anunciantes a pisar no
freio. E Dilma recuperou o favoritismo para 2014.
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Agentes involuntários desse jogo, os
economistas que apostavam no caos foram apanhados de calças curtas.
A economia não está o mar de rosas
como pretende o Ministro da Fazenda Guido Mantega; mas não está a caminho do
caos, como sugeria o noticiário geral da mídia Rio-São Paulo.
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A primeira reação dos economistas foi
considerar que em junho houve uma ruptura geral na economia. Portanto os
índices divulgados representariam apenas o passado, não permitindo ser otimista
em relação ao futuro.
Foi a explicação da economista Monica
de Bolle, da consultoria Galanto, em evento do mercado de capitais em Campos do
Jordão: "Em alguns casos, o passado traz informações importantes sobre o
que vem pela frente. Esse não é o caso do Brasil. A gente teve no início do
segundo semestre foi uma descontinuidade não só na economia brasileira como no
quadro político e social do país", disse.
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Ora, há uma confusão monumental com o
conceito de "ruptura".
Mas as rupturas ocorrem de tempos em
tempos e são generalizadas, alterando os fundamentos da economia. Foi assim na
crise de 2008; e mesmo na economia brasileira, com as políticas sociais mudando
a escala do mercado interno.
Os movimentos de junho passado, apesar
de relevantes, influíram especificamente nas expectativas internas.
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Em um primeiro momento, as
expectativas despencaram, mas o pessimismo não está se sustentando. No campo
específico das expectativas, em agosto houve alta no Índice de Confiança
do Comércio e também do Consumidor, principalmente devido à melhoria de
percepção sobre o momento atual. Adicione-se a recuperação parcial da aprovação
do governo Dilma Rousseff.
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E aí se entra na questão complexa da
politização desenfreada do noticiário.
Frustrada a tentativa de utilizar a
crise para as eleições de 2014, com as verbas publicitárias minguando e sendo
abocanhadas, cada vez mais, pelos grandes grupos de Internet (Google e
Facebook), a velha mídia deu o toque de debandar.
Na sexta, todos os noticiosos do
Sistema Globo - do noticiário da CBN ao Jornal Nacional - pareciam tomados de
uma euforia infinita em relação ao PIB, anunciando o fim da crise e o início do
espetáculo do crescimento.
A partir de agora, todos os analistas
do sistema seguirão o script otimista. E haverá a mesma manipulação em sentido
oposto: nem se estava em um caos antes; nem se está em um céu de brigadeiro
agora.
Mas, a exemplo do samba antigo, o tal
do mundo não se acabou.
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