A
paranoia na economia e a teoria do lago invertido
Luciano Siqueira, no Vermelho e no Blog de Jamildo
A paranoia não é bem na economia. O termo é usado pelo (insuspeito) ex-ministro Delfin Netto, em artigo no Valor Econômico, para caracterizar a artificial onda de pessimismo que contamina o ambiente econômico, em larga dissintonia com a realidade concreta.
Do artigo de Delfim destaco: "Nossa situação não é confortável (a de que país é?). Temos uma relação dívida bruta/PIB relativamente alta para um país emergente. Temos taxa de inflação alta e persistente. Temos déficit em conta corrente num nível longe de ser saudável. Mas significa isso que estamos irremediavelmente "vulneráveis" às flutuações externas? Que o apocalipse nos espera na esquina? Que estamos em vias de perder o controle sobre a nossa economia? Longe disso!"
Na verdade, esse filme é antigo e recorrente em tempo de eleição presidencial. O grande capital rentista, principal inimigo do desenvolvimento econômico brasileiro, através de seus atores externos e internos, se esforça em gerar um ambiente pré-eleitoral de insegurança e incerteza com o intuito de favorecer uma candidatura de oposição que lhe seja dócil. E o faz com o apoio sensacionalista da mídia hegemônica e da barulhenta representação parlamentar de centro-direita. Essa tática não logrou êxito nos pleitos de 2002, 2006 e 2010. Dará certo agora?
Há uma grande chance de falhar novamente e de se repetir o que alguns analistas cunharam como "teoria do lago invertida", em 2006, quando da reeleição do presidente Lula. Naquela ocasião, o mote era um sanduíche de "mensalão" com esgotamento do modelo de gestão da economia (sic). O bombardeio foi terrível, diário, sem tréguas. E atingiu fortemente os ricos e os setores médios da população, as chamadas "classes" A e B (conforme a classificação mercadológica). Mas - para surpresa de estrategistas e marqueteiros - deu-se forte reação em sentido contrário das chamadas "classes" C, D e E.
Até então se dizia que a candidatura que conquistasse o apoio dos segmentos A e B certamente arrastaria, quase que por gravidade, a maioria dos eleitores situados nos demais segmentos. Era a "teoria do lago", expressão usada para traduzir a analogia do fenômeno eleitoral com os círculos concêntricos que se formam numa coleção d'água em repouso após se soltar nela uma pedra. A inversão é justamente a pressão da periferia sobre o centro - ou seja, das camadas assalariadas e mais pobres sobre o eleitorado melhor situado do ponto de vista sócio-econômico e educacional.
A pergunta é: qual o efeito da paranoia difundida pela mídia acerca de supostos horizontes tenebrosos da nossa economia sobre o comportamento eleitoral da maioria do povo? Depende. Se as dificuldades reais que travam o crescimento econômico atingirem o nível do emprego, da massa salarial e da capacidade de consumo, pode haver uma corrosão significativa, favorecendo a oposição. Mas se o cenário atual se sustentar, o povo poderá vencer pela quarta vez consecutiva. Afinal, nada menos que quarenta milhões de brasileiros e brasileiras se inseriram no sistema produtivo de bens e serviços e no mercado de consumo. Isso não é pouco.
Luciano Siqueira, no Vermelho e no Blog de Jamildo
A paranoia não é bem na economia. O termo é usado pelo (insuspeito) ex-ministro Delfin Netto, em artigo no Valor Econômico, para caracterizar a artificial onda de pessimismo que contamina o ambiente econômico, em larga dissintonia com a realidade concreta.
Do artigo de Delfim destaco: "Nossa situação não é confortável (a de que país é?). Temos uma relação dívida bruta/PIB relativamente alta para um país emergente. Temos taxa de inflação alta e persistente. Temos déficit em conta corrente num nível longe de ser saudável. Mas significa isso que estamos irremediavelmente "vulneráveis" às flutuações externas? Que o apocalipse nos espera na esquina? Que estamos em vias de perder o controle sobre a nossa economia? Longe disso!"
Na verdade, esse filme é antigo e recorrente em tempo de eleição presidencial. O grande capital rentista, principal inimigo do desenvolvimento econômico brasileiro, através de seus atores externos e internos, se esforça em gerar um ambiente pré-eleitoral de insegurança e incerteza com o intuito de favorecer uma candidatura de oposição que lhe seja dócil. E o faz com o apoio sensacionalista da mídia hegemônica e da barulhenta representação parlamentar de centro-direita. Essa tática não logrou êxito nos pleitos de 2002, 2006 e 2010. Dará certo agora?
Há uma grande chance de falhar novamente e de se repetir o que alguns analistas cunharam como "teoria do lago invertida", em 2006, quando da reeleição do presidente Lula. Naquela ocasião, o mote era um sanduíche de "mensalão" com esgotamento do modelo de gestão da economia (sic). O bombardeio foi terrível, diário, sem tréguas. E atingiu fortemente os ricos e os setores médios da população, as chamadas "classes" A e B (conforme a classificação mercadológica). Mas - para surpresa de estrategistas e marqueteiros - deu-se forte reação em sentido contrário das chamadas "classes" C, D e E.
Até então se dizia que a candidatura que conquistasse o apoio dos segmentos A e B certamente arrastaria, quase que por gravidade, a maioria dos eleitores situados nos demais segmentos. Era a "teoria do lago", expressão usada para traduzir a analogia do fenômeno eleitoral com os círculos concêntricos que se formam numa coleção d'água em repouso após se soltar nela uma pedra. A inversão é justamente a pressão da periferia sobre o centro - ou seja, das camadas assalariadas e mais pobres sobre o eleitorado melhor situado do ponto de vista sócio-econômico e educacional.
A pergunta é: qual o efeito da paranoia difundida pela mídia acerca de supostos horizontes tenebrosos da nossa economia sobre o comportamento eleitoral da maioria do povo? Depende. Se as dificuldades reais que travam o crescimento econômico atingirem o nível do emprego, da massa salarial e da capacidade de consumo, pode haver uma corrosão significativa, favorecendo a oposição. Mas se o cenário atual se sustentar, o povo poderá vencer pela quarta vez consecutiva. Afinal, nada menos que quarenta milhões de brasileiros e brasileiras se inseriram no sistema produtivo de bens e serviços e no mercado de consumo. Isso não é pouco.
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