Combate à fome na América Latina e Caribe
Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
Planos
governamentais não são nada simples. Entre a intenção e o gesto há uma gama de
fatores, favoráveis e desfavoráveis, sobretudo obstáculos, a enfrentar. Assim
mesmo, há que se comemorar o sucesso de políticas públicas de grande alcance.
No Brasil dos últimos doze anos, por exemplo, políticas de natureza inclusiva
levaram a que o nosso país saísse do mapa mundial da fome instituído pela
ONU.
Assim,
merece atenção o Plano de segurança alimentar, nutrição e erradicação da fome
em 2025 da Celac, (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), formulado
com a ajuda FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação), aprovado em encontro de chefes de Estado, dias atrás, em San José
da Costa Rica.
A
Celac cumpre papel relevante na geopolítica mundial, constituindo-se em bloco
para a defesa de interesses comuns e a promoção do progresso econômico e
social.
O
plano aprovado pretende erradicar plenamente a fome em dez anos, o que
significa socorrer e integrar ao sistema produtivo 37 milhões de famintos e 71
milhões de indigentes. Isto sob a inspiração do principio do direito de
todos à alimentação saudável e à disponibilidade de alimentos nutritivos,
e do dever dos Estados proverem as condições para tanto.
Objetivo tão ousado tem tudo a ver com o desenvolvimento econômico com inclusão social, marca peculiar de alguns países latino-americanos, o Brasil em especial - na contramaré do receituário neoliberal dominante no mundo, que concentra a produção, a riqueza e a renda e exclui milhões.
Eis
um ingente desafio num ambiente de prolongada crise econômica e financeira, de
caráter estrutural que assola o mundo, tendo como epicentro os países mais
desenvolvidos. Os Estados nacionais desses países enfrentam a crise pondo em
primeiro lugar os interesses da oligarquia financeira e adotam políticas que,
além de aprofundarem a financeirização da economia, concentrarem a produção, a
renda e a riqueza, promovem a regressão de direitos.
De
outra parte, a redução do ritmo de crescimento da China, mantido a 7% ao ano,
afeta diretamente as exportações de países como o Brasil, que negocia com os
chineses principalmente commodities.
O
bloco formado pela Celac não dará conta do Plano de erradicação da fome à
margem dessas contingências internacionais, que afetam suas economias. Devem,
portanto, explorar todas as possibilidades da ajuda mútua em todas as esferas,
das relações de trocas comerciais à cooperação técnica. E o Brasil tem uma
importante responsabilidade nesse esforço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário