Rastilho de ódio
Luciano Siqueira
Muito mais do que a discordância natural em relação ao
governo, propaga-se como o vento um sentimento oposicionista contaminado pelo
preconceito, a intolerância e o desrespeito à convivência democrática.
Partidos conservadores ao estilo da velha UDN, que põem o combate à corrupção em tom abertamente hipócrita como biombo para ocultar seus verdadeiros intentos, e a grande mídia mancomunada com a oligarquia financeira compõem o sistema oposicionista radicalmente direitista.
Partidos conservadores ao estilo da velha UDN, que põem o combate à corrupção em tom abertamente hipócrita como biombo para ocultar seus verdadeiros intentos, e a grande mídia mancomunada com a oligarquia financeira compõem o sistema oposicionista radicalmente direitista.
O PSDB, maior partido de oposição, que antes se dizia viver
“em cima do muro”, hoje assume abertamente a ruptura com a ordem democrática em
favor do retrocesso político e econômico que não logrou através do voto.
Os atos públicos em favor do impeachment da presidenta
Dilma, convocados para o próximo 15 de março, fazem parte dessa onda
conservadora.
Não se debatem ideias, não se cotejam projetos políticos;
semeia-se um rastilho de ódio avesso a qualquer discussão racional.
Dilma e o PT são o alvo. A derrubada do governo é o
objetivo, sem o menor respeito ao pronunciamento do eleitorado no pleito de outubro.
O ódio também se dissemina em parcelas significativas dos
setores médios da população, pouco esclarecidos e não plenamente contemplados
com as conquistas sociais verificadas nos últimos doze anos.
O PT é atacado menos pelos erros cometidos e, sobretudo,
pelos êxitos alcançados. A rejeição à inserção social de mais de quarenta
milhões de brasileiros muito pobres ou que viviam sob condições abaixo da linha
da pobreza é a pedra de toque do combate ao PT.
O ódio disseminado gera o caldo de cultura propício à
pregação fascistóide.
Por outro lado, estão muito longe do dever cívico a reação
do governo e do partido hegemônico na coalizão governista, o PT. São tímidas,
quando não ausentes, as manifestações da própria presidenta Dilma e do ex-presidente
Lula.
O ato público em defesa da Petrobras, ocorrido no Rio de
Janeiro dias atrás pode ser um primeiro sinal de reação. Tomara.
Não é uma luta menor, muito menos pontual e passageira.
Trata-se do maior embate já ocorrido desde que iniciada a transição da ordem
neoliberal, herdada da era FHC, a um novo projeto de nação em construção a partir
do primeiro governo Lula.
Essa transição, conflituosa por natureza, marcada pela
alternância de instantes aparentemente mornos e de grande acirramento, tem o
seu conteúdo e o seu ritmo determinados pela correlação de forças.
Hoje, o segundo governo Dilma enfrenta uma correlação de
forças muito adversa, pesando substancialmente a dispersão da sua base
partidária e parlamentar de apoio e a dificuldade momentânea de mobilizar a sua
base social, fundamentalmente localizada entre os assalariados, a juventude, a
intelectualidade e as camadas populares e o empresariado progressista.
Nunca foi tão necessário retomar organizadamente o movimento
pela continuidade das mudanças. O que requer, antes de tudo, intenso e
esclarecedor debate de ideias – no parlamento, nos fóruns de movimento social,
nas redes e nas ruas. (Publicado no
portal Vermelho e no Blog de Jamildo/portal ne.10)
Sabe Luciano, hoje estávamos aqui comentando sobre a impunidade, a corrupção, a democracia, os partidos, a oposição, enfim, sobre a nossa política tão fragilizada. A oposição existe apenas para benefício próprio. A justiça que era pra ser pra todos independente de credo, raça etc etc é lamentavelmente colocada como "abuso de poder" e se envergonha por debaixo do pano em seus olhos.... Por mais que briguemos por uma igualdade social, por uma vida digna e por uma verdadeira e justa causa comunitária, estaremos sempre nos esbarrando nessas pessoas que só olham para o próprio umbigo. E são tantos!!! Hoje, particularmente, estou envergonhada de ser brasileira. Pode ser que amanhã eu mude...a gente sempre muda. Abraços
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