11 setembro 2014

Aparência e essência na disputa presidendial

Nem reluz, nem é ouro

Há quem não goste por razões estéticas ou por ingenuidade, porém fortalece a democracia a polarização entre duas candidaturas presidenciais, que se distanciam das demais em intenção de votos, segundo as mais recentes pesquisas. Isto porque aos olhos do eleitor aos poucos vão clareando as diferenças essenciais entre as principais litigantes - no caso, Dilma, do PT x Marina, da Rede, alojada temporariamente na legenda do PSB. Com um ingrediente importante: a popularização de temas tão cruciais para o País quanto complexos.

A gestão da política monetária e cambial, por exemplo, que influencia o cotidiano de todos os brasileiros. Ao anunciar a pretensão de conferir ao Banco Central autonomia em relação ao governo (e não ao mercado financeiro), a candidata Marina fez cair à máscara e se revelou atrelada feito ostra na pedra aos interesses do sistema financeiro internacional. A sua aura de suposta santidade (sic) deu lugar ao que realmente é. Como bem caracterizou o frei Leonardo Boff, que acompanha a trajetória da ex-senadora do Acre desde o início, "os pobres perderam uma aliada e os opulentos ganharam uma legitimadora".

Lênin dizia, pensando no socialismo, que os trabalhadores estariam emancipados intelectualmente quando o mais simples dos cidadãos fosse capaz de compreender os rumos da Nação. Modestamente, cá entre nós, podemos comemorar a elevação crescente do nível de consciência do eleitorado quando um assunto como este - o papel de Banco Central - vira tema em mesa de botequim e na roda de conversa ali na esquina.

Pois é o que começa a acontecer, na esteira do confronto de projetos diametralmente opostos entre Dilma versus Marina. A verdadeira natureza do combate a corrupção, os impactos negativos de uma desejada (por Marina) redução dos investimentos destinados à exploração do petróleo da camada do pré-sal sobre o futuro mediato da educação e da saúde no Brasil, os efeitos nefastos da também pretendida pela candidata da Rede diminuição do papel dos bancos públicos em nossa economia e consequente fortalecimento dos bancos privados e por aí vai. Temas que ocupam a TV, o rádio e as redes sociais. E que surge naturalmente aqui no elevador da Prefeitura, como hoje cedo, a partir de uma pergunta que me fez - vejam só - um ascensorista: "Prefeito, não é a Caixa Econômica que financia habitação popular a juros baixos? Me disseram ontem que a Marina quer dar mais gás ao Bradesco, Itaú, Santander... E o Minha Casa, Minha Vida como fica?"

Depois de breve explicação sobre os efeitos de uma hipotética assimetria entre bancos públicos e privados, em favor dos privados, sobre o financiamento dos programas sociais do governo, observei: “É isso, amigo, nem tudo o que reluz é ouro.” Na verdade, no caso da recém-convertida em bola da vez da oposição conservadora nas eleições presidenciais, nem reluz, nem é ouro. É a candidata dos banqueiros e do antipetismo ultraconservador. Só isso. (Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo)
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