Dois projetos antagônicos, sem tergiversação
Luciano Siqueira, no portal Vermelho www.vermelho.org.br
A disputa presidencial alcança fase nova com o movimento de
placas tectônicas que coloca Dilma Rousseff e Marina Silva como principais
concorrentes, enquanto o tucano Aécio Neves desce ladeira abaixo. Toma corpo,
então, o confronto entre dois projetos antagônicos – ainda que a grande mídia e
os arautos da oposição procurem obscurecer, reduzindo o embate às aparências,
bem ao estilo da candidata da Rede, para quem o jogo de palavras se converte em
pedra de toque do seu discurso.
O fato irrecusável, entretanto, está no programa apresentado
pela oposicionista, passivo de análise sob muitos ângulos, destacadamente o
compromisso com os banqueiros privados nacionais e estrangeiros em instaurar a
tão sonhada (por eles) autonomia do Banco Central; a redução significativa de
investimentos na exploração do petróleo e gás da camada do Pré-Sal (golpe
direto no futuro mediato da infraestrutura, da educação e da saúde) e o
realinhamento do País nas relações internacionais – este, fator de
enfraquecimento do Brasil na cena mundial.
Na verdade, por estas e outras, e pelo comportamento errátil
da candidata da Rede, que procura se adequar a cada público como o líquido ao
recipiente, a tática eleitoral mais adequada da oposição é justamente evitar o
aprofundamento das diferenças.
Referências às conquistas sociais dos últimos doze anos,
desde Lula e no governo Dilma, em comparação com a regressão do período FHC são
recusadas como “coisa do passado”. O crescimento com inclusão social é desqualificado
pelo desempenho recente do PIB e – pasmem! – pelos humores negativos do chamado
“mercado”. Como se não tivesse valor o fato singular do Brasil transitar na
atual crise sistêmica mundial com taxas de desemprego em torno de 5%, com
valorização da renda média do trabalhador e com continuada expansão do mercado
de consumo.
Dilma enfrenta condicionantes externos adversos à economia
brasileira apostando em nossas próprias potencialidades. Compra a queda de
braço com o setor rentista e defende o emprego e a produção. Aponta para mais
investimentos estratégicos em infraestrutura, para alavancar a economia; e para
a solução do financiamento da educação e da saúde, qualificando a inclusão
social.
Marina, por seu turno, presa aos dogmas neoliberais que lhes
são ministrados por Lara Rezende e Gianetti, experts em financeirização da
economia, arrocho fiscal a todo custo e convivência fria com o desemprego,
sinaliza claramente para a abordagem do chamado tripé macroeconômico - meta de inflação, câmbio flutuante e política de
superávit fiscal – dentro dos rigorosos limites dos governos FHC. Entretanto,
em sua fala, insiste em distinguir a política entre “bons” e “maus”, numa falsa
visão maniqueísta do enfrentamento dos problemas da Nação. Ao mesmo tempo, proclama
ojeriza aos partidos políticos, com os quais teria que se relacionar caso
viesse a ser eleita.
Esse filme
já passou em nosso País: Jânio Quadros e Fernando Collor diziam a mesma coisa.
As consequências todos sabemos.
Daí, na
atual fase da peleja eleitoral, cabe sim explicitar as diferenças antagônicas
entre os dois projetos encarnados por Dilma e Marina. Para esclarecer aquele
que decidirá a parada – o eleitor.
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