A "nota" da Petrobras e a "nota" da Moody's
De que vive a Moody´s? Basicamente, de
“trouxas” e de conversa fiada
Mauro Santayana, no Jornal do Brasil
A
agência de classificação de “risco" Moody´s acaba de rebaixar a nota de
crédito da Petrobras de Baa2 para Ba2, fazendo com que ela passe de "grau
de investimento" para "grau especulativo".
O
que faz a Petrobras ?
Produz
conhecimento, combustíveis, plásticos, produtos químicos, e, indiretamente,
gigantescos navios de carga, plataformas de petróleo, robôs e equipamentos
submarinos, gasodutos e refinarias.
De
que vive a Moody´s?
Basicamente,
de “trouxas” e de conversa fiada, assim como suas congêneres ocidentais, que
produzem, a exemplo dela, monumentais burradas, quando seus
"criteriosos" conselhos seriam mais necessários.
Conversa
fiada que primou pela ausência, por exemplo, quando, às vésperas da Crise do
Subprime, que quase quebrou o mundo em 2008, devido à fragilidade,
imprevisão e irresponsabilidade especulativa do mercado financeiro dos EUA, a
Moody,s, e outras agências de classificação de "risco" ocidentais,
longe de alertar para o que estava acontecendo, atribuíram "grau de
investimento", um dos mais altos que existem, ao Lehman Brothers,
pouco antes que esse banco pedisse concordata.
Conversa
fiada que também primou pela incompetência e imprevisibilidade, quando, às
vésperas da falência da Islândia - no bojo da profunda crise europeia, que,
como se vê pela Grécia, parece não ter fim - alguns bancos islandeses chegaram
a receber da Moody´s o Triple A, o mais alto patamar de avaliação,
também poucos dias antes de quebrar.
Afinal,
as agências de classificação europeias e norte-americanas, agem, antes de
tudo, com solidariedade de “classe”. Quando se trata de empresas e nações
“ocidentais”, e teoricamente desenvolvidas - apesar de apresentarem indicadores
macro-econômicos piores do que muitos países do antigo Terceiro Mundo - as
agências “erram” em suas previsões e só vêem a catástrofe quando as
circunstâncias, se impõem, inapelavelmente, seguindo depois o seu caminho na
maior cara dura, como se nada tivesse acontecido.
Não
é por outra razão que vários países e instituições multilaterais, como o BRICS,
já discutem a criação de suas próprias agências de classificação de risco.
Não
apenas porque estão cansados de ser constantemente caluniados, sabotados e
chantageados por "analistas" de aluguel - como, aliás, também ocorre
dentro de certos países, como o Brasil - mas também porque não se pode,
absolutamente, confiar em suas informações.
Se
houvesse uma agência de classificação de risco para as agências de
“classificação” de risco ocidentais, razoavelmente isenta - caso isso fosse
possível no ambiente de podridão especulativa e manipuladora dos
"mercados" - a nota da Moody´s, e de outras agências semelhantes
deveria se situar, se isso fosse permitido pelas Leis da Termodinâmica, abaixo
do zero absoluto.
Em
um mundo normal, nenhum investidor acreditaria mais na Moody´s, ou investiria
um cent em suas ações, para deixar de apostar e aplicar seu dinheiro em
uma empresa da economia real, que, com quase três milhões de barris por dia, é
a maior produtora de petróleo do mundo, entre as petrolíferas de capital
aberto, produz bilhões de metros cúbicos de gás e de etanol por ano, é a mais
premiada empresa do planeta - receberá no mês que vem mais um "oscar"
do Petróleo da OTC - Offshore Technologies Conferences - em tecnologia
de exploração em águas profundas, emprega quase 90.000 pessoas em 17 países, e
lucrou mais de 10 bilhões de dólares em 2013, por causa da opinião de um bando
de espertalhões influenciados e teleguiados por interesses que vão dos governos
dos países em que estão sediados aos de "investidores" e
especuladores que têm muito a ganhar sempre que a velha manada de analfabetos
políticos acredita em suas "previsões".
Neste
mundo absurdo que vivemos, que não é o da China, por exemplo, que - do alto da
segunda economia do mundo e de mais de 4 trilhões de dólares em ouro e reservas
monetárias - está se lixando olimpicamente para as agências de
"classificação" ocidentais, o rebaixamento da "nota" da
Petrobras pela Moody´s, absolutamente aleatória do ponto de vista das condições
de produção e mercado da empresa, adquire, infelizmente, a dimensão de um
oráculo, e ocupa as primeiras páginas dos jornais.
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