Sem reprise
Jandira Feghali, no Vermelho
Nosso país já viveu a
traumática experiência de uma ruptura institucional, em que o controle do
Estado mudou rapidamente de mãos, usurpando um governo constitucionalmente
eleito. Foi agosto de 1961 que Jânio assinou sua carta de renúncia, com apenas
sete meses de governo: “Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se
contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração”, dizia
à época.
Deu-se
início a um sórdido estratagema que culminou com a declaração ilegal de
vacância da presidência por João Goulart e no golpe militar de 64. Esses fatos
merecem ser rememorados, pois parecem estar distantes das vozes que hoje se
erguem na insana defesa do golpe, seja qual via for.
Revisitar a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, com convocações explícitas pela intervenção militar ou pedidos de impeachment, sem traços republicanos ou conclusão de investigação, é antidemocrático. Um equivocado caminho, que lamentavelmente só conseguimos superar no passado à custa da vida de brasileiros que não desistiram de lutar pela democracia.
Ainda assim, causa estranheza ver que boa parte dos cidadãos que defendem este rumo já o viveram uma vez na História, mas a distância na linha do tempo talvez os impeça de ver com clareza o que isso pode significar para seus filhos e netos.
As consequências do período militar foram muito além da privatização do ensino, do desestímulo à pesquisa e do fosso social. Em 21 anos, o regime matou, torturou, impôs a censura, cassou mandatos políticos e perseguiu sem tréguas os que ousaram defender qualquer tipo de liberdade. São milhares de desaparecidos, com apenas 356 contabilizados.
O papel da Grande Mídia nos episódios golpistas de nossa História é conhecido. Deturpam, editam e silenciam verdades, sempre alinhados ao poder econômico que a mantém e da oposição que a alimenta. Quem não se lembra da união golpista de Carlos Lacerda com militares contra Getúlio em 50? A Tribuna da Imprensa à época que o diga, palco de uma grande campanha de oposição à Vargas.
A quem interessa retornar às trevas do período de chumbo numa perigosa aposta pelo fim da democracia? Vale tudo no embate político brasileiro por uma direita saudosa pelo poder? Não nos enganemos. Os defensores da derrubada da presidenta Dilma, pelo golpe ou pelo impeachment, serão os primeiros a sentir falta da liberdade e da democracia. Mas não serão eles que lutarão ou perderão suas vidas por elas, pois tal tarefa sempre pertenceu aos que as defendem incondicionalmente.
Corrupção não se combate com ilegalidades. Não se enfrenta com jogos escusos e a busca pelo poder a qualquer preço. Há um governo legitimamente eleito pela maioria dos brasileiros e uma investigação em curso. Temos a liberdade para concordar ou não com suas diretrizes e protestar. Querer mais do que isso é entrar num jogo onde uns poucos vencem e a maioria paga um preço alto demais. Este filme já assistimos e não cabe reprise.
Revisitar a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, com convocações explícitas pela intervenção militar ou pedidos de impeachment, sem traços republicanos ou conclusão de investigação, é antidemocrático. Um equivocado caminho, que lamentavelmente só conseguimos superar no passado à custa da vida de brasileiros que não desistiram de lutar pela democracia.
Ainda assim, causa estranheza ver que boa parte dos cidadãos que defendem este rumo já o viveram uma vez na História, mas a distância na linha do tempo talvez os impeça de ver com clareza o que isso pode significar para seus filhos e netos.
As consequências do período militar foram muito além da privatização do ensino, do desestímulo à pesquisa e do fosso social. Em 21 anos, o regime matou, torturou, impôs a censura, cassou mandatos políticos e perseguiu sem tréguas os que ousaram defender qualquer tipo de liberdade. São milhares de desaparecidos, com apenas 356 contabilizados.
O papel da Grande Mídia nos episódios golpistas de nossa História é conhecido. Deturpam, editam e silenciam verdades, sempre alinhados ao poder econômico que a mantém e da oposição que a alimenta. Quem não se lembra da união golpista de Carlos Lacerda com militares contra Getúlio em 50? A Tribuna da Imprensa à época que o diga, palco de uma grande campanha de oposição à Vargas.
A quem interessa retornar às trevas do período de chumbo numa perigosa aposta pelo fim da democracia? Vale tudo no embate político brasileiro por uma direita saudosa pelo poder? Não nos enganemos. Os defensores da derrubada da presidenta Dilma, pelo golpe ou pelo impeachment, serão os primeiros a sentir falta da liberdade e da democracia. Mas não serão eles que lutarão ou perderão suas vidas por elas, pois tal tarefa sempre pertenceu aos que as defendem incondicionalmente.
Corrupção não se combate com ilegalidades. Não se enfrenta com jogos escusos e a busca pelo poder a qualquer preço. Há um governo legitimamente eleito pela maioria dos brasileiros e uma investigação em curso. Temos a liberdade para concordar ou não com suas diretrizes e protestar. Querer mais do que isso é entrar num jogo onde uns poucos vencem e a maioria paga um preço alto demais. Este filme já assistimos e não cabe reprise.
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