Marina e o mito do cavaleiro solitário
Luís Nassif,
em seu blog
Todo
fim de ciclo político abre espaço para os outsiders da política.
São
períodos em que ocorre um aumento da inclusão, da participação popular e os
mecanismos políticos tradicionais não mais dão conta da nova demanda. Há o
descrédito em relação à política e, no seu rastro, o cavaleiro solitário,
cavalgando o discurso moralista e trazendo a esperança da grande freada
de arrumação.
Fazem
parte dessa mitologia políticos como Jânio Quadros, Fernando Collor e, agora,
Marina Silva.
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Tornam-se
fenômenos populares, o canal por onde desaguará a insatisfação popular com o velho
modelo.
No
poder, isolam-se por falta de estrutura partidária ou mesmo de quadros em
qualidade e quantidade suficiente para dar conta ro recado de administrar um
país complexo como o Brasil.
Com
poucos meses de mandato, a população percebe que não ocorrerá o milagre da
transformação política brasileira e se desencantará com o salvador. Sem base
política, sem o canal direto com o povo, perdem o comando e trazem a crise
política.
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Desde
a redemocratização de 1945 o Brasil tornou-se um país difícil de administrar,
dada a complexidade de forças e setores envolvidos. Só é administrável através
das composições políticas.
Na
última década, a complicação ficou maior porque floresceram uma nova sociedade
civil, novas classes de incluídos e o fantasma da hiperinflação (e dos pacotes
econômicos) não mais funcionava como agente organizador das expectativas e de
desarme das resistências.
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O
maior momento de Marina foi quando, na OMC (Organização Mundial de Comércio)
defendeu a o direito do Brasil proibir a importação de pneus. No episódio
Cessna descobre-se um sócio oculto do ex-governador Eduardo Campos, que
enriqueceu com incentivos fiscais (do estado de Pernambuco) justamente para a
importação de pneus.
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Não
apenas isso.
Sua
vida profissional indica uma personalidade teimosa e desagregadora.
Começou
a vida política com Chico Mendes. Depois, rompeu com ele e aderiu ao PT. Foi
parceira de Jorge Vianna, governador do Acre. Rompeu com Jorge, tornou-se Ministra
de Lula.
Teve
embates com a então Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff acerca da
exploração da energia na Amazonia. Perdia os embates nas reuniões Ministeriais,
mas criava enormes empecilhos no licenciamento ambiental.
Nas
reuniões ministeriais, jamais abria mão de posições. Quando derrotada, se
auto-vitimizava e, nos bastidores, jogava contra as decisões com as quais não
concordava.
Saiu
do governo Lula no dia em que anunciou seus planos para a Amazonia e Lula
entregou a gestão para Roberto Mangabeira Unger.
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Saiu
do governo, entrou no PV e promoveu um racha no partido. Tentou montar a Rede,
juntou-se com o PSB e criou conflitos de monta com os principais auxiliares de
Campos.
A
teimosia em geral estava a serviço de ideias e conceitos totalmente anticientíficos.
Combateu
as pesquisas em células tronco. Em 2010, em uma famosa entrevista no Colégio
Marista, em Brasilia, anunciou que proibiria ensinar Darwin nas escolas, por
ser a favor do criacionismo.
Se o
país resolver insistir na aposta no personagem salvador, só há uma coisa a
dizer: bem feito!
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