05 dezembro 2013

Atuando no curso real da luta

PCdoB navegando em mar revolto
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho

Olhe a história dos partidos revolucionários que alcançaram seus objetivos. Todos, sem exceção, percorreram trajetória marcada pela luta nas condições que a realidade impôs - em tempo de "paz" ou em tempo convulsionado. Em outras palavras, esses partidos atuaram no curso real da luta.

De outra parte, os que se aferraram a uma concepção “principista” da luta política, à margem da realidade concreta, jamais disputaram efetivamente a hegemonia do movimento transformador.

Não se trata de ir a reboque do movimento espontâneo, de amoldar-se pacificamente à situação. Trata-se de explorar todas as possibilidades de acúmulo real de forças – “com as quatro patas fincadas na realidade”, na expressão de Pleckhanov.

O PCdoB, nos seus primórdios, cometeu o erro da equidistância dos acontecimentos de 1930, por não compreender o sentido revolucionário (burguês, mas progressista; antiagrarista) do movimento. Adiante, na segunda metade da década de 50, deixou-se empolgar pela luta por reformas despindo-se dos seus objetivos estratégicos. Cantou conforme a música dos outros.

De sua reorganização, em 1962, em diante – após a cisão do velho partido em meio ao surto “revisionista” -, em especial a partir de sua VI Conferência Nacional Extraordinária, em 1966, o Partido soube combinar ousadia tática com firmeza de princípios e fidelidade aos seus objetivos estratégicos. Tratava-se de oferecer uma plataforma imediata capaz de unir e mobilizar amplos setores patrióticos e democráticos para a superação da ditadura militar e, ao mesmo, difundir suas intenções programáticas.

Transcorreu longo processo de amadurecimento e sucessivas versões do conteúdo estratégico, até a formatação do Programa Socialista, no 12º. Congresso, referência segura para ousado envolvimento na luta de classes em todas as dimensões, tendo como lastro o acúmulo de forças em cenário mundial ainda adverso e em ambiente nacional prenhe de possibilidades.

O Partido capacita-se assim a navegar em mar revolto, arrostando desafios ingentes seja na luta social, seja nas chamadas instâncias institucionais. Na atuação no parlamento e nos governos, assim como no comando de Universidades públicas, por exemplo, o objetivo programático se combina, de modo indissociável, com o enfrentamento dos desafios imediatos. No terreno das ideias – uma frente específica da luta de classes, como ensinava Engels -, os comunistas aprofundam o debate, capacitam sua militância, polemizam com outras correntes políticas; e se posicionam como polo aglutinador do pensamento mais avançado.

No horizonte imediato, a luta política de maior envergadura – as eleições gerais de 2014 – submeterão o PCdoB a um teste tático de grande significado. “O Partido tem rumo e tem lado”, reafirma sempre, corretamente, Renato Rabelo. Ou seja, sabe o que quer estrategicamente, não se deixará levar pelo pragmatismo estéril, nem pelo esquematismo paralisante.

Esse país imenso e complexo em suas particularidades regionais e locais, exibe cenário nacional definido e situações locais furta-cor. Um desafio às direções estaduais: aplicar de modo criativo a orientação do Comitê Central às condições concretas da luta em cada estado, tendo como fulcro a “quarta vitória do povo” nas eleições presidenciais e a construção de bancada própria na Câmara dos Deputados (fator decisivo para o embate municipal de 2016 e, portanto, para a sequência do acúmulo de forças).

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