30 abril 2015

Dia de luta

Peculiaridades deste Primeiro de Maio

Luciano Siqueira

Comemorado há 126 anos, desde que em 1889 um encontro operário em Paris constituiu a II Internacional Socialista e deliberou reverenciar a histórica greve de 1886 em Chicago, EUA, o 1º. de Maio assume, em diferentes partes do mundo, variados significados.
Depende da conjuntura. E do alcance das conquistas obtidas ou de derrotas ou ameaças.
Vi um 1º. de Maio Beijing, capital da China. A Praça da Paz Celestial tomada de gente em festa. Havia muito a celebrar desde a Revolução de 1949.
Sob a ditadura militar, no Brasil, muitas vezes pudemos apenas reunir militantes clandestinamente, pichar muros e distribuir panfletos em arriscadas investidas em portas de fábricas.
De 1979 em diante, quando os alicerces do regime e modelo econômico imposto começaram a ruir a partir das greves do ABC paulista, trabalhadores em toda parte alevantaram a cabeça e ousaram realizar manifestações de maior envergadura. Derrubar o arrocho salarial e a ditadura e reconquistar a democracia deram sentido àquelas manifestações.
Há comemorações marcadas pelo espírito guerreiro e há comemorações nem tanto – permeadas por variáveis conjunturais e pelo caráter classista ou conciliador dos sindicatos que as promovem.
Este 1º. de Maio haverá de levantar trabalhadores do mundo inteiro contra o desemprego e contra a supressão de direitos que se verificam em toda parte, como subproduto da crise econômica global.
A oligarquia financeira internacional tem o leme e enfrenta os impasses da economia concentrando mais ainda a produção, a renda e riqueza e excluindo os que vivem do trabalho.
No Brasil, cumpre erguer com firmeza a luta contra a Lei da Terceirização que, num tempo de retração econômica e de ajuste fiscal combinado com juros altos, aponta para salários mais baixos, alta rotatividade nos postos de trabalho, insegurança jurídica. Ou seja, a precarização das relações de trabalho. Um retrocesso em relação a conquistas históricas, obtidas com muita luta e sacrifício.
Além do PL 4330/04 da Terceirização, há outra ameaça, de dimensão mais ampla, à própria democracia. As investidas da direita no sentido do impeachment da presidenta Dilma, eleita em outubro democraticamente, constituem o fio da meada de um conjunto de proposições de caráter ultraconservador que tramitam no Congresso Nacional, por força de uma maioria formada por larga representação empresarial e por parlamentares comprometidos com interesses fisiológicos e não raro escusos.
Nesse cenário, o sindicalismo de caráter classista, que enxerga bem além das bandeiras corporativas (legítimas), há que se afirmar através de uma pauta avançada que ressalte, além da garantia dos direitos sociais e trabalhistas, a defesa da democracia, do mandato legítimo e constitucional da presidenta Dilma; a Petrobras, a economia e a engenharia nacional; o combate à corrupção com a extinção do financiamento empresarial das campanhas; a retomada do crescimento econômico do país.
Nas ruas e nas redes sociais.
(Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo/portal ne10)
Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD 

Nenhum comentário:

Postar um comentário