Avança o fim do financiamento privado de campanhas políticas
Há anos o Congresso
Nacional tenta votar uma reforma política ampla, entretanto, interesses
políticos distintos atrapalham o avanço da matéria na Câmara dos Deputados e no
Senado. Há a reforma política democrática e a antidemocrática. O Portal
Vermelho entrevistou o membro da OAB nacional, Aldo Arantes para analisar o tema.
A reforma política
democrática busca construir um poder político em maior sintonia com o povo
brasileiro. Esta alternativa visa, também, elevar o nível de consciência
política da sociedade e consolidar os partidos. A segunda é uma reforma
política que pretende concentrar, mais ainda, o poder político das elites,
reduzindo o número de partidos e ampliando a força do dinheiro no processo
eleitoral.
A primeira preocupação
das 96 entidades que compõem a Coalizão Democrática pela Reforma Política e
Eleições Limpas é eliminar das eleições a influência do poder econômico.
Sobre o assunto, dois
avanços consideráveis foram apresentados nesta quarta-feira (2). O julgamento
da ação direta de inconstitucionalidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
contra doações de empresas privadas a candidatos e a partidos políticos, que
avançou no Supremo Tribunal Federal (STF) com a maioria dos ministros votando a
favor da proibição de doações de empresas privadas. Por 6 votos a 1, os
ministros entenderam que as doações provocam desequilíbrio no processo
eleitoral. Apesar da maioria formada, o julgamento foi suspenso por um pedido
de vista do ministro Gilmar Mendes.
No Senado, a Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, em decisão terminativa, nesta quarta-feira
(2), substitutivo ao projeto de lei da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
proibindo doações de empresas em dinheiro, ou por meio de publicidade, a
candidatos e partidos políticos.
Do ponto de vista
político, o secretário geral da Comissão Especial de Mobilização pela Reforma
Política da OAB nacional, Aldo Arantes, que vem participando do julgamento no
STF, falou com o Portal Vermelho.
Aldo Arantes lembrou que
uma pesquisa de opinião pública sobre a questão do financiamento de campanha por
empresas, realizada pela OAB, apontou um alto índice de reprovação da
população, mais de 80% se manifestaram contra esse financiamento. "Há uma
clara compreensão de que financiamento privado se distancia das reivindicações
da maioria da sociedade brasileira".
Para Aldo, a sessão do
STF significou uma vitória da democracia. Ele explicou que votaram mesmo
somente dois ministros, os outros adiantaram, anteciparam o voto, mas esses 6
votos já configuram a proibição de financiamento. A tentativa do Ministro
Gilmar Mendes, que já demostrou que é radicalmente contra a ação, é a favor da
doação de empresas privadas na campanha, disse Aldo, e ela tem o objetivo de
tentar impedir que a decisão saia antes de junho e que ela seja válida para
esse ano.
O membro da OAB falou
ainda da aprovação sobre o tema no Senado seguindo a questão que está em curso
no Supremo Tribunal Federal. “Essa questão, acompanhada da decisão adotada pela
Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado em que foi aprovado um
projeto da senadora Vanessa Grazziotin, com mais um substitutivo do Senador
Roberto Requião, na verdade passa a ser uma questão substancial, (...) é um
elemento a mais neste processo. Claro que isso encontra resistência, salientou
Aldo Arantes. Mas, disse, ele, “foi uma vitória importante da senadora do
PCdoB, Vanessa Grazziotin”.
Coalização em torno da
reforma política - “Nós estamos organizando a Coalizão Parlamentar, de
caráter suprapartidário, que incorpora todos os parlamentares favoráveis a esse
projeto e o grupo decidiu que irá conversar com a presidente da Câmara,
Henrique Alves para que de não coloque em pauta o Projeto do Grupo de Trabalho
da Câmara sobre a Reforma Política. Para Aldo, há uma série de outras medidas
restritivas neste projeto quanto à liberdade de organização partidária, por
exemplo, a proibição da Coligação Proporcional, a adoção do
"Distritão", a questão da Cláusula de Barreira, que no essencial,
segundo Aldo, “tem um conteúdo altamente antidemocrático”.
Aldo Arantes explica
ainda que por este motivo, coloca na ordem do dia a questão da reforma política
que com a aprovação da proibição do financiamento, cria um vazio político que
obriga legislar sobre a reforma, incluindo como será o financiamento das campanhas.
Ações no Congresso
- "Na semana que vem nós estaremos reunidos, a Coalização Parlamentar
e a coordenação no sentido que diante deste quadro favorável, mas também diante
do risco de ver uma reforma política antidemocrática ser aprovada, nós estamos
nos apoiando em duas linhas: uma que é articular internamente para impedir a
aprovação deste projeto da Câmara Federal que originou do Grupo de Trabalho
coordenado pelo Deputado Cândido Vacarezza e por outro lado, uma ação
afirmativa, de acelerar a coalização nos estados.
Aldo informou que essa
ação inclui a coleta de assinaturas, a solicitação do compromisso de voto,
individual e por escrito de cada parlamentar para o projeto de iniciativa
popular. “Vamos inaugurar painéis em todo o Brasil indicando o nome dos
parlamentares que assumiram o compromisso e daqueles que e ainda não assumiram.
E sem dúvida, esta ação terá um impacto grande, pois este ano é um ano
eleitoral”.
“Nosso objetivo é criar,
num tempo relativamente curto, uma manifestação forte da sociedade civil para
impedir a aprovação dessa reforma antidemocrática e para colocar na pauta e
aprovar uma reforma política que signifique um avanço para a democracia
brasileira”, analisou o membro da OAB.
Da redação, Eliz
Brandão
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