14 maio 2014

Um junho mais ameno

Novas manifestações não devem afetar Copa e eleições 


No Valor Econômico

A chance de ocorrer grandes manifestações populares durante a Copa do Mundo é pequena. A afirmação, do diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, foi baseada em pesquisa do instituto que revelou a queda no interesse da população pelas manifestações populares de junho de 2013 até hoje. Pela mesma razão, o impacto dos protestos nas eleições presidenciais de outubro também deve ser reduzido.

"Em comparação com o que houve em 2013, o entusiasmo, a curiosidade e o apoio da população aos protestos caíram. A percepção é de que teremos período de manifestações menores. Tudo indica que durante a Copa do Mundo a chance de manifestações é menor, de grupos menores, em uma ação mais organizada. Aquelas grandes manifestações não devem acontecer", disse Coimbra.

Segundo a amostragem, 50% da opinião pública brasileira tinha interesse em buscar mais informações sobre o assunto em junho do ano passado, hoje a maioria das pessoas se diz apenas "moderadamente interessada no assunto", com uma queda no interesse para 20%.

"Esse endosso da opinião pública às manifestações caiu a menos da metade de junho para cá, o que está relacionado ao aumento da violência nas manifestações", afirmou o diretor. A faixa da população que disse que foi às ruas — 5% — se manteve estável de junho para cá.

Eleições

O impacto das manifestações nas eleições também deve ser menor do que o esperado. "Passamos em junho do ano passado de 2 milhões de posts sobre as manifestações brasileiras em redes sociais, para um volume que é menos da metade disto", observou Coimbra.

A pesquisa mostrou que 33% das pessoas que se colocaram à favor das manifestações declararam intenção de voto para a Dilma. Entre os que não concordam com os protestos, a intenção dos votos para a Dilma são ainda maiores, 50%.

A presidente tem maioria das intenções de voto entre a população que não participou dos protestos, 40%. Mas entre os participantes de manifestações, ela está praticamente empatada com Aécio Neves. "Os participantes das manifestações são significativamente menos petistas", afirmou Coimbra.

A maioria da população brasileira diz ter posicionamento político "de centro", mas a maioria das pessoas que participaram dos protestos está mais inclinada para "a direta".

A amostragem do instituto revelou, ainda, que a participação nos protestos foi mais alta no Sudeste, em especial no Rio de Janeiro. A população participante das manifestações era de sua maioria jovem e com escolaridade média e alta, o que, para Coimbra, não representa exata relação com a maioria da população brasileira. "Não é um corte horizontal da população demográfica. O que se vê é participação maior de pessoas na idade jovem nas manifestações, que é maior do que seu peso na sociedade", explicou Coimbra.
Segundo ele, as greves que estão ocorrendo nos últimos meses, como a dos garis em março e dos rodoviários em maio, são basicamente sindicais, por reivindicações específicas, e em nada tem a ver com o movimento dos protestos que começou no ano passado.

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