A expressão ‘Não sou de ninguém’, que contém duas
palavras negativas. Para muitos, construções desse tipo teriam um sentido
afirmativo. O colunista mostra que não.
Sírio
Possenti, revista Ciência Hoje Online
. Um dos equívocos periodicamente
mencionados à socapa em programas de ensino televisivo de língua portuguesa diz
respeito à mal descrita dupla negação, como em Não vi nada / Não vi ninguém. Há
quem pense, mal contrabandeando sentenças algébricas, que a frase significa ‘vi
tudo / todos / alguns’, já que (eles têm certeza!) a dupla negação equivale a
uma afirmação.
. Faço algumas observações iniciais,
depois desenvolvo o argumento central: 1) o fenômeno da dupla negação, em
português, é muito circunscrito; só ocorre quando há um pronome negativo no
final da sentença (nada, ninguém, nenhum etc.); 2) só funciona em orações
ativas; na respectiva passiva, ela desaparece (ver abaixo); 3) a regra vale
apenas para o português culto, porque há variantes que aceitam outras
construções (Ninguém
não viu quando ele chegou); 4) há dupla negação também em inglês,
em variedades não cultas, como I
can´t eat nothing.
Verdade. E é questão certeira numa prova de concurso, na matéria de raciocínio lógico. Ela não me pega.
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