Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Revista Algomais
Desde então não me incorporei aos milhões de
brasileiros que fazem do cigarro a sua muleta e nele se inspiram para curtir
amores, dores e sentimentos vários. Como cantam Nelson Gonçalves, Núbia
Lafayette e outros tantos: “Nos cigarros que eu fumo/Te vejo nas
espirais”.
Nada
disso. A mulher amada enxergo numa rosa vermelha. Muito mais romântico – e
saudável.
Assim,
não me afeta a notícia de que o cigarro eletrônico é
melhor que o adesivo para largar o vício, conforme atesta uma pesquisa feita na
Nova Zelândia, envolvendo 657 adultos desejosos de parar de fumar.
Não me afeta e ainda me deixa
desconfiado. Que nem uma pesquisa realizada em Israel, anos atrás, que
recomendava comer até seis ovos de galinha ao dia, que não teria nenhuma
influência na taxa de colesterol! Parece coisa encomendada por avicultores.
O cigarro eletrônico está
proibido no Brasil, pela Anvisa, baseada
na legislação sanitária que exige comprovação de segurança e eficácia do
produto (seja na redução de dano, seja no tratamento do tabagismo). Teria essa pesquisa
neozelandesa algo a ver com essa proibição, aqui e em outras plagas?
O placar é esse: 57% dos que usaram 'e-cigarro' reduziram o vício, contra 41%
com adesivos. Assim, conclui-se que o cigarro eletrônico é ao menos meio a meio com o adesivo de nicotina
para estimular o fumante a deixar o vício. Se ficou praticamente empatado e o
adesivo é aceito, que fique o cigarro eletrônico proibido. Até porque os
cientistas neozelandeses, chefiados por um tal Dr. Chris Bullen, da
Universidade de Auckland, ao que se sabe não trouxeram à luz dados suficientes
para justificar a quebra da interdição do produto no Brasil. E ponto final.
Melhor é abordar as causas do
tabagismo. No site do Ministério da Saúde lê-se que a maioria dos fumantes é
influenciada principalmente pela publicidade maciça do cigarro nos meios de
comunicação de massa que, apesar de legalmente proibida, ainda exerce forte
influência no comportamento tanto dos jovens como dos adultos. Adolescentes tendem
a seguir pais, professores, ídolos e amigos que fumam. Isto somado à curiosidade
pelo produto e à necessidade de autoafirmação. Mais: porque são levados a crer
que o cigarro acalma a alma nos momentos de tensão, ansiedade e desamor –
acrescento.
Sei
não. Se dependesse de mim, não fumante que respeita (à distância) o fumante, o
cigarro seria levado a derradeiro e definitivo plano na vida das pessoas pela
via dos sonhos realizados e do amor correspondido. Aí rosas vermelhas e de
outras tonalidades reinariam para sempre.
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