O rumo, a dose e o dilema
Luciano Siqueira
Mais significativo do que a expressiva redução do tamanho das manifestações de domingo último - regressão inquestionável - é a qualidade precária do movimento anti-Dilma.
Registros factuais ao vivo pela TV e pesquisas imediatamente divulgadas acerca da condição social e das motivações predominantes entre os manifestantes dão conta da porosidade do movimento.
Falta consistência, embora não se possa subestimá-lo.
O "partido midiático" se frustrou, especialmente a Globo News e a rede CBN de rádio, que desde cedo fizeram campanha aberta concitando telespectadores e ouvintes a irem às ruas.
Comentaristas alçados à condição de arautos, traduziam com nitidez as fragilidades e as contradições do movimento.
Questão de rumo e de dosagem.
O rumo inequívoco da oposição e da mídia é apear Dilma do governo. A defesa do impeachment como meio.
Perguntadas, entretanto, as pessoas nas ruas, em sua maioria, se diziam favoráveis ao impeachment. Mas verbalizavam e exibiam em faixas e cartazes principalmente o combate à corrupção e à impunidade. E o repúdio à política, aos políticos e aos partidos.
Mais significativo do que a expressiva redução do tamanho das manifestações de domingo último - regressão inquestionável - é a qualidade precária do movimento anti-Dilma.
Registros factuais ao vivo pela TV e pesquisas imediatamente divulgadas acerca da condição social e das motivações predominantes entre os manifestantes dão conta da porosidade do movimento.
Falta consistência, embora não se possa subestimá-lo.
O "partido midiático" se frustrou, especialmente a Globo News e a rede CBN de rádio, que desde cedo fizeram campanha aberta concitando telespectadores e ouvintes a irem às ruas.
Comentaristas alçados à condição de arautos, traduziam com nitidez as fragilidades e as contradições do movimento.
Questão de rumo e de dosagem.
O rumo inequívoco da oposição e da mídia é apear Dilma do governo. A defesa do impeachment como meio.
Perguntadas, entretanto, as pessoas nas ruas, em sua maioria, se diziam favoráveis ao impeachment. Mas verbalizavam e exibiam em faixas e cartazes principalmente o combate à corrupção e à impunidade. E o repúdio à política, aos políticos e aos partidos.
Daí a timidez de muitos próceres
tucanos e quejandos, praticamente ausentes. O deputado Paulinho da Força
arriscou-se em São Paulo e tomou uma tremenda vaia.
A "despolitização", ou seja, o conteúdo dispersivo e atrasado, se tempera pelo ódio e todo tipo de discriminação. Mais uma vez, camisetas e cartazes alusivos ao ex-presidente Lula salientaram sua condição de operário e a ausência de um dos dedos da mão.
À semelhança das manifestações de junho de 2013, quando o "partido midiático" resolveu impulsionar o movimento, novamente parece haver um erro na dosagem. Ali se reproduziam à exaustão cenas de violência com o intuito claro de passar à população a impressão de desgoverno, resultando em efeito colateral negativo: aos poucos as manifestações minguaram pelo medo da violência que tomou conta da maioria.
A campanha de desmoralização da política agora também parece ter o mesmo efeito bumerangue. Partidos de oposição não conseguem controlar e direcionar as manifestações de protesto como desejam.
Disso resulta às oposições um dilema: continuam incentivando os protestos de rua, sobre os quais aparentemente não têm controle, com o risco destes se voltarem também contra eles ou priorizam a frente parlamentar, onde ainda mantêm maioria fundada na representação empresarial ultra-conservadora e em dissidências (de motivações fisiológicas) da base aliada?
De outra parte, o governo começa a reagir na esfera política, escalando novos interlocutores - como o vice-presidente Temer - e abrindo negociações com o Congresso em torno do ajuste fiscal e outras matérias igualmente relevantes.
Fatores - aqueles e estes - que certamente contribuirão para o enfraquecimento gradativo das manifestações de rua anti-governistas. É a hipótese mais plausível.
A "despolitização", ou seja, o conteúdo dispersivo e atrasado, se tempera pelo ódio e todo tipo de discriminação. Mais uma vez, camisetas e cartazes alusivos ao ex-presidente Lula salientaram sua condição de operário e a ausência de um dos dedos da mão.
À semelhança das manifestações de junho de 2013, quando o "partido midiático" resolveu impulsionar o movimento, novamente parece haver um erro na dosagem. Ali se reproduziam à exaustão cenas de violência com o intuito claro de passar à população a impressão de desgoverno, resultando em efeito colateral negativo: aos poucos as manifestações minguaram pelo medo da violência que tomou conta da maioria.
A campanha de desmoralização da política agora também parece ter o mesmo efeito bumerangue. Partidos de oposição não conseguem controlar e direcionar as manifestações de protesto como desejam.
Disso resulta às oposições um dilema: continuam incentivando os protestos de rua, sobre os quais aparentemente não têm controle, com o risco destes se voltarem também contra eles ou priorizam a frente parlamentar, onde ainda mantêm maioria fundada na representação empresarial ultra-conservadora e em dissidências (de motivações fisiológicas) da base aliada?
De outra parte, o governo começa a reagir na esfera política, escalando novos interlocutores - como o vice-presidente Temer - e abrindo negociações com o Congresso em torno do ajuste fiscal e outras matérias igualmente relevantes.
Fatores - aqueles e estes - que certamente contribuirão para o enfraquecimento gradativo das manifestações de rua anti-governistas. É a hipótese mais plausível.
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