A consultoria que diz que o Brasil vai acabar
Paulo Nogueira, no
Diário do Centro do Mundo
O Brasil vai acabar.
Quem diz isso é o
analista de investimentos Felipe Miranda, um dos sócios e fundadores da
consultoria de investimentos Empiricus.
Num texto que a própria
Empiricus define como “leitura obrigatória”, Miranda vaticina o fim do Brasil.
Para breve.
Isto, é claro, caso
Dilma se reeleja. Aí, segundo ele, o caos vai se instalar na economia, e
estaremos todos fritos.
Quer dizer: todos menos
os sócios da Empiricus. Porque eles estão fazendo do horror econômico uma arma
de vendas.
Num anúncio
controvertido na internet, eles prometeram aos eventuais clientes a fórmula
infalível para “se proteger da Dilma”.
O anúncio foi tirado do
ar por ordem do Tribunal Superior Eleitoral, depois de uma reclamação do PT.
O TSE entendeu que
aquilo era uma peça eleitoral contra Dilma.
Tenho outra visão. Não é
exatamente contra Dilma, mas contra a decência.
Pelo seguinte: eu induzo
você a achar que uma bomba atômica está prestes a explodir onde você vive. E ao
mesmo tempo ofereço a você abrigo antinuclear.
Sua crendice é meu
lucro.
É uma coisa próxima da
vigarice. Eu estou engambelando você. Eu estou vendendo o problema e ao
mesmo tempo a solução para você.
A Empiricus é pequena, e
não tem grandes histórias a contar em sua até aqui breve existência de cinco
anos.
Mesmo assim, por causa
do anúncio, ela virou notícia.
Pelo menos numa ocasião
cometeu um erro monumental de avaliação. No final de 2009, recomendou
entusiasmadamente que os investidores comprassem papeis da OGX, de Eike.
“OGX pode dobrar de
valor na bolsa, diz Empiricus”: este o título de uma matéria da Exame.
Bem, o final da história
todos sabemos.
Você conhece a alma da
Empiricus vendo sua conta no Twitter. Ela tem pouco mais de 5 000 seguidores. E
segue apenas vinte pessoas.
Entre elas estão
Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Lobão, Roger e Danilo Gentili.
Todos eles saíram a
campo para defender a Empiricus do “terror petista” por conta da retirada do
anúncio do ar.
Felipe Miranda talvez
não seja brilhante em avaliações, ou um exemplo de ética, mas de marketing ele
tem boas noções.
Sabe aparecer.
No meio da confusão, ele
aproveitou para avisar que está pensando em contratar a analista demitida pelo
Santander depois de oferecer, ela também, proteção contra Dilma.
(O Santander errou duas
vezes: ao publicar o boletim e depois ao demitir a autora.)
Tenho aqui um
pressentimento.
Com a notoriedade
adquirida agora graças ao anúncio e ao relatório que enterra o Brasil, Felipe
Miranda se credencia a ser mais um colunista da Veja, ou do Globo, ou da Folha,
ou do Estadão.
Pressinto que vamos
ouvi-lo com frequência na CBN e na Globonews em programas sobre a economia.
Daí, da alavanca
esplêndida da mídia, a palestras de 10, 20 ou mesmo 30 000 reais é um pulo.
Com a vantagem que, na
mídia, ele pode fazer avaliações como a relativa a Eike sem consequência
nenhuma para si próprio.
Basta falar mal do PT. O
resto não importa.
Leia mais sobre temas
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