Luciano Siqueira
Sou de uma geração que sentiu a chama da luta arder no peito
a partir dos primeiros embates de rua e que buscou, sempre, alcançar a
militância consciente, inspirada nos versos de Vandré “Vem, vamos embora/Que
esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer”.
Mas era uma consciência fragmentada, superficial, pontuada
por lacunas sublimadas pelo impulso rebelde. Em meu caso pessoal, antes disso, no
início dos anos 60, adolescente, voluntário do Movimento de Cultura Popular, no
Recife, na gestão do prefeito Miguel Arraes, foi uma espécie de alumbramento,
como diria o poeta Bandeira. Atuando no projeto Praças de Cultura, que mirava a
juventude dos bairros periféricos; convivendo com personalidades de destaque,
como o professor Paulo Freire; compartilhando o debate sobre as reformas de
base e o sentido libertário da cultura popular – vivi uma fase em que muito via
e pouco enxergava. Faltava-me maturidade para processar tudo aquilo. Sequer tinha
plena consciência de que ali se fazia parte da nossa História.
É que, tal como o nosso povo em sua experiência coletiva, o
militante percorre caminho próprio na busca de respostas a perguntas que se
sucedem no percurso. E lhe assalta ao espírito uma felicidade imensa a cada
salto na formação de sua consciência e na compreensão do rumo a seguir.
O 13º. Congresso do PCdoB contém em seu âmago uma espécie de
fusão entre o impulso combativo e a consciência avançada. Tendo como fio
condutor o Programa Socialista, cuja feição atualizada se consignou no 12º.
Congresso, há quatro anos, o militante comunista pode agora compreender, em sua
inteireza, o que se passa no Brasil e no Mundo e iluminar a peleja cotidiana pela
percepção do sentido universal de cada acontecimento, estabelecendo o nexo
entre o particular e o geral, entre a luta localizada e a luta nacional pelo
poder político.
Assim se faz a análise das transformações ocorridas no
Brasil na última década e o evolver da crise global. A avaliação da trajetória
do Partido nesse cenário. O aclaramento das perceptivas de construção de um
projeto novo de desenvolvimento nacional que, em perspectiva, gere condições
materiais e subjetivas para o salto civilizatório rumo a socialismo, nas
condições em que, no mundo hoje, se trava a grande luta pela emancipação da
Humanidade.
Daí decorre uma espécie de felicidade coletiva imensurável e
um apego ao mesmo tempo guerreiro e amoroso pelo Partido que, no dizer de João
Amazonas, representa “a consciência e a honra da Nação”.
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