Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho
Olhe a história dos
partidos revolucionários que alcançaram seus objetivos. Todos, sem exceção,
percorreram trajetória marcada pela luta nas condições que a realidade impôs -
em tempo de "paz" ou em tempo convulsionado. Em outras palavras,
esses partidos atuaram no curso real da luta.
De outra parte, os
que se aferraram a uma concepção “principista” da luta política, à margem
da realidade concreta, jamais disputaram efetivamente a hegemonia do movimento
transformador.
Não se trata de ir a
reboque do movimento espontâneo, de amoldar-se pacificamente à situação.
Trata-se de explorar todas as possibilidades de acúmulo real de forças – “com
as quatro patas fincadas na realidade”, na expressão de Pleckhanov.
O PCdoB, nos seus primórdios, cometeu o erro da equidistância
dos acontecimentos de 1930, por não compreender o sentido revolucionário
(burguês, mas progressista; antiagrarista) do movimento. Adiante, na segunda
metade da década de 50, deixou-se empolgar pela luta por reformas despindo-se
dos seus objetivos estratégicos. Cantou conforme a música dos outros.
De sua reorganização, em 1962, em diante – após a cisão do
velho partido em meio ao surto “revisionista” -, em especial a partir de sua VI
Conferência Nacional Extraordinária, em 1966, o Partido soube combinar ousadia
tática com firmeza de princípios e fidelidade aos seus objetivos estratégicos. Tratava-se
de oferecer uma plataforma imediata capaz de unir e mobilizar amplos setores
patrióticos e democráticos para a superação da ditadura militar e, ao mesmo,
difundir suas intenções programáticas.
Transcorreu longo processo de amadurecimento e sucessivas
versões do conteúdo estratégico, até a formatação do Programa Socialista, no
12º. Congresso, referência segura para ousado envolvimento na luta de classes
em todas as dimensões, tendo como lastro o acúmulo de forças em cenário mundial
ainda adverso e em ambiente nacional prenhe de possibilidades.
O Partido capacita-se assim a navegar em mar revolto,
arrostando desafios ingentes seja na luta social, seja nas chamadas instâncias institucionais.
Na atuação no parlamento e nos governos, assim como no comando de Universidades
públicas, por exemplo, o objetivo programático se combina, de modo indissociável,
com o enfrentamento dos desafios imediatos. No terreno das ideias – uma frente
específica da luta de classes, como ensinava Engels -, os comunistas aprofundam
o debate, capacitam sua militância, polemizam com outras correntes políticas; e
se posicionam como polo aglutinador do pensamento mais avançado.
No horizonte imediato, a luta política de maior envergadura
– as eleições gerais de 2014 – submeterão o PCdoB a um teste tático de grande
significado. “O Partido tem rumo e tem lado”, reafirma sempre, corretamente,
Renato Rabelo. Ou seja, sabe o que quer estrategicamente, não se deixará levar
pelo pragmatismo estéril, nem pelo esquematismo paralisante.
Esse país imenso e complexo em suas particularidades regionais e locais, exibe cenário nacional definido e situações locais furta-cor. Um desafio às direções estaduais: aplicar de modo criativo a orientação do Comitê Central às condições concretas da luta em cada estado, tendo como fulcro a “quarta vitória do povo” nas eleições presidenciais e a construção de bancada própria na Câmara dos Deputados (fator decisivo para o embate municipal de 2016 e, portanto, para a sequência do acúmulo de forças).
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