Coligações caleidoscópicas
Luciano Siqueira
A menos de três meses das convenções partidárias, que acontecerão em junho, desenha-se no cenário político-eleitoral o embate entre frentes partidárias que bem merecem ser caracterizadas como caleidoscópicas. Em dose dupla: em âmbitos federal e estadual.
Vejamos. Basta um breve olhar sobre as composições que se vão formando nos estados para perceber, de pronto, que alianças concertadas em torno do pleito presidencial não se repetem localmente. Partidos que estão juntos em apoio a Dilma e a Aécio, se separam na peleja para os governos estaduais. Também ocorre no caso da minúscula (até o momento) coligação que sustenta a candidatura de Eduardo Campos (PSB-PPS), em que nada menos que o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, socialista, apóia o tucano Aécio Neves.
Por outro ângulo, partidos de matiz à esquerda líderes de coalizões – PT, PSB e PCdoB (no Maranhão) – agregam apoios de legendas formalmente situadas mais ao centro-direita e mesmo à direita. Caso de Dilma, repetindo Lula, que para além do PCdoB e do PDT, atrai um conjunto de agremiações de extração conservadora; caso de Eduardo, se considerarmos não apenas o PPS e incluirmos parlamentares e próceres desgarrados de suas legendas, de posicionamento nitidamente direitista.
Esse cenário multicolorido, que se repete a cada pleito, tem raízes no espectro partidário brasileiro ainda frágil, pouco programático e tipicamente conjuntural. Com algumas exceções apenas. São trinta e três legendas credenciadas pela Justiça Eleitoral, e mais umas três ou quatro em busca de vibializarem, a maioria pouco consistentes.
Adiante, se vier a prevalecer uma reforma política de sentido democrático – luta de grande significância, mas de difícil desenlace -, sobretudo com a adoção do financiamento público de campanhas e de listas preordenadas para a disputa de cargos parlamentares, o eleitor será instado a votar em programas partidários, mais do que em indivíduos – fortalecendo politicamente os partidos. Enquanto isso não acontecer, não se deve estranhar o desenho multifacético das alianças eleitorais.
Assim mesmo, há um fator de diferenciação que partidos e candidatos que encabeçam as coligações têm o dever de apresentar ao eleitorado: o programa de governo. Pela proposta programática se pode aquilatar até onde a verborréia de aliados exaltados, mais afeitos à provocação do que ao debate, terão influência ou não no rumo da coligação – e do governo, em caso de vitória eleitoral.
Alianças amplas e heterogêneas dão lugar a governos de disputa, de permanente busca da unidade possível. Lula e Dilma conseguiram pautar seus governos com matiz democrático e progressista. Eduardo, no governo de Pernambuco, idem. Veremos agora, na campanha que se avizinha, quem dirá o quê em relação aos rumos do País: seguir o caminho trilhado há onze anos, de grandes e inegáveis conquistas, e avançar mais; ou retroagir ao figurino neoliberal, da Era FHC, de modo explícito ou disfarçado. (Publicado no Blog de Jamildo e no Jornal da Besta Fubana).
Vejamos. Basta um breve olhar sobre as composições que se vão formando nos estados para perceber, de pronto, que alianças concertadas em torno do pleito presidencial não se repetem localmente. Partidos que estão juntos em apoio a Dilma e a Aécio, se separam na peleja para os governos estaduais. Também ocorre no caso da minúscula (até o momento) coligação que sustenta a candidatura de Eduardo Campos (PSB-PPS), em que nada menos que o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, socialista, apóia o tucano Aécio Neves.
Por outro ângulo, partidos de matiz à esquerda líderes de coalizões – PT, PSB e PCdoB (no Maranhão) – agregam apoios de legendas formalmente situadas mais ao centro-direita e mesmo à direita. Caso de Dilma, repetindo Lula, que para além do PCdoB e do PDT, atrai um conjunto de agremiações de extração conservadora; caso de Eduardo, se considerarmos não apenas o PPS e incluirmos parlamentares e próceres desgarrados de suas legendas, de posicionamento nitidamente direitista.
Esse cenário multicolorido, que se repete a cada pleito, tem raízes no espectro partidário brasileiro ainda frágil, pouco programático e tipicamente conjuntural. Com algumas exceções apenas. São trinta e três legendas credenciadas pela Justiça Eleitoral, e mais umas três ou quatro em busca de vibializarem, a maioria pouco consistentes.
Adiante, se vier a prevalecer uma reforma política de sentido democrático – luta de grande significância, mas de difícil desenlace -, sobretudo com a adoção do financiamento público de campanhas e de listas preordenadas para a disputa de cargos parlamentares, o eleitor será instado a votar em programas partidários, mais do que em indivíduos – fortalecendo politicamente os partidos. Enquanto isso não acontecer, não se deve estranhar o desenho multifacético das alianças eleitorais.
Assim mesmo, há um fator de diferenciação que partidos e candidatos que encabeçam as coligações têm o dever de apresentar ao eleitorado: o programa de governo. Pela proposta programática se pode aquilatar até onde a verborréia de aliados exaltados, mais afeitos à provocação do que ao debate, terão influência ou não no rumo da coligação – e do governo, em caso de vitória eleitoral.
Alianças amplas e heterogêneas dão lugar a governos de disputa, de permanente busca da unidade possível. Lula e Dilma conseguiram pautar seus governos com matiz democrático e progressista. Eduardo, no governo de Pernambuco, idem. Veremos agora, na campanha que se avizinha, quem dirá o quê em relação aos rumos do País: seguir o caminho trilhado há onze anos, de grandes e inegáveis conquistas, e avançar mais; ou retroagir ao figurino neoliberal, da Era FHC, de modo explícito ou disfarçado. (Publicado no Blog de Jamildo e no Jornal da Besta Fubana).
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